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Há já vários anos que o autor tem feito os mais diversos planos para se deslocar a Cuatro Vientos com o propósito de assistir ao desfile aéreo mensal da Fundación Infante de Orleans (FIO), mas por esta ou aquela razão, foi sempre ficando para as calendas gregas.
Aconteceu, finalmente, a deslocação a Madrid, no primeiro domingo de Outubro de 2024, um pequeno mas aguerrido grupo de entusiastas de aviação, fizeram-se à estrada e puderam então assistir uma das últimas exibições de voo da FIO do ano. E ainda que a exibição não contemplasse todos os aparelhos da colecção foi, à falta de melhor adjectivo, e parafraseando um súbdito de El Rey de España: en dos palabras, IMPRESSIONANTE!
Dia de casa cheia, com mais de 2500 bilhetes vendidos, o que nem sempre acontece, os primeiros domingos do mês na FIO são mais do que um espectáculo de aviões, são também um dia bem passado pela afición e pelas famílias, muitos são que vão de manta e marmita piqueniqueira, prolongando a sua permanência no recinto para lá do final do evento, na esperança do aliviar do parque de estacionamento. A miudagem, durante todo o evento, diverte-se lançando para o ar os sonhos alados feitos em esferovite ou os paraquedistas de plástico. É vê-los a correr de um lado para o outro… felizes!
A aviação é tão somente isto: felicidade!
Fica aqui um relato que o autor pretende mais de imagens do que palavras.
Fundación Infante de OrleansDefinindo-se como um museu de aviões históricos em voo, as suas origens remontam a 1984, quando foi criada no Aeroclub José Luis Aresti, uma secção de aviões históricos, que em 1989 se constituiu como fundação, por forma a congregar a mais ampla colecção de aviões que ao longo da história da aviação espanhola tenham nela desempenhado um papel significativo. Com uma colecção que actualmente excede os 40 aviões de mais de trinta tipos diferentes, são um conjunto muito representativo de diferentes fases da história aeronáutica espanhola e, mais raro que isso, todas em condições de voo.
Escolhido como patrono denominador da Fundação pelas suas qualidades pessoais, e pela a sua condição de pioneiro da aviação espanhola, piloto militar, reconhecido pelo seu profissionalismo, não faltam adjectivos e apontamentos da história deste membro da família real espanhola dignos de admiração. Foi e continua a ser um exemplo a seguir e constitui por essas razões uma figura emblemática para todos os pilotos, nomeadamente a FIO pela honra de carregar o seu nome.
SAR D. Afonso, María, Francisco, António y Diego de Orleáns y Borbón, nasceu em Madrid a 12 de Novembro de 1886, filho da Infanta D.Eulalia de Borbón y de D. Antonio de Orleáns, a sua ascendência fazem parte diversos reis e rainhas de Espanha.
A sua história como aeronauta está ligada aos primeiros passos da aviação, tendo recebido o seu brevet (o nº2 da FAI) nos idos de 23 de Outubro de 1910, na Escola Voisin, à altura localizada em Mourmelon (Reims), fazendo a sua aprendizagem num Antoinette.
Desde então e, abreviando
uma longa e interessantíssima história, esteve sempre ligado à aviação militar. Participou nas campanhas em Marrocos, onde teve lugar o seu baptismo de fogo, nas campanhas de guerra do Riffe e em Yebala. Em Cuatro Vientos na escola de aviação militar foi aluno e mais tarde piloto instrutor, à época foi pioneiro da técnica de bombardeamento aéreo, cursou técnica de navegação aérea em altitude na Suiça, cursou em Inglaterra técnicas de caça e também de instructor, contribuindo sempre com os conhecimentos e experiência adquiridos, no estrangeiro e também no campo de batalha, para o desenvolvimento da aviação militar espanhola.
Colecção
A coleccão de mais de 40 aviões da FIO não é só uma colecção de aviões antigos, todos eles com histórias individuais interessantes, é sobretudo uma colecção de raridades, sendo que para o autor o que as tornam ainda mais raras é o facto de estarem em estado de voo.
Do mais antigo De Havilland DH-30 Gipsy Moth (1926), passando por algumas jóias com o Policarpov Po-2, Compter Swift, Focke Wulf 44, o Polikarpov I-16 Mosca, British Eagle 2, vários Bücker Jungmann, Miles Falcon, Beechcraft 18, North American T-6, Stinson L-5 Sentinel, DHC1 Chipmunk, Beechcraft T-34A Mentor, AISA I-115, Dornier Do27, e tantos outros como um impecável Super Saeta, que muitos de nós tivemos a oportunidade de ver voar em Bragança em 2023.
De malas aviadas…
Sopram ventos de mudança em Cuatro Vientos, já que foi anunciada, pouco tempo depois da nossa visita, a muito desejada mudança de instalações,
para um espaço novo, desenhado de propósito para o efeito de albergar a FIO. Esta dentro de poucos anos para Getafe, um projecto que irá permitir num futuro próximo (2026?), mostrar a colecção em permanência, e receber a
afición num espaço mais amplo, para ver voar estes Pássaros da História, não só de Espanha como do Mundo.
Lá terei eu de voltar a Madrid…
Tomaram nota? Todos os primeiros domingos de cada mês.
Um dia farrusco, com muito vento a puxar chuva, condicionou
a exibição a oito dos previstos dezanove aparelhos no ar.
Piper J-3C-65 Cub (s/n12965)
Stinson L-5E Sentinel (s/n 76-3822)
Miles Falcon Six M3.C (s/n 231)
Polikarpov Po-2 (s/n80518, exF-AZPN)
Bücker 133 Jungmeister (s/n1023)
Dornier Do27B-1 (s/n129)
British Aircraft Manufacturing Eagle 2 (s/n 138)
Fantástico lineup com o Beech18, o T-6 e o T-34 Mentor
British Aircraft Manufacturing Eagle 2 (s/n 138)
A primeira exibição aérea do dia esteve a cargo da parelha
Dornier Do27B-1 - Slingsby T45 Swallow..
NA T-6G (s/n 197-200)
Beechcraft T-34A Mentor (s/n X-100)
Beech 18 (s/nAF-752)
Bücker 133 Jungmeister (s/n1023)
CASA 1.131E Jungmann
Boeing A75N1 Stearman (s/n75-8089, exArgentina, exUSAAF)
Consolidated Fleet Model 2 (s/n324)
Criada muita expectativa para quela que seria a primeira exibição da primeira "wingwalker” condições de tempo não serem as mais faforáveis.
E cá está, a aviação é tão somente isto: felicidade!
Os últimos resistentes ainda de volta do repasto.
Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de Aviação
Nota: Por opção própria, o autor não escreve sob o atual acordo ortográfico.