“O Mirage III foi desenhado com vista a ser vendido às forças aéreas que, não dispondo de abundantes meios económicos, estavam desejosas de apresentar uma imagem de modernidade”.
Era mais ou menos assim que começava o fascículo da mítica (quiçá já lendária) enciclopédia de aviação militar “Aviões de Guerra”.
E a verdade é que desse ponto de vista a Dassault acertou em cheio na mouche e os Mirage III venderam-se como pasteis de nata acabados de sair do forno.
No entanto, as linhas modernas do aparelho, não faziam contudo mais do que esconder uma aeronave medíocre em muitos aspectos.
Mas como muitas vezes a necessidade aguça o engenho, depois da Guerra dos seis dias, e do embargo decretado pela França à venda de material militar a Israel, este país viu-se obrigado a encontrar alternativas para um avião que apesar de vitorioso, tinha incontestáveis pontos fracos.
E foi assim que nasceu o Kfir, cujas semelhanças com o Mirage III não foram apenas mera coincidência. Os pontos fracos do avião francês foram corrigidos no seu irmão bastardo (nomeadamente com um novo motor, aviónicos modernizados e correcção aerodinâmica) sendo o resultado um caça-bombardeiro que continuaria a garantir vitórias às Forças Israelitas por quase duas décadas mais. As características conseguidas com esta aeronave refinada, despertaram até o interesse dos EUA, que a usaram nalguns dos seus “Aggressor Squadron” na década de 80.
Em finais dessa mesma década chegou até a falar-se na aquisição de Kfirs por parte de Portugal, numa altura em que os A-7P estavam já rodeados de polémica e se falava em possíveis substitutos.
Segundo constou na altura, pressões anti-semitas inviabilizaram o negócio, embora tudo não tenha passado de rumores, tanto a aquisição como as razões para a sua não concretização e ficando apenas como mais uma história, da qual poucas pessoas saberão realmente a verdade.
2 Comentários:
É curioso que, não obstante as capacidades reais do Mirage III, os israelitas conseguiram uma série prodigiosa de vitórias, não só com os Mirages, mas também com as suas cópias, os Nesher e os referidos Kfir.
Na África do Sul talvez se tenha verificado algumas das uas desvantagens, uma vez que se revelaram, efectivamente, incapazes de competir com os MiGs cubanos, e foi o mesmo caso com os F-1s.
Creio que o caso israelita é um daqueles em que se pode inferiri que o homem dentro da máquina fará sempre uma diferença importante.
Apenas uma opinião ;)
Abraço.
Não me parece que o mirage III fosse assim tão mediocre.
israel modernizou o Mirage 5 porque os seus inimigos receberam MIG-23 e 25 e a frança boicotou a venda de armas a israel, incluindo motores de reposição para os mirage. Israel teve que adoptar motores americanos, mais potentes mas mais pesados o que obrigou a alterações aerodinamicas.
Alem disso a IAF queria um caça multirole e o Mirage III era um interceptor puro.
Basta olhar para o nariz do kfir para perceber que um dos objectivos é melhorar a visibilidade para o solo com vista a uma utilização como avião de ataque. O caso repete-se na africa do sul, o embargo internacional obrigou à modernização domestica dos mirage III. os cheetha contudo não entraram na guerra e sabemos hoje que os relatorios cubanos foram muito exagerados. há provas documentadas de mig-23 abatidos cujos numeros de cauda eram reutilizados em aparelhos de substituição para ocultar as perdas.
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