quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

FIAT G-91 - Uma história sem fim (Actualizado)

3 G-91 em voo sobre o Alentejo

Panóplia

Hoje, regresso marcado ao Fiat G-91, completando a série de imagens do número da Air Action dedicado à sua despedida, já iniciada aqui.
Reportando-me à mina infância, quando o convívio com o nome dos aviões tinha alguns contornos Kafkianos, recordo uma interrogação/suspeita que durante alguns anos me acompanhou, até descobrir por meios próprios a veracidade dos factos.
Ora, quando me falavam do "Fiat", para além desta história já aqui contada, achava bastante estranho que "Fiat" fosse nome para um avião. O que eu conhecia da "Fiat"eram os seus carros, talvez com o mítico 127 à cabeça, nunca um avião, ou até comboios, como é o caso do "nosso" Pendular, construído pela "Fiat-Ferroviária" e de um dos seus antecessores, o igualmente histórico "Comboio-Foguete"...
Portanto, o "Fiat", por mil e uma razões, é uma espécie de "case study" da aviação militar em Portugal sobre o qual paira a sensação de que nunca se dirá/escreverá tudo...


Fiat "Tigre" 5454


"Pessoal Navegante" da 301, na altura da retirada do Fiat G-91 do activo

Adenda: Relativamente a esta última foto do "pessoal navegante" da 301 e com especial agradecimento ao Cmte Carlos Schmidt, via MajGen Pilav Vilarinho Alves e Capitães Pedro Cerveira Pinto e José Costa e Maj Pilav João "Jack" Raimundo, aqui vão os nomes, sempre da esquerda para a direita:
1ª fila:
Teixeira, Mimoso, Faustino, Sameiro, Poejo, Lopes da Silva, Barbas Fernandes, Ramalho e Gaspar.
2ª fila:
Rodrigues, Fernandes, Correia, Durão, Marinho Pereira, Machado e Bentes
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Fotos: Air Action Julho-Agosto 1993 - Amável Vicente

domingo, 25 de janeiro de 2009

SU-15 FLAGON (Actualizado)



Este aparelho de origem Russa (Ex-União Soviética) é mais um dos ícones da guerra fria, historicamente ligado"ao lado de lá".
É um dos aviões mais representativos do que de mais "obscuro" (no sentido de pouco conhecido/exposto) havia na aviação militar de leste, uma avião que não era comparável a nenhum ocidental, sobretudo pelo seu desenho algo, digamos "atarracado". Contudo, a imagem que dele chegava ao ocidente era a de um temível interceptor...



De facto, durante alguns anos, da década de 70 até meados da de 80, sensivelmente, estes aparelhos, juntamente com os Mig-25 (já aqui abordados) foram os guardas dos céus soviéticos, incorporados nas famosas e temíveis (PVO - Forças de Defesa Aérea Soviéticas).
Ora o conceito de muitos destes caças soviéticos era simples. Uma fuselagem, sem grande primores e aparatos de design; motores potentes, trens de aterragem resistentes, asas e lemes para sustentação, no caso do Flagon, um potente radar; algum espaço para o armamento e, talvez por fim, espaço para o(s) piloto(s).
Basta olhar para o desenho do Su-15 Flagon para perceber esta "teoria".



De resto, ela consubstancia-se em muitos aparelhos da aviação de caça de leste, sendo que nalguns casos, o espaço para o piloto assumia requintes de "pesadelo ergonómico", fosse pela sua exiguidade, fosse pela organização dos instrumentos na "cabine de pilotagem", digamos assim.
Resumindo, o SU-15 tornou-se famoso por ter permanecido alguns anos na "penumbra" do conhecimento. Algumas fotos dele, de que aqui em baixo dou exemplo, eram verdadeiramente furtivas e retratam de modo cristalino como se sabiam/conheciam as "coisas" do lado de lá da cortina de ferro.


Sem dúvida que o próprio princípio/conceito da guerra fria se dava, de modo tremendo, a estas mistificações que alimentaram tantas conversas de especialistas em aviação militar e em jogos geo-estratégicos, muitos deles alicerçados em conceitos puros de propaganda, como eram de resto exímios os países do ex-Pacto de Varsóvia, devidamente "tutelados" pela superpotência que era a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS!
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Adenda: Lembra o Paulo "Wildething" Mata e bem que o SU-15 foi o avião que protagonizou um dos mais tensos episódios da Guerra Fria, quando em 1983 uma parelha destes interceptores abateu um Boeing 747 das Korean Airlines que inadvertidamente invadiu o espaço aéreo soviético.
Alegadamente, a Uniao Soviética já estava "escaldada" com os EC-135 que amiude invadiam espaço aéreo soviético em missões de guerra electrónica e reconhecimento estratégico.
O Boeing 747 foi tido como aeronave hostil e abatido.
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

BALANÇO 2008 DA FORÇA AÉREA PORTUGUESA

FORÇA AÉREA VOA 21.570 HORAS EM 2008


"Durante o ano de 2008, a Força Aérea Portuguesa efectuou cerca de 21.570 horas de voo, no cumprimento das várias missões que lhe estão atribuídas.

Destas, destacam-se as 591 horas efectuadas no transporte de 325 doentes e sinistrados, bem como 47 horas de voo no transporte de órgãos humanos para transplantes hospitalares. No âmbito, ainda, das missões de interesse público, as aeronaves da Força Aérea voaram 325 horas em operações de busca e salvamento e 18 horas em operações de controlo de poluição no mar, nas Zonas económicas Exclusivas do Continente, dos Açores e da Madeira.

No estrangeiro, e em missões de cariz humanitário de apoio à União Eurpeia e à Aliança Atlântica, foram voadas 515 horas, sendo 305 horas no Chade e 210 horas no Afeganistão. Nestas duas missões de segurança cooperativa internacional, foram transportados 1220 passageiros e 582 toneladas de carga, no Chade, e 3000 passageiros e 280 toneladas de carga, no Afeganistão, em benefício das populações locais e de diversas organizações internacionais no terreno.

A totalidade da actividade aérea de 2008, nas várias frotas de aeronaves da Força Aérea, resultou em cerca de 11 milhões de quilómetros voados, o que equivale a 14 viagens (ida e volta) à Lua, ou 275 voltas ao Mundo."

Fonte: Press Release da FAP nº07/09

domingo, 18 de janeiro de 2009

SEMPRE O FIAT G-91











Deixo-vos algumas imagens que recuperei de uma revista mítica no domínio da aviação militar, infelizmente já desaparecida.
Tratava-se da "Air Action", que no seu número de Julho-Agosto de 1993, fez uma notável reportagem (escrita e fotográfica) intitulada "Adeus Gina", justamente sobre o decano dos Fiat G-91 na FAP, pela mão de Jean-Michel Guhl e também com magníficas fotos do mui conhecido e grande fotógrafo de aviação, Amável Vicente.
O G-91 foi um avião muito importante na história da Força Aérea Portuguesa e na aviação militar em Portugal, já por diversas vezes abordado aqui no Pássaro de Ferro! A sua participação no conflito ultramarino foi importante e deixou uma marca indelével no imaginário e na memória de muitos militares e civis.



Dedicado ao meu amigo Charlie "G-91" Golf

sábado, 10 de janeiro de 2009

Canberra, o bombardeiro dos pobres

O Canberra sempre foi um avião flexível. Nos anos 50 e 60 foi um sucesso com vendas para vários países e um bom serviço na RAF e mesmo na USAF (B-57). Mas sempre pensei nele como uma espécie de bombardeiro dos pobres, porque nenhum país remediado ou pobre (estou-me lembrar de alguns sul-americanos ou do Paquistão) arranjariam um bombardeiro melhor que o Canberra a um preço acessível. Capaz de levar armas internamente e nas asas e com um bom raio de alcance, o Canberra foi um óptimo bombardeiro para a época.


Teria sido uma boa opção para Portugal nos anos 50, pois teria dado jeito em África. Basta pensar no caso sul-africano e rodesiano, onde o Canberra mostrou o que valia nas estepes africanas. Para nós teria sido uma boa escolha e muito melhor que o Fiat para o tipo de operações que desenvolvemos em África. Mas o Canberra nunca passou por cá.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A-7E

Um A-7E Corsair II da Marinha norte-americana. Impressionante a carga de armas que este avião podia transportar. Teve o seu tempo, mas há quem goste de o ver em miniatura como eu. Assim pequenino parece que não faz mal a uma mosca, mas foi sempre uma máquina de morte de grande precisão.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ainda o B-52

Sem sombra de dúvida que os tempos áureos do B-52 já vão longe, mas é admirável que um bombardeiro estratégico tão antigo tenha revelado um grau de sobrevivência temporal tão elevado e que ainda hoje cruze os céus. Porque estamos a falar de um aparelho com 50 anos de vida, que num avião é uma eternidade. É claro que os B-52s de agora já não são nada do que eram em 1959, quando os primeiros foram entregues ao SAC americano. Mas é espantoso que um avião tão pesado e lento concebido para bombardeamento nuclear tenha sobrevivido a toda a guerra fria e ao que veio depois disso. Mas a imagem mais marcante que guardo deles é da “Guerra dos Onze Dias” sobre Hanói e Haifong, em que fizeram 700 incursões com um número de perdas considerável (15 B-52s abatidos). Mas conseguiram pressionar os norte-vietnamitas a negociar em Paris com Kissinger e a chegar a um acordo sobre a Guerra do Vietname. Foram voos impressionantes que chegavam a demorar 18 horas. Tudo já passou. Tudo é já memória e já ninguém se lembra dos B-52s sobre Hanói.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Histórias do P-3

Não sabia que os primeiros P-3B Orion que Portugal recebeu (P-3P) em 1989 tinham estado muito perto de serem comprados pela Argentina em 1982. Os P-3B tinham sido vendidos à Lockheed pela Austrália, quando este país comprou o P-3C. Desde 1977, que a Argentina tentava comprar aviões P-3, mas sem sucesso. Até que em 1982 esteve muito perto de comprar os aviões australianos à Lockheed.

O contrato estava para ser assinado no dia 4 de Abril, mas dois dias antes, os argentinos tomaram conta das Falkand e o negócio foi cancelado. Os aviões ficaram assim na Lockheed e mais tarde foram vendidos a Portugal.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

B-52 Stratrofortress



O B-52 foi sempre para mim o rosto da Guerra-fria. Ainda agora e passados todos estes anos o vejo incontornavelmente em todas as imagens que gravei na minha mente anos a fio durante a minha infância.

Recordo-me perfeitamente, de ainda nos meus tenros anos, mas percebendo já alguma coisa do mundo, assistir aos noticiários, que muitas vezes iniciavam com notícias como “Pacto de Varsóvia anuncia ter mísseis nucleares apontados à península Ibérica” e onde mais cedo ou mais tarde aparecia um B-52 como símbolo do bombardeiro nuclear ocidental. Mais tarde quando me deitava, tinha pesadelos com mísseis a sobrevoar a minha casa e cogumelos nucleares a desenharem-se no céu e sentir o bafo quente da onda de choque antes de acordar em sobressalto.
Contavam-se as armas e as quantidades de ogivas de um lado e de outro da Cortina de Ferro.
À hora de almoço chegou a dar uma serie intitulada “Terceira Guerra Mundial”. Filmes como “The day after” ou “A Teia” que retratavam os horrores de uma guerra nuclear, foram considerados impróprios para pessoas mais sensíveis.
Sabendo como era um miúdo atento e pensativo, o meu pai nunca me deixou ver nenhum desses filmes.
Felizmente tudo passou, e o regime soviético caiu de maduro. Os jovens de agora, já só sabem destes assuntos por filmes que viram ou o que lêem (os que lêem) nos livros de história. Até a minha namorada, que tem só uns anos a menos que eu, não se lembra da queda do Muro de Berlim.

Da música da época ficaram inúmeras marcas, testemunhos de quem viveu com a angústia de um holocausto nuclear. No tema dos Black Sabbath “Children of the grave” escrito em 1971, a banda fala da geração nascida sob o signo do nuclear:

Children of tomorrow live in the tears that fall today
Will the sun rise up tomorrow bringing peace in any way?
Must the world live in the shadow of atomic fear?
Can they win the fight for peace or will they disappear?

Como este tema muitos mais foram escritos: "The Russians", de Sting, "Land of confusion"dos Genesis ou "2 minutes to midnight" dos Iron Maiden, numa infindável lista de músicos preocupados com o risco que era viver com tamanha quantidade de ogivas no mundo.

Podemos dar-nos por privilegiados de ter vivido o fim da bipolaridade desse mundo, que apesar de não ser ainda um lugar seguro (se alguma vez o chegará a ser), deixou pelo menos de ter uma Espada de Dâmocles continuamente sobre a cabeça da humanidade.

O filme Terminator 3, creio mesmo ter perdido impacto junto do público por já não conseguir explorar a angústia que ainda existia dentro de cada um de nós quando foram exibidos os dois primeiros filmes da saga.
O espectro da guerra nuclear é hoje ínfimo quando comparado com o que foi e o B-52 em mais de 50 anos de carreira não chegou a lançar armas nucleares.
Os jovens de hoje, alguns talvez já nossos filhos, já só precisam de saber destes assuntos nas aulas de história.
Ainda bem.
Que 2009 seja um ano melhor para todos.

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