O B-52 foi sempre para mim o rosto da Guerra-fria. Ainda agora e passados todos estes anos o vejo incontornavelmente em todas as imagens que gravei na minha mente anos a fio durante a minha infância.
Recordo-me perfeitamente, de ainda nos meus tenros anos, mas percebendo já alguma coisa do mundo, assistir aos noticiários, que muitas vezes iniciavam com notícias como “Pacto de Varsóvia anuncia ter mísseis nucleares apontados à península Ibérica” e onde mais cedo ou mais tarde aparecia um B-52 como símbolo do bombardeiro nuclear ocidental. Mais tarde quando me deitava, tinha pesadelos com mísseis a sobrevoar a minha casa e cogumelos nucleares a desenharem-se no céu e sentir o bafo quente da onda de choque antes de acordar em sobressalto.
Contavam-se as armas e as quantidades de ogivas de um lado e de outro da Cortina de Ferro.
À hora de almoço chegou a dar uma serie intitulada “Terceira Guerra Mundial”. Filmes como “The day after” ou “A Teia” que retratavam os horrores de uma guerra nuclear, foram considerados impróprios para pessoas mais sensíveis.
Sabendo como era um miúdo atento e pensativo, o meu pai nunca me deixou ver nenhum desses filmes.
Felizmente tudo passou, e o regime soviético caiu de maduro. Os jovens de agora, já só sabem destes assuntos por filmes que viram ou o que lêem (os que lêem) nos livros de história. Até a minha namorada, que tem só uns anos a menos que eu, não se lembra da queda do Muro de Berlim.
Da música da época ficaram inúmeras marcas, testemunhos de quem viveu com a angústia de um holocausto nuclear. No tema dos Black Sabbath “Children of the grave” escrito em 1971, a banda fala da geração nascida sob o signo do nuclear:
Children of tomorrow live in the tears that fall today
Will the sun rise up tomorrow bringing peace in any way?
Must the world live in the shadow of atomic fear?
Can they win the fight for peace or will they disappear?
Como este tema muitos mais foram escritos: "The Russians", de Sting, "Land of confusion"dos Genesis ou "2 minutes to midnight" dos Iron Maiden, numa infindável lista de músicos preocupados com o risco que era viver com tamanha quantidade de ogivas no mundo.
Podemos dar-nos por privilegiados de ter vivido o fim da bipolaridade desse mundo, que apesar de não ser ainda um lugar seguro (se alguma vez o chegará a ser), deixou pelo menos de ter uma Espada de Dâmocles continuamente sobre a cabeça da humanidade.
O filme Terminator 3, creio mesmo ter perdido impacto junto do público por já não conseguir explorar a angústia que ainda existia dentro de cada um de nós quando foram exibidos os dois primeiros filmes da saga.
O espectro da guerra nuclear é hoje ínfimo quando comparado com o que foi e o B-52 em mais de 50 anos de carreira não chegou a lançar armas nucleares.
Os jovens de hoje, alguns talvez já nossos filhos, já só precisam de saber destes assuntos nas aulas de história.
Ainda bem.
Que 2009 seja um ano melhor para todos.
Recordo-me perfeitamente, de ainda nos meus tenros anos, mas percebendo já alguma coisa do mundo, assistir aos noticiários, que muitas vezes iniciavam com notícias como “Pacto de Varsóvia anuncia ter mísseis nucleares apontados à península Ibérica” e onde mais cedo ou mais tarde aparecia um B-52 como símbolo do bombardeiro nuclear ocidental. Mais tarde quando me deitava, tinha pesadelos com mísseis a sobrevoar a minha casa e cogumelos nucleares a desenharem-se no céu e sentir o bafo quente da onda de choque antes de acordar em sobressalto.
Contavam-se as armas e as quantidades de ogivas de um lado e de outro da Cortina de Ferro.
À hora de almoço chegou a dar uma serie intitulada “Terceira Guerra Mundial”. Filmes como “The day after” ou “A Teia” que retratavam os horrores de uma guerra nuclear, foram considerados impróprios para pessoas mais sensíveis.
Sabendo como era um miúdo atento e pensativo, o meu pai nunca me deixou ver nenhum desses filmes.
Felizmente tudo passou, e o regime soviético caiu de maduro. Os jovens de agora, já só sabem destes assuntos por filmes que viram ou o que lêem (os que lêem) nos livros de história. Até a minha namorada, que tem só uns anos a menos que eu, não se lembra da queda do Muro de Berlim.
Da música da época ficaram inúmeras marcas, testemunhos de quem viveu com a angústia de um holocausto nuclear. No tema dos Black Sabbath “Children of the grave” escrito em 1971, a banda fala da geração nascida sob o signo do nuclear:
Children of tomorrow live in the tears that fall today
Will the sun rise up tomorrow bringing peace in any way?
Must the world live in the shadow of atomic fear?
Can they win the fight for peace or will they disappear?
Como este tema muitos mais foram escritos: "The Russians", de Sting, "Land of confusion"dos Genesis ou "2 minutes to midnight" dos Iron Maiden, numa infindável lista de músicos preocupados com o risco que era viver com tamanha quantidade de ogivas no mundo.
Podemos dar-nos por privilegiados de ter vivido o fim da bipolaridade desse mundo, que apesar de não ser ainda um lugar seguro (se alguma vez o chegará a ser), deixou pelo menos de ter uma Espada de Dâmocles continuamente sobre a cabeça da humanidade.
O filme Terminator 3, creio mesmo ter perdido impacto junto do público por já não conseguir explorar a angústia que ainda existia dentro de cada um de nós quando foram exibidos os dois primeiros filmes da saga.
O espectro da guerra nuclear é hoje ínfimo quando comparado com o que foi e o B-52 em mais de 50 anos de carreira não chegou a lançar armas nucleares.
Os jovens de hoje, alguns talvez já nossos filhos, já só precisam de saber destes assuntos nas aulas de história.
Ainda bem.
Que 2009 seja um ano melhor para todos.
3 Comentários:
Muito bem!
Muitos dos teus medos e pesadelos foram os meus também. Aliás, algumas vezes eles foram esconjurados por nós!
Tudo o que descreves foi parte do nosso dia-a-dia...
Ninguém deveria esquecer. Afastar, talvez, para a bruma do passado, na esperança de que nunca se repita... Mas nunca esquecer, pois aqueles que esquecem o passado...
Parabéns pelo Blog.
Queria saber o que significa Stratofortress^!
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