Durante a última semana, por razões familiares, estive muito perto do AM1 - Maceda/Ovar.
Perto é algures numa casa com varanda privilegiadapara a floresta onde a base está devidamente "embrulhada", numa linha recta que me separa da pista pouco mais que um par de quilómetros.
A povoação de Maceda, hoje uma vila com 2 ou 3 mil habitantes, vive um pouco alheada da base.
Nalguns cruzamentos da localidade, podem ler-se as placas indicadoras de "Base Aérea da NATO", quase todas, e algumas arriscam um inexpressivo "AM1".
Nesses dias, tive a oportunidade de percorrer as imediações da base, nomeadamente a antiga ligação por via férrea que existia e que não consegui aquilatar se chegou alguma vez a operar de facto.
Mas tudo isto me reporta, mais uma vez, para o imaginário fértil da guerra fria.
Terei passado por aquela zona, a primeira vez, algures em finais da década de oitenta, de comboio, rumo ao Porto. Sabia que entre a estação de Ovar e o apeadeiro de Maceda, à esquerda da linha tomado o sentido do Porto, existia a Base Aérea, uma infraestrutura pertencente à NATO, oponente do Pacto de Varsóvia.
O AM1 será a base aérea portuguesa "mais europeia," quero com isto dizer, mais britânica, mais cinzenta e enevoada, como eram os dias da guerra fria. Sabia que nela não havia bombardeiros em permanência, ou caças em riste de ataque, mas que por ali manobravam e operavam aeronaves da NATO, sempre que fosse necessário, situação que num provável conflito se consubstanciaria fortemente.
Há dias vi, então, o ramal desactivado, onde pacatamente um rebanho de cabras pastava à sombra dos postes da catenária, olhando de soslaio os comboios a 160 km/h na Linha do Norte, mesmo ali ao lado.
A base, essa, durante os dias em que por lá estive, permaneceu mergulhada num silêncio de mortos, apenas uma vez "animada" pela escala de um Tornado que aterrou 4ª Feira às 12:47h e descolou nesse mesmo dia, por volta das 15:40h, com o estrondo habitual.
Hoje, passada a guerra fria, a base mantém o seu cunho de sempre. Aeródromo de Manobra nº 1, entrecortado nos seus silêncios habituais pelos F-16 da FAP, o Alouette III de alerta e aviões militares em escalas várias.
Perto é algures numa casa com varanda privilegiadapara a floresta onde a base está devidamente "embrulhada", numa linha recta que me separa da pista pouco mais que um par de quilómetros.
A povoação de Maceda, hoje uma vila com 2 ou 3 mil habitantes, vive um pouco alheada da base.
Nalguns cruzamentos da localidade, podem ler-se as placas indicadoras de "Base Aérea da NATO", quase todas, e algumas arriscam um inexpressivo "AM1".
Nesses dias, tive a oportunidade de percorrer as imediações da base, nomeadamente a antiga ligação por via férrea que existia e que não consegui aquilatar se chegou alguma vez a operar de facto.
Mas tudo isto me reporta, mais uma vez, para o imaginário fértil da guerra fria.
Terei passado por aquela zona, a primeira vez, algures em finais da década de oitenta, de comboio, rumo ao Porto. Sabia que entre a estação de Ovar e o apeadeiro de Maceda, à esquerda da linha tomado o sentido do Porto, existia a Base Aérea, uma infraestrutura pertencente à NATO, oponente do Pacto de Varsóvia.
O AM1 será a base aérea portuguesa "mais europeia," quero com isto dizer, mais britânica, mais cinzenta e enevoada, como eram os dias da guerra fria. Sabia que nela não havia bombardeiros em permanência, ou caças em riste de ataque, mas que por ali manobravam e operavam aeronaves da NATO, sempre que fosse necessário, situação que num provável conflito se consubstanciaria fortemente.
Há dias vi, então, o ramal desactivado, onde pacatamente um rebanho de cabras pastava à sombra dos postes da catenária, olhando de soslaio os comboios a 160 km/h na Linha do Norte, mesmo ali ao lado.
A base, essa, durante os dias em que por lá estive, permaneceu mergulhada num silêncio de mortos, apenas uma vez "animada" pela escala de um Tornado que aterrou 4ª Feira às 12:47h e descolou nesse mesmo dia, por volta das 15:40h, com o estrondo habitual.
Hoje, passada a guerra fria, a base mantém o seu cunho de sempre. Aeródromo de Manobra nº 1, entrecortado nos seus silêncios habituais pelos F-16 da FAP, o Alouette III de alerta e aviões militares em escalas várias.
2 Comentários:
Belo GR4!
Uma das coisas que realmente me intrigam neste blog é a relação com o imaginário da Guerra Fria. Compreendo, obviamente, e sei de histórias contadas em primeira mão daqueles tempos. Mas creio que é uma daquelas coisas que talvez a idade me impeça de abarcar realmente. Sou demasiado novo para me lembrar desses tempos. Quando o muro de Berlim caiu eu ainda estava a aprender a falar, pelo que sou mais um resultado dos anos 90 do que desses tempos cinzentos.
Num mundo que parece (e este parece é sublinhado, digamos)querer caminhar de regresso às nuvens de tempestade dos anos 60, eu sinto uma estranha sensação quando leio estes posts sobre esses tempos. Pergunto, por isso, e espero não ser levado a mal pela minha ignorância (:S):
Esses tempos realmente faziam sentir tal horror da devastação anunciada? Ou é a melancolia de uma era a dois pólos, quase alienígena no confuso e multi-polarizado mundo de hoje?
Saudações.
Caro S7alker!
Registo o seu comentário e remeto-o para um próximo texto meu sobre essa matéria, (a ser publicado brevemente)esperando que com ele, consiga perceber melhor o porquê das frequentes alusões à "guerra fria" que pontualmente ocorrem no Pássaro de Ferro.
Aliás, fazendo uma busca nos "notam" - "Guerra Fria", e lendo os posts que abordam este tema, perceberá muito do nosso imaginário...
Agradeço-lhe, de resto, a sua fidelidade a este espaço e os seus comentários, sempre de excelente qualidade e propriedade!
Cumprimentos e até breve!
A. Luís
(Comandante do PF)
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