quinta-feira, 30 de julho de 2009

O VISCONDE DE DRACOPOULOS


A-7E grego - 22/07/2009


F-86F português - 04/10/1990

Quando no dia 10 de Julho passado escrevi “true love never dies”, numa alusão ao alegado poder do Conde Drácula de fazer regressar à vida aqueles por ele tocados, estava ainda longe de conhecer a surpresa reservada pela organização dos festejos dos 50 anos da BA5.


Com efeito os A-7 voltaram a voar nos céus lusitanos. E mesmo se isso não foi visível no dia dos festejos marcados para 22, apenas o facto de os ver rolar em Monte Real 10 anos depois da declarada “morte” da frota nacional, fez-me perceber o brilho que vi nos olhos de algumas pessoas, quando em 1990 vi um F-86 rolar nessa mesma base, também 10 anos depois da sua retirada de serviço. Quem diz que não se pode sentir afecto por objectos ou máquinas, está redondamente enganado. Ou isso ou estamos muitos de nós, que nos afeiçoamos a um carro, um avião, uma peça de arte.


Poder voltar a ver um A-7 operacional foi um privilégio, mesmo se não foi pela mão (ou dentes) do Conde Drácula. Talvez um seu parente helénico, quiçá de seu nome “Visconde de Dracopoulos”. O barulho não era bem o mesmo (até porque o motor não é igual) mas a imponência do Corsair fez-se notar, como tantas vezes ao longo de quase duas décadas.


Há que ter esperança que alguma das células do A-7P tristemente abandonadas por alguns recantos da base, tenha sido contaminada pelos últimos sobreviventes dessa nobre família e volte a ter vida outra vez.


Às vezes é preciso pouco mais do que vontade.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

MONTE REAL - 26 DE JULHO DE 2009 (Actualizado)


Formação de 22 caças F-16 - Fotos: (c) BuAer 153188

Linha da Frente com 22 F-16

A história das instituições faz-se, também, com dias assim.
22 caças F-16 (14 MLU's e 8 OCU's) rigorosamente alinhados na Bravo 1 (denominação da placa junto à Torre de Controle), fazendo uma espécie de recuo no tempo, à altura em os F-86 eram donos e senhores da BA5.
O público presente, em elevado número e iluminado por um puro sol estival (o S. Pedro azedo de quarta-feira passada resolveu acalmar-se...) pôde testemunhar de perto este facto histórico. Nunca no historial da frota F-16 em Portugal se colocaram no ar 22 aparelhos em simultâneo.
Um a um, numa quase dança notável, os F-16 encaminharam-se paulatinos para o taxiway que os levaria ao topo da pista 01 para uma sucessão de 22 descolagens, fazendo troar nos céus de Monte Real toda a potência dos seus motores, fosse em full afterburner, fosse e full mil.

A caminho das descolagens

Antes disso, milhares de pessoas puderam ver bem de perto todo o ritual preparatório da missão, as verificações técnicas, a entrada dos pilotos nos aviões, o fecho da canopy e a colocação do motor em marcha.
O barulho era ensurdecedor e muita gente, de mãos nos ouvidos, teimava em não arredar pé das imediações da placa, de modo a não perder um segundo de tudo o que estava a acontecer.
O dia teve o seu quê de oportunidade única de participar in situ na escrita da história da BA5, que se escreve aliás, todos os dias, dada a importância vital que ela assume no quadro da soberania nacional!
Reunida a formação, a mesma efectuou duas passagens, de Sul para Norte, conjugando mestria (é difícil formar 22 aviões, ainda para mais com algum vento...), com uma beleza ímpar e, como já se disse, inédita nos céus de Portugal.

F-16AM s/n 15104

Depois, os aviões foram aterrando, sendo que alguns simularam ainda um ataque à base, enquanto outros passavam relativamente baixos, "puxando" depois para a final de aterragem, em manobras que sempre impressionam, sobretudo muitas pessoas que assistem a estes momentos tão raramente...
Para mim, foi o concretizar de um anseio de anos. Poder ver e perpetuar por imagens, uma Linha da Frente à antiga, algo que, para um aficionado como eu, era penoso nunca ter testemunhado, dados os constrangimentos (óbvios e compreensíveis) que a colocação usual das aeronaves em placas/weather Shelter's individuais provoca.

F-16AM s/n 15101

O dia completou-se com a mestria exibida e arrepiante do piloto (ex F16) António Ideias no seu Extra 300, como o voo do DO-27 e do Piper L-21B Cub, à mistura com exibições de Aeromodelismo e mais uma vez, com uma parelha de F-16 que efectuou algumas passagens a rasgar em full afterburner sobre a base.

F-16A s/n 15115 com a pintura dos 50 anos da BA5

Para os interessados, deixo as matrículas dos 22 aviões envolvidos:
OCU's: 15107(QRA), 15109, 15112, 15113(QRA), 15115(Pintura 50 anos), 15117, 15118, 15119
MLU´s: 15101, 15104, 15121, 15122, 15123(QRA), 15124, 15125, 15126, 15127(QRA), 15128, 15134, 15137, 15138(M5) e 15139.

Fotografias "em terra": (c) A. Luís

domingo, 26 de julho de 2009

A-7P SEMPRE - O 15533

Fez ontem, 25 de Julho de 2009, 14 anos que a FAP perdeu, em acidente, o A-7P 15533. A perda ocorreu na zona do Baleizão, perto de Beja, tendo o então Maj Pilav Craveiro , piloto da então Esquadra 302 - Falcões conseguido ejectar-se com sucesso. Coincidentemente ou não, este viria a ser o último acidente ocorrido com a frota A-7P, o único acidente "fatal" verificado já depois da aquisição do simulador para o SLUF, consumada em 1994. Aliás, analisado o historial de acidentes do frota A-7P, pode inferir-se, sem qualquer espécie de "prova" e resultado apenas de factos consumados e deduções com algum grau de "lógica", que depois da aquisição do simulador, o número de acidentes com o A-7P diminuiu, pese embora se deva integrar nesta equação a redução do número de aparelhos operacionais. Seja como for, a operação do simulador do A-7P terá, muito certamente, contribuído para um melhor treino dos pilotos, ajudando a superar/apurar o treino de situações problemáticas, factos que nunca ocorreram antes e que terão levado, como é lícito supor, a que alguns acidentes ocorridos devido a falha humana se possam ter dado por limitações no treino que, muitas vezes, o simulador pode proporcionar em termos técnicos e de procedimentos e onde o piloto pode, digamos assim, falhar. Voltando à história, este acidente está relatado na primeira pessoa, pela mão do próprio Maj Pilav Eurico Craveiro, no livro "Corsair II - Vought A-7P". Toda a história é bem elucidativa da complexidade de algumas fases da operação do Corsair II na FAP, já amplamente glosadas aqui no Pássaro de Ferro. Ora neste dia 25 de Julho de 1995, encontrava-me de férias no Baleal, perto de Peniche e a meio da tarde vi uma formação de quatro Jaguares ingleses quase sobre a linha de costa, a uns 4 ou 5 mil pés de altitude.
Para além da emoção de ver o Jaguar, um avião pelo qual sempre nutri enorme simpatia, achei estranho estarem a voar sozinhos, já que sabia que estava a decorrer um "Squadron Exchange" e que seria natural que os A-7P estivessem a voar missões simultâneas com os Jaguares britânicos.

Pouco depois, ouvi na rádio a notícia da queda do A-7P na zona de Beja, por "falha mecânica" mas que o piloto consegui "saltar de pára-quedas do avião" tendo-se, por isso, salvo... Eu sempre gostei da terminologia "simplista" deste tipo de notícias... A notícia deste acidente deixou-me obviamente triste, pese embora aliviado por não terem ocorrido danos pessoais. É que poucos dias antes, em Monte Real, durante o Festival Aéreo de 1995, o 15533 estava em exposição estática, conforme documentam as duas belas fotos do Paulo "Wildething" Mata.

O 15533 tinha o BuAer 151173, chegou à FAP em 26 de Março de 1985 com 2895.20 horas de voo e voou 1146.50 horas ao serviço da Força Aérea Portuguesa.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

MONTE REAL - 22 DE JULHO DE 2009


As comemorações dos 50 anos da Base Aérea nº5 de Monte Real tiveram ontem, muito provavelmente, o seu ponto alto, sobretudo no que diz respeito à sua vertente social e de ligação com o seu espaço exterior, de modo ainda particular com os Spotter's e entusiastas em geral. Era o Spotter's Day ansiado por dezenas de entusiastas de câmaras fotográficas em riste
Pelas 11h da manhã, uma vintena de caças F-16 - 18 portugueses (12 da Esquadra 301 e 6 da Esquadra 201) e 2 belgas, num exercício COMAO (Combined Air Operations) começaram a "rasgar" os céus e Monte Real como o rugido dos seus potentes motores, num claro desafio ao anunciado "mau humor" de S. Pedro, o anti-herói do Estio.
Os intrépidos caças partiram para o cumprimento de múltiplas missões e antes e depois disso, deram-se a mostrar às dezenas de Spotter's que se alinhavam, qual linha da frente de uma placa, bem como às centenas de entusiastas um pouco mais afastados de temperatura dos reactores.
Os Spotter's, de objectivas apontadas aos caças, desafiavam assim a superioridade dos aparelhos, disparando certeira e metodicamente milhares de fotos à ordem de dezenas por segundo.
Enquanto isto, dava-se o scramble da parelha QRA (Quick Reaction Alert) que, em 15 minutos, provou a sua prontidão, descolando na pista 01, com um forte vento de cauda vindo de Sudoeste, em sentido contrário às operações das restantes aeronaves que operavam na pista 19.
Ao mesmo tempo e quase sem tempo para respirar ou descansar os botões de disparo das máquinas, surgem no taxiway duas das principais vedetas do dia, nada mais nada menos que um A-7E e um TA-7C da Força Aérea Helénica.
Esta parelha SLUF ( Short Little Ugly Fellow) fez a Base de Monte Real recuar cerca de 20 anos, altura em que os A-7P Corsair II dominavam os seus espaços, sons e cheiros. Pena foi que os A-7 gregos não tenham podido voar, numa improvável conjugação de péssimas condições meteorológicas e insanáveis problemas técnicos numa das aeronaves.


Entretanto, enquanto os 20 aparelhos da COMAO regressavam, rapando a pista e posando para as objectivas, como se o céu, a pista e o taxiway fossem uma Passerelle gigante, um Boeing E-3 Sentry sobrevoou a base de Monte Real, mostrando o seu característico radar colocado sobre a fuselagem. Por cima dele, o céu começava a fechar-se, adensando o aludido "mau humor" de S. Pedro, que viria a culminar, mais tarde, no cancelamento de quase toda a actividade aérea prevista para depois da pausa do almoço.
Algumas das aeronaves da COMAO, estacionaram na zona da Torre de Controle para integrarem uma static display, a que se juntaram, enquanto tudo isto acontecia, dois aparelhos F-18 espanhóis que, juntamente com os A-7 gregos; os Alfa Jet dos Asas de Portugal; uma parelha de F-16MLU portugueses e a parelha belga, completaram o lote exposto. Esta exposição suscitou, muito evidentemente, o interesse a todos os visitantes e, uma vez mais, a atracção das objectivas "nervosas" dos Spotter's.


Como já se disse, devido ao descambar das condições atmosféricas, Rotores e Asas de Portugal, bem como outras operações aéreas equacionadas para a tarde, tiveram de ser anuladas devido às fortes chuvadas e ao vento forte que se abateram sobre o pinhal da Serra de Porto d'Urso.
Apenas o helicóptero Lynx da Marinha de Guerra Portuguesa enfrentou o azedume do tempo, arrancando uma exibição notável, reveladora da enorme versatilidade deste meio aéreo, ainda que condicionada pelas condições atmosféricas.
Ainda assim e já depois das 17 horas e numa nesga de trégua que a chuva permitiu, outro ponto alto do dia ocorreu. Aos comandos do F-16A s/n 15115, o Ten Cor PILAV Eugénio "Harpoon" Rocha, comandante da Esquadra 201 - Falcões, arrancou os aplausos da assistência quando, numa primeira fase, rolou junto dos espectadores resistentes e dos Spotter's e depois, descolou pujante para algumas manobras de superioridade aérea em que, em ambos os momentos, revelou o seu "peso histórico" através da sua pintura comemorativa dos 50 anos da BA5, com destaque óbvio para o desenho da silhueta de um F-86 sabre sobre o seu dorso.
Por duas ocasiões, o "Voo do Sabre" efectuou duas monumentais rapadas à pista da Base Aérea, em full afterburner, como que "fazendo a barba" ao cimento.
O dia integrou ainda uma exposição estática de aeronaves, que ficará patente e acessível ao público até ao próximo domingo, situada junto da Porta d'Armas, com óbvio destaque para todas as aeronaves que, ao longo do meio século da BA5, fizeram ecoar o som dos seus jactos pelos céus de Monte Real, F-86, T-33, Fiat G-91, T-38, A-7P e F-16 e culminadas num monumento a inaugurar em Outubro, onde um F-16 com a matrícula 15150 assinala os 50 anos da mais importante estrutura aérea militar nacional!


Num dia de emoções várias, entrecortadas pelos destemperos do tempo meteorológico ,restou o registo assumido da importância e do peso histórico da BA5, construído a granjeado ao longo de meio século, escrito e voado por várias gerações de aviões e respectivas tripulações e técnicos, vencendo as agruras e dificuldades do caminho (o céu não é liso e é tão vasto...), os sobressaltos políticos, os avanços da técnica, o início e o fim da operação dos seus meios aéreos, sublinhando com a bravura e a perspicácia do Falcão que lhe dá corpo, o mote "Alcança quem não cansa!"

Fotos: (c) A. Luís

terça-feira, 21 de julho de 2009

O EFEITO PUMA


Foto: (c) Paulo Santos - Airliners.net

O helicóptero Puma, de que restam 4 valorosos exemplares nas Lajes, sempre me impressionou.
Durante anos habituei-me a vê-los apenas pontualmente, fosse em eventos aeronáuticos, fosse em passagens esparsas sobre os céus de Coimbra, sobretudo em evacuações médicas para os Hospitais da Universidade.
Como o termo de comparação que tinha era apenas o Alouette III, que já aqui comparei a uma libelinha, o "efeito" Puma manifestava-se pelo negro da sua silhueta e, sobretudo, ao seu porte mais robusto e ao troar dos seus motores e rotores.
Achava-o e ainda acho um helicóptero muitíssimo elegante e bonito. Arriscaria em classificá-lo entre os 3 ou 4 mais belos helis jamais construidos.
Recordo, por entre alguns episódios, aquele em que um SA-330 Puma "varreu" a costa da Praia de Mira, onde me encontrava a banhos.
Se a minha memória não me deixar ficar mal, posso afirmar que ele voava na sua velocidade máxima e a cerca de 50 pés de altitude, pouco acima da rebentação do mar.
Não vos sei explicar o que senti na altura, mesmo que a minha idade rondasse os 17/18 anos e já não fosse propriamente uma criança.
Desde esse dia que a minha admiração pelo Puma voou mais alto, inversamente proporcional a tamanha rapada de glória.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

LOUD MUSIC & FAST MACHINES



Espero que os pilotos que participaram na exibição dos F-16 nacionais no festival aéreo do passado dia 5 de Julho, me perdoem a inconfidência que me preparo para cometer: a música que se ouvia no veículo que levava os nossos aviadores de elite até às suas máquinas supersónicas, era nem mais nem menos que o tema "Big Jack" dos AC/DC.

Num saudável ambiente de camaradagem, animado pelos generosos decibéis e pelo entusiasmo de participar nas festividades do ramo das Forças Armadas que servem, os oito pilotos escalonados para esse dia, foram ocupando os seus lugares em cada uma dessas aeronaves fantásticas que são os F-16, que fielmente os aguardavam espalhados pelas placas de dispersão da BA5, ao som da famosa banda australiana.


Lembro-me de ter visto um documentário sobre aviação, em que a experiência de voar um F-16 foi então comparada à de voar num poste de alta tensão.

Parece por isso óbvio que nada mais apropriado do que AC/DC na partida para corroborar essa metáfora.


terça-feira, 14 de julho de 2009

A EVOLUÇÃO

C-295 Persuader - BA6, Esquadra 502 - Foto: (c) A. Luís


A plataforma C-295 Persuader, recentemente introduzida na Força Aérea Portuguesa, demonstra que é possível rentabilizar ao máximo um meio aéreo.
Cada vez mais os aviões são concebidos de forma a responder a variadas missões, desconstruindo uma espécie de mito que vigorou em outros tempos, alimentado pela ideia de que deveria haver um determinado tipo de avião para determinada missão, necessário que era dar resposta às construtoras e respectivo apetite criador e vendedor, que havia.
O panorama económico e até de relação de forças e posicionamento estratégico actual impõe, de certa forma, esta nova perspectiva relativamente à produção de novos meios aéreos, sobretudo na área militar, para onde se olha, quer se aceite ou não, sempre com uma desconfiança de comadres, face às verbas que aí se aplicam. Tudo isto faz sentido tendo em conta o factor material, humano e, até certo ponto, ambiental.
O C-295 e outros aparelhos da sua geração respondem de forma cabal a essa nova concepção, aliando o "espírito" de um avião militar, pronto a ser usado com arma (possua ou não armamento real) e também como plataforma de apoio à sociedade e às suas necessidades, consubstanciando, uma e outra apetência, no espirito e na letra das missões que estão confiadas, neste caso, à Esquadra 502!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O ÚLTIMO CORSÁRIO

















A 10 de Julho de 1999, data sobre a qual decorrem hoje precisamente 10 anos, os então Maj Elvas e Ten Araújo, no 15521 (com pintura comemorativa) e 15531, respectivamente, escreveram o capítulo derradeiro na história do A-7 Corsair II em terras lusas.
Arrancando uma última e fulgurosa exibição no 15521, (o 31 apenas rolou no taxiway) como tantas vezes o fez na primeira metade da década de 90, então acompanhado pelo Cap Estevez entre outros, o Maj Elvas, comandante interino da Esq 304 ao dia da efeméride, pôs um ponto final numa frota que de (teoricamente) 50 aviões, chegou a Julho de 1999 com meia dúzia de resistentes, dos quais menos ainda em condições de voar, conforme facilmente se compreende.
Segundo comentado na altura, até o 21 ficou sem computador de bordo poucos segundos depois de levantar nesse último voo, tendo sido a exibição feita quase na sua totalidade, só a máquina e o homem.
Estórias como essas muitas haveria para contar, de um avião que além de marcar incontestavelmente uma época, marcou certamente a vida de muitas pessoas. Eu incluído.
Quem sabe não se consegue gerar um movimento de fundo para revitalizar uma célula de A-7P, nem que seja só pelo prazer de ouvir de vez em quando o ruído característico do P&W TF-30, e ver a inconfundível silhueta do SLUF a rolar em Monte Real novamente.
Como diria o Conde Drácula no seu característico sotaque romeno “trrue love neverr dies!”

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O A-7P NUM BREVE SEMPRE

O A-7P 5503 fotografado em Monte Real no ano de 1986 - Crédito da imagem

Desde a sua criação que o Pássaro de Ferro é um espaço de paixões e emoções, consubstanciadas em imagens e também em palavras. O texto de hoje confirma essa regra.
Estamos no limiar dos 10 anos passados sobre o silêncio definitivo do A-7P.
Vivi os 18 anos do Corsair II na FAP. Era quase como ser adepto de um clube de futebol. Vibrava (vibrava não é a palavra adequada, é insuficientemente caracterizadora...) com a sua simples passagem, deliciava-me quando tão fugaz quanto raramente lhe podia tocar.
Tudo num breve sempre!
Uma fotografia era um tesouro, uma notícia (boa ou má) era lida até ser sabida letra a letra.
No passado sábado, em Sintra, toquei o 15503. O abandono do velho SLUF é notório. Os seus serviços e a sua glória passada diluem-se nas cores gastas pelos tempos, o dos relógios e o atmosférico.

A-7P (1)5503 fotografado em Sintra - 4 de Julho de 2009 - Foto: (c) A. Luís

Ao seu redor, um silêncio de mortos, uma agonia de cruzes.
Sendo apenas uma máquina, ainda que cheia de símbolos e memórias, 10 anos de ausência marcam-lhe as formas, deixam-no e deixam-me triste.
Com todo o respeito pelos outros aviões e sou particularmente insuspeito para o escrever, para mim o A-7P é O avião, mesmo 10 anos depois de se ausentar do céu.
~
Nota: A não perder, 6ª feira dia 10 de Julho, aqui no Pássaro de Ferro, a edição de fotos inéditas do A-7P, pelas objectiva sempre competente do Paulo "Wildething" Mata

domingo, 5 de julho de 2009

LARGOS DIAS TÊM CEM ANOS



Encerraram-se hoje as festividades do 57º aniversário da Força Aérea Portuguesa.
Celebra-se também este ano o centenário do primeiro voo a motor realizado em Portugal, que aconteceu escassos 6 anos apenas depois dos irmãos Wright o terem conseguido pela primeira vez nos EUA e aberto o caminho para a aviação como a conhecemos hoje em dia.
Numa aeronave de aspecto frágil, como qualquer uma da época (a leveza dos aviões era condição essencial para o voo ser possível, dada a baixa potência dos motores disponíveis na época), Portugal entrava no clube dos países onde já se conseguia vencer a lei da gravidade imposta pelos deuses ao ser humano.

Desde então passaram cem anos. Que em termos de tecnologia serão cem anos-luz, de distância percorrida em termos de evolução, no sentido de aperfeiçoar o modo de aproveitar as leis da aerodinâmica, as responsáveis pela vitória sobre a tal lei da gravidade. Basta lembrar que, 13 anos depois desse primeiro voo, já Gago Coutinho e Sacadura Cabral atravessavam o Atlântico Sul no famoso Fairey que durante muitos anos ilustrou as notas de 20 escudos, uma moeda que nasceu e morreu durante este mesmo século agora encerrado. Um século em que Portugal passaria de Monarquia a República, entrou em guerras, viu revoluções.
E viu também chegar aeronaves que passariam a barreira do som.

Numa iniciativa de saudar, pelo privilégio que foi poder recuar no tempo e ter uma visão aproximada do que foi há cem anos atrás, a Força Aérea trouxe de França um Bleriot XI, semelhante ao que protagonizou em 1909 o primeiro voo motorizado em Portugal. Talvez ou garantidamente não com o mesmo espanto, com a mesma expectativa de então, o Bleriot XI lá se elevou outra vez nos céus nacionais.
Da primeira vez no Lumiar, agora na Granja do Marquês onde se situa a Base Aérea nº1, local escolhido em 1920 para a Escola Militar de Aviação, voou agora sob o olhar atento da Serra de Sintra, madrinha de tantos aviadores em Portugal, desde então.
Por essa razão e por ver em retrospectiva o caminho percorrido, apetece dizer à semelhança do título de um conhecido livro, de um conhecido autor, “largos dias têm cem anos”.

Que me perdoem hoje os leitores do Pássaro de Ferro que gostam mais de ver fotos (e de entre estes especialmente os que preferem as aeronaves modernas), mas hoje o texto é um pouco mais longo, como longos foram cem anos. E na foto, única também, não está nenhum jacto moderno. Estão dois ícones da história da aviação em Portugal: Sintra e o Bleriot XI

Parabéns à Força Aérea pelos 57 anos e parabéns aos aviadores que “escreveram” esse outro livro sobre cem anos, o dos cem anos da aviação em Portugal.

Nota: Para evitar comentários e/ou equívocos futebolísticos, não, não sou adepto do F.C P.


quinta-feira, 2 de julho de 2009

A CIDADE FALCÃO

Brasão da Base Aérea nº5 - Monte Real

Pinhel, uma pequena cidade da Beira Alta, na qual ainda tenho algumas raízes familiares é, soube-o há relativamente pouco tempo, a "Cidade Falcão"!

Brasão da Cidade de Pinhel - A "Cidade Falcão"

Segundo a Wikipédia, "Pinhel é uma cidade portuguesa, pertencente ao Distrito da Guarda, região Centro e subregião da Beira Interior Norte, com aproximadamente 2.578 habitantes.[2] Também conhecida por Cidade Falcão, é sede de um município com 484,5 km² de área e 10 399 habitantes." E o falcão lá está, altaneiro, no seu secular Brasão.
Ora, rivalizando com esta pequena urbe, temos algures mergulhada na Serra de Porto de Urso - Monte Real, a "outra Cidade Falcão", aquela que se prepara para completar 50 anos de história, amplamente dedicados ao domínio dos céus de Portugal, sob o signo e a notoriedade das asas do Falcão.

Falcões na "Cidade Falcão - Monte Real"

Uma e outra ostentam com orgulho o símbolo alado de uma ave cuja sagacidade e rapidez a fazem, porventura, uma das aves entre todas as aves.

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