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Já várias vezes aqui escrevi que não sou Spotter. A minha máquina (que cabe confortavelmente numa mão) faz corar de vergonha Noviças num convento, os meus dotes de fotógrafo digamos que cumprem os requisitos mínimos e a minha vida não permite/permitiu longas sabatinas à cabeceira das pistas a tratar do ofício. Mas já tive o prazer de estar junto a spotters, nomeadamente junto ao Álvaro "Spotter 13" Gonçalves e do incontornável Jorge "Nuvem Negra 21" Ruivo, talvez o "Guru da arte" em Portugal, dois spotters "oficiais" da Base Aérea Nº 5 - Monte Real.
Parelha (15121 e 15123) MLU - (c) Álvaro Gonçalves
Com eles fui percebendo o "sumo" da coisa. Vi o seu entusiasmo, o afã de apanhar "aquela" posição do avião, um número de cauda raro, uma manobra inesperada, um pormenor fugidio... Move-os o gosto pelos aviões, por razões tão paralelas umas e tão enviesadas outras, mas ambas no espírito comum da coisa: fotografar aviões, sentir o peito quase a rebentar por causa do troar dos motores, o dedo no gatilho, o disparo da máquina, o prazer do reencontro com a arte no remanso do lar, o convívio com os demais spotters... São eles que, como também aqui já disse, são os olhos daqueles que não estando lá como eles estão, é como se estivessem! Obrigado a eles (Álvaro e Jorge - hoje em apreço) e a outros "spotters emergentes" a quem o Pássaro de Ferro tratará de fazer paulatina e merecida referência.
Cruz de Cristo num F-16BM da Força Aérea Portuguesa
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Cada vez que há uma sexta-feira 13, como aconteceu este mês, há inevitavelmente uma sexta-feira 27. Facto indesmentível ao qual ninguém presta atenção, porque ao contrário da sexta-feira 13, a sexta-feira 27 não tem nenhuma aura especial. Desta vez todavia é o dia em que escrevo sobre a sexta-feira 13 e a Cruz de Cristo.
Toda a gente conhece as superstições normalmente associadas às sextas-feiras 13. Menos saberão que foi precisamente uma sexta-feira 13 a razão da Cruz de Cristo ser actualmente um símbolo nacional, identificando desde há vários séculos os navios da Marinha de Guerra e em tempos mais modernos as aeronaves militares portuguesas.
Foi na fatídica sexta-feira 13 de Outubro de 1307 que se fundamentaram as aziagas superstições actuais, com o massacre levado a cabo contra os Cavaleiros Templários, que terminaria na extinção da Ordem do Templo, depois de um processo levado a cabo por Filipe IV de França, com o apoio do Papa Clemente V. O poder da Ordem do Templo era tal na época, que o medo e cobiça, acabariam por traçar o seu funesto destino e o dos seus cavaleiros.
Já em Portugal, foi adoptada uma decisão salomónica, que permitiu não desobedecer às ordens papais, e manter simultaneamente uma ordem religiosa e militar que tantos serviços havia prestado ao país. Fundava-se a Ordem de Cristo, herdeira dos títulos e bens da Ordem do Templo, mas na prática mudaria apenas o nome e o símbolo: a Cruz de Cristo.
Dando razão a algumas teorias em voga principalmente desde o sucesso do livro “O Código Da Vinci”, a Ordem de Cristo viria a ser pedra basilar do desenvolvimento científico e do financiamento que permitiu a senda dos Descobrimentos Portugueses, tendo nas suas fileiras individualidades como Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, Pedro Álvares Cabral, Gonçalves Zarco, Fernão de Magalhães, e o Infante D. Henrique como Grão-Mestre.
Com a extinção das ordens religiosas no século XIX, a Ordem de Cristo foi extinta uma primeira vez, sendo transformada posteriormente em ordem honorífica, extinta novamente aquando da implantação da República, para ser novamente recriada em 1918.
Actualmente, e independentemente da Ordem, o símbolo da Cruz de Cristo ganhou carácter próprio, enquanto símbolo de Portugal e da lusitanidade, estando presente em inúmeros brasões, emblemas, bandeiras (entre as quais a da região autónoma da Madeira) e, como não podia deixar de ser, nas embarcações e helicópteros da Marinha e aeronaves da Força Aérea Portuguesa.
Planta do templo de Salomão, alegadamente inspiração para a geometria da Cruz de Cristo (fonte: wikipedia)
Geometria de construção da Cruz de Cristo (fonte: wikipedia)
Este fim de semana vi, num daqueles canais que a pressa do zapping tantas vezes faz crer que nem existem - no caso o Discovery Turbo - um magnífico documentário sobre os pilotos de testes da Força Aérea Norte Americana. Naquele programa, para além da abordagem feita para o senso comum, com janela para algum "sensacionalismo" e para a habitual exaltação do "espírito americano", que por exemplo em alguns cinematográficos épicos de massas é usada e abusada, a realidade profissional daqueles homens deixou-me reforçada e positivamente impressionado. Pelas entrevistas feitas a alguns pilotos de testes, ficou a perceber-se o génio e a coragem que denotam na sua missão, não receando os perigos e o estatuto bem "no fio da navalha" que lhes está intrínseco. No caso, foi um episódio dedicado aos testes para a produção/aperfeiçoamento do F/A-18E, Super Hornet em que, em cada voo de testes, o piloto enfrentou variadas dificuldades, algumas delas de extrema gravidade, sendo que, em todas elas, o sangue frio e o raciocínio rápido e apto estabeleceu a diferença entre a vida e a morte, entre a perda e o ganho de uma aeronave. Fica-se também a perceber quanto e quão complexo é o caminho para tornar operacional uma aeronave, no caso de um avião de combate, muito para além do simples "corpo/identidade" do avião", mas sobretudo o que o faz voar e operar de determinada maneira e com definidos propósitos, sejam eles militares ou não. Os Pilotos de Testes (Pilotos com "P" grande), são homens cuja entrega e profissionalismo faz com que outros homens tenham a sua vida facilitada aquando da "entrega" do avião, já com os sistemas devidamente testados/aperfeiçoados, proporcionando o eficaz cumprimento das missões a que se destinam. Esta análise é obviamente extensível à aviação civil, de cuja evolução e segurança tantos milhões de pessoas dependem todos os dias nos céus do planeta.
Este é um texto que já anda na berlinda da escrita há meses. Conhece hoje a "luz do dia", sendo que, da sua leitura, se percebe bem o quanto a paixão pelos aviões foi e é forte e, digamos, imune a estados e alma ou até físicos e fisiológicos... Desde início da década de 80 que passei as minhas férias grandes na Praia de Mira, como já por diversas vezes aludi no aqui Pássaro de Ferro. Ora, em certa ocasião e com um certo empirismo feito sabedoria e percepção, um episódio caricato me aconteceu, tanto quanto me lembro, já na segunda metade de década de oitenta, no apogeu das operações do A-7P. Era frequente os A-7P sobrevoarem/varrerem o litoral, muitas vezes a baixas altitudes, sendo que havia horas prováveis para tal acontecer, possibilidades que os anos iam cimentando como "quase certezas". Contudo, voar não escolhe hora certa e um dia, depois do almoço (por volta das 14 horas) - pensava eu ser uma hora tranquila no que respeitava a aviões e agitada quanto à actividade intestinal - a passagem de um Corsair II apanhou-me completamente desprevenido, transformando-se num dos mais caricatos episódios que me ligam ao SLUF. Esmiuçando, tratou-se de uma passagem baixa, por cima das dunas, de um TA-7P e penso que de um A-7P que voava como asa. O problema é que eu estava, literalmente, de calças na mão, fechado num WC do Parque Municipal de Campismo da Praia de Mira, felizmente com um pequeno "janelo" com vista, justamente para as dunas, ou seja, decidi interromper o "serviço", empoleirando-me no dito janelo, apenas para pode ver o A-7. Em esforço, consegui! Algum tempo depois, vim a saber que nesse TA-7P, para além do piloto, voava nada mais nada menos do que o CEMFA da altura cujo nome, por uma questão de cortesia, entendo por bem não revelar, mas que tive oportunidade de conhecer pessoalmente, um ano depois... Como é óbvio, não lhe contei este episódio no mínimo, digamos, eventualmente não muito bem cheiroso...
Desenho de dois A-7P em voo, da minha autoria, feito num caderno, algures no início da década de noventa. A digitalização não revela bem o tradicional rasto do A-7P, mas revela todo o resto que abaixo se tenta explicar...
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Durante muitos anos, impulsionado pela ferverosa paixão pelo A-7P, desenhei compulsivamente A-7´s nos meus cadernos e livros. Quase sempre na perspectiva em que mais os apreciava, tal qual este desenho revela, sobre o qual não declaro um átomo de arrependimento ou vergonha. Desenhava e pronto. Não havia "esta coisa da Internet", não abundavam revistas, nada. Se os queria ver, esperava por eles nos céus (spotting era uma palavra inexistente, nem o caminho de Monte Real era simples de fazer como é hoje) ou então, desenhava-os, sem hesitações onde podia. Eram os meus A-7P! Este parco exemplo que hoje partilho com os leitores do Pássaro de Ferro atesta bem o quão ligado estive ao A-7P, repetindo o que já por diversas vezes aqui escrevi: cresci com o A-7P, é o avião da minha vida, por ele nutro uma admiração que nenhuma filosofia explica em base racional. Depois do último post, anunciada que está a "morte definitiva" do A-7P, pelo menos da grande maioria, fui quase que obrigado a procurar esses desenhos que, durante tantos anos, alimentaram esta "não razão" materializada num simples avião, na sua silhueta escura e até tenebrosa, no seu rasto de fumo pronunciado, a marca de água (de fumo...), o seu som... Há coisas que nenhuma perfeição de palavras explica. Sentem-se e pronto. É quanto basta!
Eis uma daquelas notícias que, para um A-7ólico sem emenda, como eu e muitos dos que seguem o Pássaro de Ferro, (já a caminho dos 4 anos) é profundamente triste. A frota A-7P composta pelos aviões: 15503, 15507, 15509, 15511, 15513, 15514, 15515, 15517, 15522, 15526, 15527, 15528, 15529, 15531, 15534, 15536, 15538, 15539, 15544, 15546, 15547, 15549, armazenados/retirados em Alverca (DGMFA - Depósito Geral de Material da Força Aérea), Beja, Monte Real e Sintra, bem como todos os motores, vão ser abatidos e cortados para sucata.Apenas os aparelhos 15512 e 15532 serão "mantidos" (tanto quanto seja possível manter um avião que vai servir para treino de Bombeiros...) e empregues no CFMTFA (Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea), na OTA, concretamente na instrução de OPSAS - ( Operadores de Sistemas de Assistência e Socorros).Será, digamos assim, a última "missão" a ser cumprida por esta parelha de velhos Corsair II da FAP. Chegará assim ao final a história do A-7P em Portugal. Restarão, para nosso "consolo", alguns aviões preservados em diversos locais do país, (o 15502 está na Polónia) a saber: o 15504 no AM1, 15506 no CFMTFA, o 15508 no Museu do Ar de Alverca, o 15524 na BA5, bem como o 15521 (das 64 mil horas), o 15537 no CTA (Campo de Tiro de Alcochete) e julgo que o 15545 e o 15550 (omitidos na "lista negra") e cujo destino se desconhece, para lá das boas intenções que se ouvem a pairar na agenda das vontades. Curiosamente, a informação contempla o 15503 que está no Museu do Ar, em Sintra, facto que carecerá de confirmação.
Força Aérea transporta feridos na Madeira e nos Açores
O Sábado, dia 14 de Novembro de 2009, foi um dia exigente para as tripulações de alerta da Força Aérea, nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Açores - Às 11H26, um avião C212 Aviocar (da Base Aérea das Lajes - ilha Terceira) transportou uma grávida de 32 semanas com ameaço de parto prematuro, da Horta para Ponta Delgada.
Açores - Às 16H32, um helicóptero SA330 Puma (da Base Aérea das Lajes - ilha Terceira) transportou um ferido de Angra do Heroísmo para Ponta Delgada.
Açores - Às 24H00, um helicóptero SA330 Puma (da Base Aérea das Lajes - ilha Terceira) transportou um ferido, com traumatismo cervical, das Flores para Ponta Delgada.
Madeira - Às 22H40, um helicóptero EH101Merlin (do destacamento na ilha de Porto Santo) transportou um doente, com quadro febril indeterminado, da ilha de Porto Santo para a ilha da Madeira.
A FORÇA AÉREA MANTÉM 600 MILITARES E 14 AERONAVES EM ALERTA PERMANENTE 7 DIAS POR SEMANA 365 DIAS POR ANO, NO CONTINENTE, AÇORES E MADEIRA.
Mig-29 incorporado na Luftwaffe ainda com camuflagem original
Mig-29 com camuflagem final da Luftwaffe
XB-70 Valkyrie: bombardeiro estratégico dos EUA concebido para ataque nucelar. Nunca chegou a a entrar em serviço.
Mig-25 Foxbat: Caça soviético construído exclusivamente para fazer face à ameaça que representava a perspectiva do XB-70
Cemitério de aeronaves da Uniao Soviética /Rússia. Pode distinguir-se a deriva de um Mig-21 e vários Mig-25
Agora que se apagam as luzes sobre as comemorações da queda do Muro de Berlim, decidi escrever no Pássaro de Ferro algumas linhas sobre o tema. Quem me conhece sabe que não sou pessoa de alinhar em histerismos colectivos, nem de explorar o óbvio, como muitas vezes se assiste na comunicação social, recalcando certos temas até à exaustão. A queda do Muro de Berlim (que em rigor dever-se-ia chamar derrube), e pese embora a quantidade de vezes que fomos bombardeados com o tema nos últimos dias, teve contudo uma importância demasiado grande no mundo para poder ignorar a efeméride das duas décadas decorridas sobre a data em que ocorreu. Mais a mais, quando proporcionou no mundo da aviação de que se fala neste blogue, cenas completamente impensáveis para quem nasceu e cresceu sob o status quo da Guerra Fria.
E é por isso que dizer que a queda do Muro de Berlim significou a libertação de um povo separado artificialmente, seria pouco, quando o que representou realmente foi a queda de toda uma ideologia, que tal como um castelo de cartas, foi arrastando os regimes próximos geográfica ou ideologicamente. O argumento de que o Muro foi construído para que os ocidentais não se evadissem para o bloco de Leste (na RDA era chamado “Muro de protecção anti-fascista”), se alguma vez convenceu alguém, ficou então perfeitamente visível na nudez do seu conteúdo.
Regressando à aviação, foram os acontecimentos de 9 de Novembro de 1989 que proporcionaram quase de repente visões de Migs com a cruz de ferro da (antiga) República Federal Alemã, mais tarde em operações da NATO e por fim, antigos países do Pacto de Varsóvia passarem para a égide da organização de que foram inimigos figadais por várias décadas. Milhares de aeronaves que foram construídas sempre com o mesmo princípio estratégico ficaram quase de repente obsoletas, vazias de inimigo e de sentido, de ambos os lados do Muro.
Não vivi o 25 de Abril de 1974 para poder descrever o que significa a libertação de um povo (nasci escassos 3 meses depois) e vivi à distância a queda dos regimes socialistas diametralmente opostos ao nosso, mas comuns na repressão dos respectivos povos, reféns de ideologias impostas. Poderíamos até aprender algo com alguns desses países, que vivendo décadas num regime social e económico totalitário, se adaptaram à economia de mercado melhor que nós, que teimamos muitas vezes em viver na subsídio-dependência do Estado.
Terminando a hipérbole e regressando ao Muro de Berlim, dizer que o mundo não voltou a ser o mesmo desde o dia que este foi deitado abaixo, seria ainda assim um eufemismo, para a profundidade das mudanças que aportou ao palco mundial. Mesmo se o princípio do fim da Cortina de Ferro começou realmente no Verão anterior, foi sem dúvida a queda do Muro que o oficializou. E as Portas de Brandeburgo voltaram novamente a ser um símbolo de abertura. Sem uma irónica parede barricada na frente.
Vivemos agora num mundo perfeito? Garantidamente que não.
Cabe-nos aprender dos erros do passado para que seja melhor o futuro.
Portas de Brandeburgo com o Muro de Berlim na frente
Portas de Brandeburgo nos dias de hoje
PS: Quem nunca viu o filme Goodbye Lenin, pode alugá-lo em qualquer clube de vídeo. É uma caricatura mordaz mas fiel de quem viveu e acreditou no regime socialista e se confronta com as mudanças pós queda do Muro. E mais não conto.
Sou um indefectível apreciador dos aviões de asa alta. E essa predilecção é extensiva aos grandes aviões, como o C-5 Galaxy, ou An-124 e outros... Mas, de entre os caças, o Mirage F1 surge como um dos que mais aprecio, juntamente com o Jaguar. Felizmente, já por diversas vezes tive oportunidade de os ver, seja em exposição, seja em manobras e voo acrobático, com destaque para a famosa parelha Francesa, o que operou durante algum tempo, em moldes em que, por exemplo, os nossos "Asas de Portugal" o fazem actualmente. Curiosamente, o Mirage F1 destoa da tradição da asa delta de cuja família Dassault é oriundo. Poderia ser até considerado uma espécie de "patinho feio" da família mas não é.
Este caça-bombardeiro francês, cujo primeiro voo ocorreu em finais de 1966 está equipado com o motor SNECMA Atar 9K-50 e atinge Mach 2.2 e pode carregar armamento até um limite de 4 toneladas. O seu raio de acção é algo reduzido, (pouco mais de 2100 km...) mas em compensação, pode voar/atingir mais de 60 mil pés de altitude de voo, rivalizando assim com alguns caças do leste europeu e outros mais "avançados" do ocidente.
Um dado por mim considerado muito curioso, ressalta da primeira vez que o vi e ouvi em acção, num festival aéreo da FAP, cujo ano, penitencio-me, não consigo precisar. O ruído de algumas evoluções e regimes do motor, faz lembra o (agora saudoso) TF-30 P408 do nosso Corsair II, o que, para um A-7ólico, é uma espécie de "maná sonoro!"...
Dele, retenho também a sua imagem agressiva que, em certos ângulos, tem o seu quê de design do Leste e que as fotos atestarão. O Mirage F1 voou ou voa ainda em diversos países, (para além da França) como Espanha, Grécia, Equador, Qatar, África do Sul, Marrocos ou Líbia.
Vista Geral de LPMA - Aeroporto Internacional da Madeira - Imagem daqui
Razões familiares e profissionais "atiraram" comigo para a Madeira. A "cousa da aviação militar" por aqui é diminuta. Vive de uns quantos e esporádicos (agora) C-295M, o EH-101 Merlin e o C-130 ainda mais pontualmente. O bom apreciador de aviões, apesar disso, sobrevive à ausência, pois as raízes do gosto pela aviação são fundas e não se deixam abater. Felizmente, a casa que agora habito, dista uns escassos 8 ou 9 km do Aeroporto Internacional da Madeira, com vista alargada de Leste a Oeste.
Aproximação final à pista 05 - Foto: Rui Sousa
Todas as aproximações feitas à pista 05 (do lado de Santa Cruz - a operada na maioria dos dias, dada a predominância dos ventos a isso obrigar) podem ser vistas da varanda cá de casa, sobretudo a majestosa volta que os aviões fazem sobre o mar, já relativamente baixos e configurados.
O piloto tenta alinhar o avião com a pista 05 - Foto: Rui Sousa
Mesmo sendo aviões civis, não deixa de ser muitíssimo interessante ver os intrépidos aparelhos como que pendurados sobre o oceano, resistindo aos ventos, curvando sobre as águas e alinhando-se com a pista, lateralmente a encostas abruptas, povoadas de casas. Aliás, a dimensão dos aparelhos ainda torna essa sensação de precariedade mais notável. Ver um A-330 a fazer a curva, é algo de muito bonito... Quando a pista a operar é a 23 (lado da cidade de Machico - parte da pista assente na mega estrutura de betão), vejo os aviões a subir e a virar, predominantemente rumo a Nordeste, com os motores a troar potência de subida... Independentemente da ausência dos F-16 e companhia, os "estragos" estão minimizados e, apesar dessa diferença, um avião é sempre um avião, tenha a forma, o ruído ou a cor que tiver. Gosta-se e pronto!
Aproximação final e aterragem nocturna na pista 05 - Foto: Rui Sousa
Agradecimento especial ao Rui Sousa pelas fotos cedidas e especial referência à beleza da foto nocturna!
Decorreu durante o passado fim-de-semana mais um concurso/exposição de modelismo em Maceda, onde os modelistas nacionais e internacionais puderam apresentar algumas das suas melhores criações.
Desde monumentos em cartão, passando por navios em madeira, figuras da BD, modelos de series de ficção científica, submarinos, porta-aviões, tanques de guerra e como quase sempre, especial incidência na aviação.
Alguns excelentes exemplares puderam ser vistos por quem passou pela Junta de Freguesia de Maceda, local que albergou o evento. Cuidadosamente detalhados, envelhecidos, alterados para representar um modelo em particular, ou simplesmente exóticos. Um mundo à escala, paralelo ao real, eternizando momentos históricos ou simplesmente imaginados como foram, ou podiam ser.
Este ano contou ainda com o aliciante da visita à secção museológica do Aeródromo de Manobra nº1 – que fica a poucos quilómetros do local da exposição – promovida pela organização da exposição e contando com a gentileza da Força Aérea, que permitiu certamente tirar muitas dúvidas aos modelistas acerca deste ou aquele pormenor que as fotos disponíveis não permitiam dissipar; para buscar inspiração para novos modelos, ou simplesmente fazer um “walkaround” despreocupado, só pelo gosto de ver, tocar, ou até sentar-se dentro de uma dessas maravilhosas máquinas voadoras que marcaram épocas ao serviço da FAP.
Curiosamente os modelos nacionais este ano não estiveram particularmente em evidência na exposição, salvo honrosas excepções, não representativas do muito que se fez e faz por cá, numa altura em que até existem no mercado muitos mais modelos e decalques que há alguns anos atrás.
Nesse aspecto, é de louvar o esforço de algumas marcas que têm lançado decalques de muitas aeronaves históricas portuguesas, permitindo suprir uma lacuna muitas vezes difícil de contornar com qualidade.
É igualmente digna de registo a quantidade de kits, decalques e acessórios disponíveis na loja BigCat (patrocinadora do certame), quando muitas fecham, remetendo os modelistas para compras à distância.
Quem venceu o V Concurso de modelismo de Maceda, será porventura o menos importante de um fim-de-semana bem passado e como sempre para o ano espera-se mais e melhor.
No modelismo o único limite é a imaginação. É disso que vive o seu brilho.
Fotos da visita ao AM1:
Fiat G-91R3 s/n 5452
Cessna T-37C s/n 2427 e CASA C-212 Aviocar s/n 16503
Cessna FTB-337G s/n 13710
Northrop T-38A Talon s/n 2608 e Dornier Alpha Jet s/n 15246
Sudaviation - SE 3160 Alouette III s/n 19368 (heli de alerta busca e salvamento - activo)
Chipmunk Mk.20 com a pintura azul comemorativa dos 70 anos de serviço, em formação com outro na última versão da pintura standard da frota, ...
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