sábado, 13 de março de 2010

... Voar como os pássaros (apontamento 1) - (M359-2RF/2010)

O silêncio costuma ser bom conselheiro, pelo menos para mim, mas também o é um belo dia de tempestade, ou uma ruidosa TF30 a rugir desde a cabeceira da pista na corrida de descolagem rumo ao azul.
Tinha eu começado a escrever umas coisinhas para colocar aqui neste Pássaro de Ferro feito de matéria que não se vê, quando as voltas da minha vida me trocaram as minhas próprias voltas e eu, que já não era assim muito assíduo destas andanças, deixei de escrever, ou como se diz neste novel linguajar, postar.
Depois voltei, voltei cheio de força, como quem acorda de manhã de um salto, e abraça mais um dia com o coração cheio de alegria por estar vivo.
Pelo que me fartei de escrevinhar em papeis vários e até no computador novo mas, as desculpas do costume tiveram como consequência um novo (ou o mesmo) silêncio, e a demora que se lhe seguiu.




(Foto por: A F Calé)

Não tenho grande experiência de voo, nem foi esse aliás o meu desejo confesso, o de voar. Desde que entendi que os capacetes de voo não vem com viseiras graduadas para a miopia, estigmatismo e bifocalidade, que tirei o cavalinho da chuva e nunca mais me preocupei em voar. Conformei-me, é o que é.
Ainda assim, algumas oportunidades me surgiram para levantar os pés do chão como os pássaros, e montado num Pássaro de Ferro, perdi a minha virgindade aeronáutica no dia 11 de janeiro de 1989 num dos lugares do meio, mesmo por detrás do piloto, do Reims-Cessna FTB-337G nº.3731, da Esquadra 702 "Os Indomáveis do Norte", pilotado pelo então Alferes Almeida. Para um primeiro voo não foi nada mau: S. Jacinto (então AM2) - Lisboa (AT1) e regresso pelo mesmo caminho, para levar uns "tupperwares" (computadores) a reparar à DSINFO (Direcção do Serviço de Informática), então localizada nos calabouços de Alfragide (EMFA).
Desse dia fica a memória, e também o registo fotográfico, para mais tarde recordar, em fotos brilhantes tiradas com uma arcaica Agfa de cassete compacta de filme (126 mm) e que vim aliás a redescobrir guardada num lugar recôndito lá de casa.
Desse dia também fica o sorriso nervoso que se tentava esconder, e as sensações novas da visão de águia, cá do alto de tantas e tantas paisagens já conhecidas, e dos movimentos na placa do Aeroporto de Lisboa, por entre os gigantones de linha aérea. Não sei se foi dessa vez, se talvez em alguma das seguintes que aterramos na pista 35 e entramos sempre a acelerar na placa do AT1.
Fica-se tão maravilhado com o primeiro voo que se me tivessem logo colocado a questão se queria voltar a voar a minha resposta tinha sido algo como: pode ser já?












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