Como saberão todos os que frequentam este ciberespaço, a Força Aérea comemorou durante as duas últimas semanas no arquipélago da Madeira, os seus 58 anos enquanto ramo independente das Forças Armadas. O facto de ser o benjamim (os outros dois ramos existem não há décadas mas há largos séculos!) não ofusca que seja hoje em dia a arma aérea o primeiro ramo a actuar em conflitos, acções humanitárias e demais missões, fruto da flexibilidade e rapidez que inegavelmente proporciona.
Seja como elemento de ataque, seja como de defesa, a nível global e desde a II Grande Guerra as expressões "morte vinda dos céus" e "ajuda vinda dos céus" ilustrando essas duas funções, ganharam uso comum. No transporte de tropas pára-quedistas, nas evacuações de retaguarda, no ataque a alvos específicos, na defesa das tropas em terra ou navios no mar, os meios aéreos estabeleceram-se como primordiais.
Legitimando esta importância já então visível, a 1 de Julho de 1952 a Força Aérea aglutinou os meios aéreos até então atribuídos aos outros ramos e constituiu-se independente.
Utilizando durante largos anos meios algo ultrapassados, fruto da exiguidade de verbas e alguns embargos políticos, não deixou nunca de cumprir as funções atribuídas, assentando então muitas das suas capacidades mais no engenho e abnegação do elemento humano que nas máquinas utilizadas.
Com o fim das guerras ultramarinas, soube reestruturar-se e ajustar-se a novas realidades regionais e mundiais, aligeirando estruturas e potenciando recursos.
No ano do Senhor de 2010, e no seguimento da inauguração do AM3 (Aeródromo de Manobra nº3 ) no Porto Santo em 2009, fecha-se assim um ciclo, ao inaugurar a estação de radar na Madeira, passando o país a exercer a legítima soberania em todos os céus nacionais.
Seriam estes dois factos a justificação próxima para as comemorações do aniversário no arquipélago da Madeira, no seguimento também, de uma política de aproximação da Força Aérea das populações que serve em todos os pontos do território português.
As comemorações, serviram ainda e mais uma vez, à semelhança de eventos semelhantes em anos recentes, como exercício militar, pondo à prova e treinando as capacidades de operação e mobilização de meios da Força Aérea, tendo sido este o maior exercício aéreo alguma vez realizado na região.
Num ano especialmente difícil em termos de evacuações sanitárias e acções humanitárias (naufrágios, cheias, terramotos...) ficou bem patente a importância dos meios aéreos nestas situações e o acerto no esforço de modernizar os meios disponibilizáveis.
A Força Aérea Portuguesa tem por isso hoje, talvez pela primeira vez na sua história, meios perfeitamente actuais e capazes de cumprir as suas missões, ao mesmo nível senão melhor que as suas congéneres.
Quando há uma década atrás havia descontentamento público entre os profissionais da Força Aérea, que levou a uma sangria de muitos desses militares, o reapetrechamento e reestruturações levadas a cabo, têm como consequência não só uma melhoria nos serviços prestados ao país e no potenciamento das verbas atribuídas, mas também o regresso do bem-estar, a quem gosta que o seu trabalho seja útil e valorizado pela pátria que serve.
Longe de estar o trabalho terminado com este ciclo, fica a certeza de estar no caminho certo.
NOTA: Em próximo artigo a passagem dos meios da Força Aérea pelo Porto Santo
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