O autor deste relato, no banco de trás do TA-7P 5547
O Paulo Moreno, que tem cedido algumas das fotografias do seu espólio pessoal ao Pássaro de Ferro, foi militar na BA5 no início da década de 90.
A dada altura, teve a oportunidade de voar num TA-7P, no caso o 5547. É o relato na primeira pessoa que hoje aqui publicamos, acompanhado de algumas fotografias por si obtidas.
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«O dia 9 de Julho de 1991 seria um dos mais marcantes da minha vida. Estava agendado para esse dia o meu voo a bordo de um TA-7P, o avião que fazia parte dos meus dias de militar na BA5.
Logo depois do almoço, fui para a Esquadra 304, onde estavam bastantes pilotos, alguns deles novos, acabados de chegar dos T-37 e que iriam inciar em breve os seus cursos no A-7P.
Um desses novos pilotos iria voar num TA-7P com o comandante de Esquadra e eu, voaria num outro TA-7P.
No briefing, apara além das instruções relativas à segurança e à operação da cadeira ejectável Mcdonell Douglas Escapac C-2, fiquei a saber que o meu baptismo de voo ocorreria numa missão em parelha com um outro TA-7P e que iria acontecer em duas fases e zonas distintas.
A cadeira ejectável e o equipamento de voo...
A primeira seria um “ataque” na zona da Barragem da Aguieira, no limite dos concelhos de Penacova e Mortágua e a segunda seria mais a sul, para mais um “ataque” na zona de Estremoz.
Depois do briefing, deslocámo-nos para a linha da frente, onde estavam estacionados vários aviões, entre eles os imponentes e “nossos” TA-7P. Cumprimentos habituais ao pessoal de terra e “trepei” para bordo do TA-7P com a matrícula 5547, que se tornaria daquele dia em diante o “meu” TA-7P! Armada a cadeira, por ordem do piloto, efectuaram-se os procedimentos habituais antes da partida e, minutos depois, já estávamos ao fundo da pista 01 de Monte Real.
O TA-7P s/n 5547 estacionada na placa da Esquadra 304- Magníficos.
Rapidamente tomámos o rumo da barragem da Aguieira onde, uma vez chegados começou o “ataque”. A dada altura, o piloto referiu que o avião estava a fazer o ataque sozinho, sendo que para o assinalar, levantou por alguns segundos uma das suas mãos fazendo questão de mo mostrar.
Os meus níveis de adrenalina estavam bem altos, quase baralhado, nem sabia para onde olhar. O cruzamento de emoções era tal que até se torna difícil descrevê-las.
Vista parcial do painel do lugar de trás do TA-7P.
Deixámos a barragem em grande estilo, sem um “arranhão na missão”!
Rumámos em parelha em direcção ao Alentejo. Pelo caminho cruzámo-nos com um Tornado alemão, num momento bastante interessante. Previa que a melhor parte da missão estava para começar.
Em voo, bem baixo, sobre o Alentejo.
E assim foi. E a coisa desta vez foi mais violenta. O “ataque” foi na zona de Estremoz, nas famosas pedreiras mármore, com várias passagens e sempre a sentir bem a força dos g´s, devido ás várias manobras agressivas que se sucediam umas atrás das outras, executadas friamente pelo experiente piloto, sem dó nem piedade pelo pendura do banco de trás. Mal terminava uma, logo outra começava! O fato de voo insuflava, as minhas mãos ficavam sem movimentos devido à força da gravidade exercida. Uma sensação única!
O TA-7P dava-me segurança. Ao mesmo tempo que tudo sucedia, tentava acompanhar como podia os barulhos no cockpit, as luzes no painel e a paisagem às voltas...
Em voo sobre o Alentejo, avistando-se ao longe o outro TA-7P.
E tal como começou, o “ataque” terminou, sempre em grande estilo. Os dois TA-7P saíram-se bem, como sempre!
De regresso à base, com um céu limpo e de um azul intenso, a voar sobre o meu Portugal, dentro de um magnífico avião!
Avião já na final para a aterragem em Monte Real.
O meu muito obrigado ao Pássaro de Ferro por me ter dado oportunidade de partilhar, quase 20 anos depois, esta experiência.
Diploma de voo, com os autógrafos e rituais da praxe!
A Esquadra 304 - Magníficos.
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