Seguindo uma política de expansionismo territorial com vista
a suportar a pujança económica do país, que necessitava por um lado de matérias-primas
para alimentar a sua indústria e por outro, de novos mercados para onde escoar a
produção, o Japão foi alvo de vários embargos norte-americanos nos finais da década de 1930 e inícios dos anos 40, como
represália às também várias invasões que o país do sol-nascente vinha perpetrando por
todo o sudeste asiático.
A operação de 7 de Dezembro de 1941 seria preparada no mais
alto sigilo, tendo a enorme esquadra japonesa conseguido atravessar a
totalidade do Pacífico desde 26 de Novembro, sem ser detectada por voos de
reconhecimento americanos e atacar sem declaração de guerra prévia, a base onde sabiam
estarem atracados os mais valiosos vasos de guerra americanos.
Do ponto de vista dos EUA, uma série de más avaliações e
decisões contribuíram para a magnitude da tragédia, quando havia já vários indícios
de que um ataque contra as suas forças, estaria iminente. Julgava-se
por um lado que o porto de Pearl Harbour, de águas pouco profundas, fornecia
uma protecção natural contra ataques de torpedos, não tendo sido colocadas
redes anti-torpedo uma vez que estas dificultavam as operações normais diárias.
Não tinham sido colocadas armas anti-aéreas
em redor da base para evitar problemas com os proprietários dos terrenos
adjacentes e por fim os reconhecimentos aéreos de longa distância não estavam a
ser realizados por escassez de aeronaves. Na verdade, acreditava-se ser a distância
um dissuasor suficiente para qualquer ataque significativo.
A Marinha Imperial Japonesa provou o contrário: baseados em 6
porta-aviões (Akagi, Hiryu, Kaga, Shokaku, Soryu e Zuikaku), a maior força naval reunida até então, quase meio milhar de aviões "Zero", Nakajima 97 "Kate" e Aichi 99 "Val", afundaram ou inutilizaram os maiores navios de guerra americanos da época,
neutralizando qualquer capacidade de reacção durante os seis meses seguintes, enquanto
o Japão ocupava as Índias Holandesas e as suas reservas de petróleo, verdadeira
razão do ataque a Pearl Harbour (como se vê as guerras pelo "ouro
negro" vêm já de longe).
O índice de eficácia japonês foi assombroso, tendo
surpreendido até os próprios japoneses. Um sistema de estabilização dos
torpedos, evitava que estes se afundassem e detonassem ao serem largados em águas
pouco profundas e a oposição aérea e anti-aérea era quase inexistente.
8 couraçados, 6 cruzadores, 29 contratorpedeiros e 9
submarinos e cerca de 2500 vidas foram perdidos no porto de Pearl Harbour na
manhã de 7 de Dezembro de 1941, contra apenas 29 aviões, 5 submarinos e 64
vidas das forças atacantes.
O presidente Franklin Roosevelt classificaria este acto no
dia seguinte, ao declarar guerra ao Japão, como "o dia que viverá na infâmia"
e como tal ficaria conhecido na história.
O Japão conseguiu atingir os seus objectivos e neutralizar a
marinha americana pelo tempo necessário para se apossar da totalidade do sudeste asiático
quase sem oposição.
Os porta-aviões americanos (Enterprise, Saratoga e Lexington), em exercícios fora de Pearl
Harbour no dia do ataque e por isso intactos, foram a única ponta que ficaria solta
e que lhes iria causar dissabores a médio prazo.
Do ataque a Pearl Harbour resultou uma forte união interna
nos EUA, que relutava até então em entrar no conflito mundial. O gigante adormecido
acordou por fim para uma guerra na qual já estava inserido, mas que teimava em recusar. Após os primeiros meses de vitórias, os japoneses pagariam bem
caro a ousadia, num conflito longo e penoso, que acabaria apenas no uso de armas nucleares.
Do ponto de vista militar, resultou o emergir do porta-aviões
como a peça principal de poderio naval, substituindo o couraçado e os
cruzadores de linha na escala de importância, doutrina que ainda prevalece nos
dias de hoje.
Deste
episódio marcante da história norte-americana e mundial, foram
produzidos 2 famosos filmes: "Tora! Tora! Tora!" de 1970 e reconhecido historicamente
como sendo o mais fiel e já em 2001 "Pearl Harbour"
que cruza um romance ficcional com episódios reais e excelentes imagens
reconstituindo os acontecimentos de 7 de Dezembro de 1941 e meses
subsequentes.
Passados 70 anos sobre a data de 7 de Dezembro de 1941, os Estados Unidos não deixam de prestar homenagem àqueles que pereceram e sobreviveram ao "Dia da infâmia".
À direita Frank Chebetar sobrevivente do navio USS Phelps (DD 360) afundado em Pearl Harbour a 7/12/1941 Foto:US Navy/Maria Melchor |
John Busma sobrevivente do USS Medusa assinala a hora do ataque a Pearl Harbour Foto: US Navy/Eli Medellin |
Memorial USS Arizona navio em que se perderam mais vidas Foto: US Navy/Daniel Barker |
Cerimónia a assinalar o 70º aniversário do ataque à base de Pearl Harbour Foto: US Navy/Mark Logico |
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