quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A MATRÍCULA DE UM BOEING 707 (M608-18PM/2012)


PP-VJY da Varig atrás de mim, a minha mãe e irmã no Aeroporto de Lisboa

Algures em 1979/1980 fui pela primeira vez ao Aeroporto de Lisboa, na ocasião esperar alguns familiares que vinham do Brasil. Desse macilento dia de chuva guardado na minha memória, tenho também prova física na forma da foto acima apresentada. Tirada da antiga varanda com vista privilegiada para a placa de estacionamento dos aviões, pode ver-se em fundo um Boeing 707 da (finada) Varig.
A curiosidade levou-me a investigar o que teria sucedido ao PP-VJY, candidamente registado nos cristais de halogeneto de prata da película Kodak na Pentax do meu pai.
Qual não é o meu espanto, quando descubro que o dito avião não só ainda voa, como foi transformado na versão KC-137 (reabastecedor) e é um dos dois ao serviço da Força Aérea Brasileira.

KC-137 descola em Canoas, Porto Alegre - Brasil

Do que consegui saber ainda sobre a aeronave s/n 19840/679, saíu da fábrica como um modelo 707-345C para efetuar o primeiro voo a 16 de fevereiro de 1968, serviu na transportadora Seaboard World com a matrícula N7321S e foi posteriormente adquirido pela Varig onde utilizou a referida matrícula PP-VJY. Desse período, durante o qual viajou inúmeras vezes para a Europa e África, existem alguns registos (além da cândida foto do meu pai). Na base de dados do site Airliners por exemplo, descobri a magnífica foto de uma rapada no aeroporto do Rio de Janeiro em 23 de outubro de 1976, por ocasião da celebração do aniversário de Santos Dumont, o famoso pioneiro da aviação de nacionalidade brasileira.

Rapada no Rio de Janeiro em 1976

Mais tarde seria transformado na versão tanque KC-137 e entraria ao serviço da Força Aérea Brasileira em 1986 com a  matrícula 2401 (que é curiosamente também a matrícula do primeiro Cessna T-37C da Força Aérea Portuguesa e de um Airbus A330 MRTT da Real Força Aérea Saudita), tendo sido entretanto registado algumas vezes na Europa, em serviço de transporte de VIPs ou militares. Um desses registo pertence ao nosso conhecido Luís Gonçalves aquando de uma passagem do FAB 2401 pelo aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto em 1998.

No Porto em outubro de 1998 fotografado por Luís Gonçalves

Em Zurique - Suiça a 28 de janeiro de 2003

A Força Aérea Brasileira tem planos para a substituição das duas unidades do tipo ao seu serviço,  mas até ao momento não foi ainda anunciado oficialmente o substituto.

Nas funções de reabastecedor aéreo com um F-5 também da FAB                       Foto: FAB

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A-6 INTRUDER (M607 - 10AL/2012)

Partilho com os leitores do Pássaro de Ferro algumas impressões relativas a um dos grandes mitos da aviação militar a jato, na sua vertente "Ataque" - O Grumman A-6 Intruder!
A aviação de combate  não se resume apenas à pujança e manobrabilidade dos caças, nem à sua superioridade aérea.

 Uma parelha (EA-6B Prowler e A-6 Intruder)  em reabastecimento aéreo.

Numa guerra, estabelecida a superioridade e cobertura aéreas, o trabalho de "ataque ao solo" não é menos importante. É um trabalho complexo, em que a volatilidade dos cenários é maior, o que requer tanto do avião como das tripulações, enorme aplicação e proficiência.
A plataforma A-6 Intruder foi uma das que mais consolidou essa dinâmica e durante muitos anos foi O avião de ataque. Era tripulado por dois homens, sentados lado a lado, o piloto e o navegador e operador de armamento. Era um avião de conceção simples, aparentemente sem grandes preocupações estéticas. Aliás, olhando para ele, percebe-se que se deu primazia à robustez/solidez da aeronave, em detrimento da beleza. É mais um daqueles aviões que costumo catalogar de "um feio belo"!

Imagem do interior do A-6, vendo-se bem a disposição das tarefas. À esquerda o lugar do piloto, à direita, o do navegador/operador de armamento. (Crédito da imagem)

O seu cognome - Intruder/Intruso, remete, justamente, para a sua capacidade. Voar baixo, rápido e com uma enorme capacidade intrometer, digamos, a sua carga com enorme precisão e implacabilidade. A conquista destes pergaminhos iniciou-se com as suas prestações no Vietname, juntamente com os A-7 Corsair e ainda com o velho SLUF, na primeira "Guerra do Golfo", em 1991/92.

 O A-6, embarcado, lado a lado com o seu sucessor o F/A-18 Hornet e ainda visível um F-14 Tomcat.

Era a principal plataforma embarcada para o ataque aéreo e até à consolidação do F/A-18 Hornet (tanto para missões de caça - antes pertença de outro mito, o F-14 Tomcat como para ataque, numa primeira fase com o A-7 e posteriormente depois dele) e com a retirada do A-7E dos porta-aviões, foi da série dos típicos aviões A o que mais tarde foi retirado do serviço.
Nunca vi nenhum em voo nem tão pouco em exposição estática. Retenho, contudo, as suas aparições em alguns filmes, quase todos do universo temático do Vietname, destacando-se um que, pelo seu título e interessantes cenas em que o A-6 Intruder é o principal protagonista, o eternizou na sétima arte: "The flight of the Intruder/O voo do Intruso", que faz justa "homenagem", digamos, a mais um ícone da aviação militar mundial, daqueles que ficarão nas páginas douradas da história da aviação e do domínio humano sobre e nos céus!

O A-6 no seu "ambiente típico" - Os porta-aviões Norte-Americanos! Uma imagem que marcou muitos homens que o operaram e que ficará para sempre na memória dos que gostam de aviões!

Desenhos ilustrativos da grande capacidade e variedade de carga bélica do A-6 Intruder.

Nota: O Pássaro de Ferro dedicará, proximamente, uma edição a uma das variantes do A-6 mais conhecidas, justamente o EA-6B Prowler.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

BLUE ANGELS (M606-17PM/2012)

Foto: US Navy/Rachel McMarr

Foto: US Navy/Rachel McMarr

Em treino de preparação para a próxima época, a patrulha acrobática da Marinha dos EUA (US Navy) executa um "diamond dirty loop" sobre a base aeronaval de El Centro na Califórnia, EUA.
Os Blue Angels iniciam a temporada de 2012 como é tradição com um espetáculo precisamente em El Centro, a sua base de treino de Inverno, a 10 de março.

O Pássaro de Ferro recomenda vivamente a visualização da série documental intitulada "Um ano na vida dos Blue Angels" exibida a espaços no canal Discovery Showcase e também disponível à venda em bluray e DVD, para quem quiser saber como é viver e voar com uma das mais míticas patrulhas acrobáticas mundiais.

A formação cerrada em diamante é das mais famosas dos Blue Angels      Foto: US Navy/Rachel McMarr

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

IRÃO - O QUE SE SEGUE? (M605-16PM/2012)



O porta-aviões USS Carl Vinson mantém-se no médio oriente como parte da 5ª frota da US Navy                                    Foto: US Navy/Carlos Vazquez II

Dois F/A-18 Hornet descolam do USS Carl Vinson sob  avigilância do USS Momsen, destroyer que integra o grupo de apoio ao porta-aviões no Mar Arábico   Foto: US Navy/George Bell

A questão nuclear iraniana não é de agora. Conta já um imensa série de episódios entre a Comunidade Internacional e o governo de Teerão, numa espécie de jogo do "gato e do rato" que dura já uma década. 
Se poucos acreditam que o ensejo de possuir tecnologia nuclear seja puramente o de produzir energia a baixos preços, já o verdadeiro estado de desenvolvimento dessa tecnologia é uma incógnita fora dos meios restritos de Teerão. 
E é precisamente essa ignorância um dos trunfos que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad vai jogando, aliando-a à memória da guerra dos EUA no Iraque em 2003 e às "armas de destruição maciça" que afinal não passaram de fantasmas. 
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de novembro de 2011 no entanto, concluiu num relatório inédito, que estiveram a ser desenvolvidas ações para a produção de um engenho explosivo nuclear em solo iraniano. 
Desde então as sanções financeiras e económicas do mundo ocidental não se fizeram esperar, congelando ativos do Irão no exterior e embargando as vendas de petróleo. Já em dezembro a queda de um UAV de vigilância americano RQ-170 Sentinel, em território persa, causou embaraço em Washington e foi troféu de exibição em Teerão.


O RQ-170 Sentinel capturado no Irão foi exibido na televisão estatal  

Por outro lado, Israel que há já vários anos vem colocando a hipótese de um ataque unilateral às instalações nucleares iranianas, garantindo serem as ameaças de retaliações iranianas um mero bluff, ainda não o fez, quiçá refreados pelo Tio Sam.   
Entretanto cientistas iranianos ligados ao programa nuclear foram assassinados, sem que a autoria dos ataques tenha sido reivindicada. As ameaças iranianas subiram de tom. Jogando com as eleições nos EUA em 2012 e com a memória da crise do petróleo que despoletou em 1979, o Irão propõem-se dar a volta ao texto: efetua exercícios navais no Estreito de Ormuz, chega a proibir os EUA de transitar por aquele importante canal de circulação e impõe do seu lado um embargo na venda do petróleo a nações consideradas hostis. 

Grupo de proteção do porta-aviões USS John Stennis em exercícios defensivos  Foto: US Navy/Kenneth Abbate

Passagem do porta-aviões USS Abraham Lincoln pelo Estreito de Ormuz     Foto: US Navy/Christopher Johnson

Apesar da passagem ser considerada de "rotina" pelos EUA, não houve lugar a facilitismos                                           Foto: US Navy/Christopher Johnson

Numa demonstração de força velada, aproveitando o render de um dos porta-aviões em destacamento no Golfo Arábico, os EUA transitaram já em 2012 com todos os poderosos meios de apoio aos porta-aviões USS Abraham Lincoln e Carl Vinson sem que qualquer ameaça real tenha surgido.
De igual modo, o Irão destacou meios navais no Mediterrâneo, o que nunca havia sucedido durante o atual regime (desde 1979), numa clara provocação a Israel e Europa, à qual mantém o seu embargo de petróleo.
Numa visita da AIEA entre 20 e 21 de fevereiro de 2012, cujos inspetores não foram autorizados a visitar as instalações da central de Parchin, manteve-se mais uma vez o impasse, agora e cada vez mais agravado.

O porta-aviões Abraham Lincoln (dir) rende no Mar Arábico o John Stennis (esq)  Foto: US Navy/Colby Neal

Para já os preços do petróleo dispararam, os EUA mantêm dois porta-aviões na região e Israel está, como de costume, de sobreaviso.
Enquanto alguns questionam uma vez mais, o direito de intervenção do Ocidente num país soberano, a alternativa é o espectro de uma Guerra Fria numa zona de ideologias radicais e regimes políticos instáveis.
O que se segue?

Céus de tempestade de novo no Mar Arábico?          Foto: US Navy/James Evans

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

WTD 12-01 - ESPANHA (M604-15PM/2012)


F-16C do 555th FS da USAF de Aviano - Itália em exercícios em Espanha

EF-18 da Ala 12 - Torrejón, a romper uma formação four-ship
 
Parelha de EF-18 da Ala 15 sedeada na base anfitriã - Saragoça

Terminaram recentemente os exercícios denominados WTD 12-01 (Destacamento para Treino de Forças) em Espanha, tendo como participantes os F-16 31st Operations Group, concretamente o 555th Fighter Squadron também conhecido como Triple Nickel da USAF, com base em Aviano Itália. Por parte da Força Aérea Espanhola estiveram presentes Typhoons da Ala 11 de Morón, Sevilha e EF-18 da Ala 15 de Saragoça e da Ala 12 de Torrejón, Madrid.

Estes exercícios que tiveram como ponto nevrálgico a Base Aérea de Saragoça, e como cenário de exercícios o Polígono de Tiro de Bardanas, tem como objetivo principal qualificar os pilotos da USAF em tiro ar-superfície. Aproveita-se simultaneamente a estadia dos F-16 da USAF em Saragoça para levar a a cabo o treino combinado entre pilotos americanos e espanhóis em missões ar-ar.

Os F-16C da USAF em configuração para missões ar-ar
Deve destacar-se que estes exercícios se efetuam a partir de Saragoça, devido à proximidade do campo de tiro de Bardenas, sendo as missões conjuntas da USAF com o Ejército del Aire proporcionadas pelas boas relações existentes entre estas duas forças aéreas, solidificado em ações conjuntas nos conflitos dos Balcãs e do destacamento ICARO.

Por último, a realçar que o controlo das operações e das missões esteve a cargo do Comando Aéreo de Combate que tem sede nas instalações da Base Aérea de Torrejón em Madrid.

Typhoons da Ala 11 - Morón

Texto e fotos: Alejandro de Prado

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Falcões e Jaguares, o livro (M603 - 2JM/2012)

Há tempos comprei em Monte Real, o livro "F-16 - Falcões e Jaguares", com fotografias do Paulo Mata (Pássaro de Ferro) e do André Garcez e texto do Alexandre Coutinho

O livro conta a história do F-16 nacional com texto em português e inglês, o que foi desde logo uma boa ideia, pois permite a divulgação da obra a nível internacional.

O livro teve o apoio da Força Aérea e do pessoal das Esquadras 201 e 301 e é a primeira obra em português sobre o F-16.

É raro ver em português uma obra com esta qualidade, principalmente na parte do trabalho fotográfico. As fotografias são de facto impressionantes.

O texto também está bom, mas notei alguns erros que deviam ter sido evitados numa obra destas.

Na página 14, quando o autor do texto diz que na USAF estão em serviço os F-16E/F Bloco 60, a informação está incorrecta, pois não existem na USAF F-16 do Bloco 60, só nos EAU.

Na página 11, o block 5 não foi constituído por 116 aviões como diz o texto, mas sim 126 (99A+27B). Quanto ao block 10 não foram 170 aviões, mas sim 169.

Na mesma página aparece a referência a 244 aparelhos F16C/D do Bloco 15, é erro, o Bloco 15 é da versão A, a C começa só no Bloco 25.

Ainda na mesma página quando fala do Bloco 40/42 e das inovações deste bloco refere o APG-68V, ora este radar já estava no F-16C a partir do Bloco 25

Finalmente na página 14, o texto cria grande confusão sobre o Bloco 15 OCU, pois quando fala da fusão entre a GD e a Lockheed em 93, dá a entender que o Bloco 15 OCU surgiu depois desta fusão, quando na verdade surgiu em 87/88, como o próprio texto refere mais abaixo, mas a 1ª passagem induz o leitor em erro.

São erros de pormenor, mas obviamente que o autor do texto devia ter feito uma pesquisa mais cuidada sobre o tema.

De resto, fiquei muito agradado com o livro e acho que é uma obra de referência sobre os F-16 portugueses.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Força Aérea de Angola (M602 - 1JM/2012)

O Carlos Alves, um entusiasta da aviação angolana, criou este site sobre a FANA, que descobri há pouco tempo. Chamo a atenção para os perfis gráficos de várias aeronaves da FANA.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

F-16 COM "V" DE VIPER (M601-14PM/2012)


Foto: Lockheed Martin

A Lockheed Martin revelou ao mundo no Airshow de Singapura uma nova versão do F-16. O F-16V irá incorporar novidades como um radar AESA (Active Electronically Scanned Array), computador de missão atualizado e melhoramentos no cockpit. Melhorias sugeridas pela US Air Force (USAF) e por vários clientes à volta do globo. Com quase 4500 F-16 produzidos, este afigura-se como um passo natural na evolução do caça de 4ª geração mais bem-sucedido do mundo. 
O Programa Fighting Falcon tem vindo a evoluir continuamente desde os primeiros F-16A/B, mais tarde com os F-16C/D e depois os caças de Bloco 60, à medida que as exigências dos clientes foram mudando.

Os radares AESA oferecem melhorias operacionais significativas e a Lockheed Martin desenvolveu uma solução inovadora para reequipar a preços acessíveis os F-16 existentes. 
A configuração F-16V é uma opção para aviões de nova produção, mas os elementos do upgrade vão estar também disponíveis para a maior parte dos modelos de produção anteriores. 
A designação "V" foi tomada a partir de "Viper", o nome apócrifo pelo qual o F-16 sempre foi conhecido entre os pilotos desde os primeiros dias.

"Acreditamos que o F-16V irá satisfazer as necessidades emergentes dos nosso clientes e prepará-los para uma melhor interoperação com os caças de 5ª Geração, como o F-22 e o F-35" referiu George Standridge, vice presidente da Lockheed Martin para o desenvolvimento de negócios.

O F-16 está atualmente em utilização em 26 países e o Programa tem-se caracterizado por uma cooperação  internacional sem precedentes entre governos, forças aéreas e indústria aeroespacial.

Para já os clientes desta nova versão, que não deverá diferir muito dos modelos Bloco 60, serão a Coreia do Sul e a USAF, que pretende modernizar entre 300 a 350 F-16C, devido às demoras previstas para a total operacionalidade do F-35, que obrigarão a frota F-16 a voar por alguns anos mais.




terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

AS DECLARAÇÕES DE UM MINISTRO DA DEFESA (M600-13PM/2012)



O país está de tanga. A expressão foi proferida em 2003 pelo actual Presidente da Comissão Europeia, então Primeiro-Ministro da ocidental pátria lusitana, Durão Barroso.
O mesmo Durão Barroso que sabe-se lá porquê, preteriu o país que (mal ou bem) governava para assumir o cargo que hoje se lhe conhece na União Europeia. Desde então, passaram já quase nove anos, e o país (ou os seus governos) em vez de reagir aos sinais de alerta, continuou a cavalgada cega para o abismo, continuando a endividar-se loucamente porque “as dívidas públicas não são para pagar”.
Após o mal feito por quem de direito, o resgate do FMI e as medidas ditadas pelo triunvirato (mais conhecido por "troika") são um mal aparentemente necessário (se houver alguém com uma ideia melhor que se chegue à frente). Os políticos empossados da difícil tarefa de tirar o país do buraco onde a mesma classe política o colocou, começaram a cortar a torto e a direito em regalias, salários, carreiras, postos de trabalho, etc. Soube-se pela comunicação social que na Carris por exemplo, toda a família anda à borla. Até a irmã maior e vacinada. Que os funcionários têm barbeiro à borla. Que têm um ordenado base, mas que pode ser substancialmente aumentado, bastando cumprir o horário normal (?!) de trabalho. 
Havia que terminar com isto, e o país estava (quase) todo de acordo.

Dentro desta linha de pensamento e talvez confiando na proverbial aversão de certas facções da sociedade portuguesa às Forças Armadas para lhe dar cobertura, o Sr. Ministro da Defesa, resolveu vir a público proferir algumas barbaridades acerca das instituições militares e dos próprios militares que as compõem.
Habituada que está a utilizar o Orçamento da Defesa como um "saco azul" ao qual se pode recorrer sempre que necessário para outros fins, a classe política propõe-se ultrapassar os limites do razoável. 

Ignorando que desde o 25 de Abril foram as FA's as instituições que mais reformas já tiveram, quando muitos órgãos do Estado continuam gordos e estacionários. Ignorando que nas FAs há já uma rentabilização de recursos superior a qualquer outro órgão estatal e de fazer inveja a muita empresa privada. Ignorando que com os cortes já perpetrados se estão a atingir níveis de treino e funcionamento  perigosamente baixos. Ignorando que o seu motorista porventura ganha mais que um piloto de helicópteros de busca e salvamento. Nas FA's já não há mais por onde cortar, sob pena de deixarem de existir como tal. A tentativa de cortes nos privilégios e benesses abusivas e absurdas em muitas entidades, parece ter descambado numa catártica "caça às bruxas" em que há que "queimar" também os militares.

Tal como já tive oportunidade de escrever antes, nas FA's o Sr. Ministro encontra facilmente homens com mais cultura e formação que em qualquer direcção de partido político. Homens com Sentido de Estado, uma noção que falta a várias gerações de políticos. As FA's que o Sr. Ministro apelidou de "politizadas", foram as mesmas que ofereceram a liberdade aos portugueses em 25 de Abril de 1974 e a souberam manter em 25 de Novembro de 1975. Devolveram depois o seu poder à sociedade civil e passaram a submeter-se voluntariamente ao poder político, numa atitude inaudita na história mundial. O mesmo poder político que desde então não tem cessado de as subverter e desconsiderar a seu bel-prazer.
O Sr. Ministro da Defesa veio a público dizer que só deve estar nas FA's quem tem vocação para tal. Esqueceu-se de definir o seu conceito de vocação. Curiosamente, o normal coro de vozes hostis às forças militares, quase nem se fez ouvir. Estariam todos distraídos?

Poucos saberão que foram as missões internacionais das FA's que deram voz a Portugal nas Nações Unidas na resolução da situação de Timor-Leste. Poucos o saberão porque a classe política se encarregou de tomar para si os louros.
São as FA's actualmente dos poucos esteios de credibilidade do país a nível internacional, pelas meritórias missões que vêm mantendo a decorrer pelo mundo.
Mas são esses homens que o Sr. Ministro da Defesa quer fora das FA's porque lhe são incómodos. São ironicamente um alvo fácil.

Entretanto os grandes interesses mantêm-se incólumes: o Estado continua a sustentar entre muitos outros interesses, contratos com empresas claramente danosos para o país, assinados por quem antes estava no Governo e agora está nessas empresas. Continua a servir interesses, não politizados como acusou o Sr. Ministro os militares, mas de políticos e ex-políticos. E por aí sim, haveria muito dinheiro que se poderia poupar aos contribuintes.

Ainda assim o Sr. Ministro acertou na necessidade de reformas. Mas reformas para que as FA's sejam mais autónomas do poder político, constantemente a ingerir-se no seu funcionamento interno.

As FA's não são a Carris, Sr. Ministro. 

Da próxima vez que falar dos homens que o seu ministério tutela, tenha vergonha. Há mais patriotismo no dedo de um pé de um soldado português, do que na classe política toda.
As Forças Armadas devem ser a pedra basilar de uma nação. Se ainda não percebeu isso, está no cargo errado!
____
Nota: Não sou militar, nunca fui militar, nem tão-pouco tenho militares na minha família próxima. Não sou nem nunca fui filiado nem simpatizante de nenhum partido político. Considero-me por isso insuspeito para poder falar de modo isento, longe de interesses próprios em qualquer dos lados.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

TACTICAL LEADERSHIP PROGRAMME 2012-1/Albacete (M599 - 9AL/2012)

Na passada 4ª feira, dia 8 de Fevereiro, realizou-se o Spotters Day da primeira "parcela" do curso Tactical Leadership Programme, relativa a este ano de 2012.
Apesar de não haver presença portuguesa nos meios aéreos, é sempre uma oportunidade de (re)ver alguns aparelhos aliciantes, sobretudo do ponto de vista fotográfico. Espanha é aqui ao lado e apesar do frio, a comitiva nacional avançou intrépida rumo ao reino de Castela.
Este ano, um facto "curioso" ocorreu, a saber: à entrada na Base Aérea de Los Llanos, em Albacete os spotters tiveram de deixar as mochilas abertas encostadas num canto para os cães-polícia detetarem a eventual presença de explosivos, acrescendo-se o facto de terem sido dadas ordens expressas para não fotografar os aparelhos F-16 norte-americanos! 
As fotos revelam a ação dos diversos aparelhos, no sentido do cumprimento das missões integrantes do curso e que tem por objectivo norteador, melhorar e homogeneizar táticas e procedimentos em operações multinacionais, consistindo nas componentes teórica e prática.
O Pássaro de Ferro agradece uma vez mais ao "enviado especial", Helder Afonso a sua disponibilidade para colaborar nesta edição!

 AV-8B+ Harrier II, Espanha

 Linha da Frente com Rafale (França) e F-16 (Holanda, Bélgica e EUA)


 Rafale - França

 UH-60 Black Hawk, Espanha

 EH-101 Merlin, Marinha Italiana

 F-16AM, Bélgica


 F/A-18 (C-15), Espanha

 Mirage 2000C - França

 Mirage 2000D - França



 Eurofighter Typhoon - Itália

 Tornado IDS - Alemanha


 Super Etendard - França

 Panóplia do Mirage F-1, Espanha
 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

AVIÕES DE/NO BOLSO (M598 - 8AL/2012)

O Pássaro de Ferro, através do Paulo Moreno, apresenta mais um flashback, desta feita relativo a uma coleção de "calendários de bolso", cuja publicação ocorreu a meio da década de oitenta - 1986/87, por ocasião do 34º aniversário da Força Aérea.
São pequenas pérolas que retratam com apropósito uma época da Força Aérea Portuguesa (FAP), não só pelo retrato das aeronaves que operava, das quais restam o C-130 e o AL-III, mas por serem espécimes raros e na altura, meios para captar vocações na juventude.
Esta coleção que agora se publica, surge também um pára-quedista, uma força que na altura estava integrada na FAP e que fazia parte da noção de "ir para a Força Aérea".
Estas preciosidades surgiam num tempo em que era muito difícil e raro obter imagens das nossas aeronaves militares. Não existia internet e conceitos como spotting e dias a ele dedicados eram praticamente consideradas histórias de embalar meninos que gostavam de aviões... ou quase ficção científica, digamos.

 Os "Asas de Portugal", voando os lendários T-37C.

 Os A-7P Corsair II, as "grandes máquinas" da altura...

 O SA-330 Puma que "resistiu" até há poucos anos, sempre para que outros vivessem!
 O Fiat G-91. Um belo avião que marcou muitos militares, tanto em Portugal como em África!

 O Allouete III, um helicóptero sem fim!

 A nossa "fortaleza voadora". O C-130 Hércules.

Um avião que deixou tantas saudades e onde tantos pilotos aprenderam as regras da "caça"... T-33, no caso um RT-33A...

Os elegantes T-38, onde muitos pilotos ultrapassaram a barreira do som e o primeiro avião da FAP com afterburner...

 Um pára-quedista desce rumo ao solo.
 Parte de trás dos calendários. Recuar um quarto de século...


Por isso mesmo, quando conseguíamos coisas destas, era como se entrássemos nas unidades aéreas para ver e tocar as aeronaves. E trazê-las no bolso era o melhor dos mundos!
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Imagens da então "Central de Publicações da Força Aérea" - Coleção Paulo Moreno.

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