O porta-aviões USS Carl Vinson mantém-se no médio oriente como parte da 5ª frota da US Navy Foto: US Navy/Carlos Vazquez II |
Dois F/A-18 Hornet descolam do USS Carl Vinson sob avigilância do USS Momsen, destroyer que integra o grupo de apoio ao porta-aviões no Mar Arábico Foto: US Navy/George Bell |
A questão nuclear iraniana não é de agora. Conta já um
imensa série de episódios entre a Comunidade Internacional e o governo de Teerão, numa espécie de jogo do "gato e do
rato" que dura já uma década.
Se poucos acreditam que o ensejo de possuir tecnologia
nuclear seja puramente o de produzir energia a baixos preços, já o verdadeiro estado
de desenvolvimento dessa tecnologia é uma incógnita fora dos meios restritos de
Teerão.
E é precisamente essa ignorância um dos trunfos que o presidente
iraniano Mahmoud Ahmadinejad vai jogando, aliando-a à memória da guerra dos EUA
no Iraque em 2003 e às "armas de destruição maciça" que afinal não
passaram de fantasmas.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA)
de novembro de 2011 no entanto, concluiu num relatório inédito, que estiveram a
ser desenvolvidas ações para a produção de um engenho explosivo nuclear em solo
iraniano.
Desde então as sanções financeiras e económicas do mundo
ocidental não se fizeram esperar, congelando ativos do Irão no exterior e
embargando as vendas de
petróleo. Já em dezembro a queda de um UAV de vigilância americano RQ-170
Sentinel, em território persa, causou embaraço em Washington e foi troféu de
exibição em Teerão.
O RQ-170 Sentinel capturado no Irão foi exibido na televisão estatal |
Por outro lado, Israel que há já vários anos vem colocando a hipótese de um ataque unilateral às instalações nucleares iranianas, garantindo serem as ameaças de retaliações iranianas um mero bluff, ainda não o fez, quiçá refreados pelo Tio Sam.
Entretanto cientistas
iranianos ligados ao programa nuclear foram assassinados, sem que a autoria dos
ataques tenha sido reivindicada. As ameaças iranianas subiram de tom. Jogando com as eleições
nos EUA em 2012 e com a memória da crise do petróleo que despoletou em 1979, o
Irão propõem-se dar a volta ao texto: efetua exercícios navais no Estreito de
Ormuz, chega a proibir os EUA de transitar por aquele importante canal de circulação
e impõe do seu lado um embargo na venda do petróleo a nações consideradas
hostis.
Grupo de proteção do porta-aviões USS John Stennis em exercícios defensivos Foto: US Navy/Kenneth Abbate |
Passagem do porta-aviões USS Abraham Lincoln pelo Estreito de Ormuz Foto: US Navy/Christopher Johnson |
Apesar da passagem ser considerada de "rotina" pelos EUA, não houve lugar a facilitismos Foto: US Navy/Christopher Johnson |
Numa demonstração de força velada, aproveitando o render de um dos
porta-aviões em
destacamento no Golfo Arábico, os EUA
transitaram já em 2012 com todos os poderosos meios de apoio aos porta-aviões
USS Abraham Lincoln e Carl Vinson sem que qualquer ameaça real tenha surgido.
De igual modo, o Irão destacou meios navais no Mediterrâneo,
o que nunca havia sucedido durante o atual regime (desde 1979), numa clara provocação
a Israel e Europa, à qual mantém o seu embargo de petróleo.
Numa visita da AIEA entre 20 e 21 de fevereiro de 2012, cujos inspetores não
foram autorizados a visitar as instalações da central de Parchin, manteve-se mais
uma vez o impasse, agora e cada vez mais agravado.
O porta-aviões Abraham Lincoln (dir) rende no Mar Arábico o John Stennis (esq) Foto: US Navy/Colby Neal |
Para já os preços do petróleo dispararam, os EUA mantêm dois
porta-aviões na região e Israel está, como de costume, de sobreaviso.
Enquanto alguns questionam uma vez mais, o direito de
intervenção do Ocidente num país soberano, a alternativa é o espectro de uma
Guerra Fria numa zona de ideologias radicais e regimes políticos instáveis.
2 Comentários:
Há uma pequena imprecisão no texto... Já no ano passado a fragata Alvand e o reabastecedor Kharg estiveram no Mediterrâneo, atravessando o Suez.
AC
Corrigindo o meu comentário anterior, os navios não chegaram a atravessar o Suez. O texto está correcto.
AC
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