A silhueta do B-52 já é vista nos céus há mais de 60 anos Foto:Kamaile Long/USAF |
Preocupações com a segurança nacional causadas pela Guerra
Fria, levaram a USAF a colocar restrições incomuns à volta do seu novo
bombardeiro. Mas quando a mesma USAF marcou o primeiro voo do B-52 para horário
noturno, a Boeing apresentou queixa oficial.
A Boeing e oficiais da USAF reuniram-se e a lógica prevaleceu.
Todas as restrições foram levantadas, o avião foi revelado e faria o seu primeiro
voo debaixo da luz do dia.
O primeiro B-52 a voar a 15 de abril de 1952 Foto: USAF |
O primeiro voo de um B-52 Stratofortress (protótipo YB-52) foi publicamente anunciado para terça-feira 15 de abril de 1952, que acabou por revelar-se
um anormalmente quente e solarengo dia em Seattle.
Funcionários da Boeing juntaram-se junto às janelas dos escrotórios,
na placa e noteto do edifício 2. Houve até quem estabelecesse o paralelo com a agitação
das estreias na Broadway. Todas as estradas, telhados e colinas em redor das
instalações da Boeing estavam completamente apinhadas de espetadores.
O piloto desse primeiro voo foi Alvin "Tex"
Johnston, um dos pilotos de testes da Boeing. Johnston recebeu a sua alcunha/callsign
pelo gosto de usar botas de cowboy, mesmo durante os voos de teste. Viria a
tornar-se uma lenda da aviação em 1954, quando fez o protótipo do 707 descrever
um tonel barrilado de 360º sobre o lago Washington, não uma mas duas vezes,
durante a primeira apresentação pública do modelo.
O co-piloto, foi o TenCor Guy Townsend do Centro de Testes da
USAF. Durante a II Guerra Mundial tinha voado B-17s e B-29s. Após uma longa
carreira na USAF, reformou-se como Brigadeiro-General e ingressou também na
Boeing.
Ambos os pilotos tinham larga experiência com o anterior bombardeiro
a jato da Boeing, o B-47.
Mesmo antes das 10:00 da manhã, os pilotos no cockpit,
iniciaram a checkagem final de instrumentos e controlos. Às 10:45, os oito
motores da aeronave ganharam vida com um troar de fazer doer os ouvidos.
"Este tipo, o Tex Johnston, não é pessoa para ficar
parado a brincar com os motores" comentava um mecânico com uma pessoa ao
seu lado. "Se tudo parecer bem ele vai voar."
Às 11:03 o B-52 rolava pelo taxiway, virava na direção da
pista principal no topo Norte das instalações da Boeing e parou. Alvin Johnston
empurrou as oito manetes de para a máxima potência e soltou os travões. Às
11:09 as rodas deixavam o chão.
Os 8 motores do B-52 debitam um total de 61 ton. de impulso Foto:John Rohrer/USAF |
A edição de 17 de abril de 1952 da revista "Boeing
News" descrevia a descolagem deste modo: "Era aquilo mesmo. O
tremendo barulho dos motores aumentou mais e mais, à medida que o avião ganhava
velocidade. Percorreu a pista com velocidade enganadora, desfilando à frente de
outros bombardeiros que fizeram história aqui: os menores B-47s, B-50s os B-29s
e um velho mas orgulhoso B-17, quase duas décadas de bombardeiros históricos. A
imensa multidão que se juntou para ver a descolagem, soltou-se num aplauso
espontâneo."
Um vetusto B-17 da II Guerra Mundial e um B-52 operacional Foto: Michael Kaplan/USAF |
Uma das pessoas mais felizes de ver o YB-52 elevar-se no céu
era o presidente da Boeing Bill Allen. Normalmente reservado, na companhia de
outros executivos e oficiais da USAF, acenava como uma cheerleader. "Dá-lhe
rapaz, dá-lhe" gritava.
Johnston e Townsend mantiveram-se à volta de Seattle durante
40 minutos, enquanto testavam o trem de aterragem, flaps e ailerons. Depois
subiram aos 25.000 pés
e encaminharam-se para a Base Aérea de Larson em Moses Lake, estado de Washington.
Chegando pelo meio-dia, o YB-52 sobrevoou a zona de Moses
Lake durante as 2 horas seguintes, enquanto os pilotos continuaram a realizar a
bateria de testes. Johnston transmitiu por radio que a performance do avião era
tal como prevista pelos engenheiros.
Às 14:00 o YB-52 aterrou na pista de 3330 m da Base Aérea de
Larson. O voo durou 2 horas e 51 minutos. Na época foi o mais longo e
bem-sucedido primeiro voo da história da Boeing. O co-piloto Tonwsend sabia que o B-52 tinha
sido bem construído. Mas nunca imaginou que ainda estaria a voar 60 anos
depois. "Nenhum de nós sequer imaginou que o avião ficaria ao serviço
durante tanto tempo", referiu Townsend com 81 anos numa entrevista em 2002.
"Três gerações de pilotos já voaram no B-52 e até ser retirado devem voar
ainda mais duas gerações. Se me dissessem isso na altura (NR: do primeiro voo)
eu diria que alguém não estava a bater bem da cabeça."
Com as modernizações previstas para 2013-2015 nas unidades
atualmente ao serviço, está previsto a frota B-52 voar pelo menos até 2040, pelo
que a previsão de Townsend em 2002 terá com certeza de ser corrigida!
Fonte: Boeing
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