segunda-feira, 16 de abril de 2012

60 ANOS DE B-52 (M633-34PM/2012)


A silhueta do B-52 já é vista nos céus há mais de 60 anos              Foto:Kamaile Long/USAF

Preocupações com a segurança nacional causadas pela Guerra Fria, levaram a USAF a colocar restrições incomuns à volta do seu novo bombardeiro. Mas quando a mesma USAF marcou o primeiro voo do B-52 para horário noturno, a Boeing apresentou queixa oficial.
A Boeing e oficiais da USAF reuniram-se e a lógica prevaleceu. Todas as restrições foram levantadas, o avião foi revelado e faria o seu primeiro voo debaixo da luz do dia.
 

O primeiro B-52 a voar  a 15 de abril de 1952                                                 Foto: USAF

O primeiro voo de um B-52 Stratofortress (protótipo YB-52) foi publicamente anunciado para terça-feira 15 de abril de 1952, que acabou por revelar-se um anormalmente quente e solarengo dia em Seattle.

Funcionários da Boeing juntaram-se junto às janelas dos escrotórios, na placa e noteto do edifício 2. Houve até quem estabelecesse o paralelo com a agitação das estreias na Broadway. Todas as estradas, telhados e colinas em redor das instalações da Boeing estavam completamente apinhadas de espetadores.

O piloto desse primeiro voo foi Alvin "Tex" Johnston, um dos pilotos de testes da Boeing. Johnston recebeu a sua alcunha/callsign pelo gosto de usar botas de cowboy, mesmo durante os voos de teste. Viria a tornar-se uma lenda da aviação em 1954, quando fez o protótipo do 707 descrever um tonel barrilado de 360º sobre o lago Washington, não uma mas duas vezes, durante a primeira apresentação pública do modelo.

O co-piloto, foi o TenCor Guy Townsend do Centro de Testes da USAF. Durante a II Guerra Mundial tinha voado B-17s e B-29s. Após uma longa carreira na USAF, reformou-se como Brigadeiro-General e ingressou também na Boeing.

Ambos os pilotos tinham larga experiência com o anterior bombardeiro a jato da Boeing, o B-47.
Mesmo antes das 10:00 da manhã, os pilotos no cockpit, iniciaram a checkagem final de instrumentos e controlos. Às 10:45, os oito motores da aeronave ganharam vida com um troar de fazer doer os ouvidos.

"Este tipo, o Tex Johnston, não é pessoa para ficar parado a brincar com os motores" comentava um mecânico com uma pessoa ao seu lado. "Se tudo parecer bem ele vai voar."

Às 11:03 o B-52 rolava pelo taxiway, virava na direção da pista principal no topo Norte das instalações da Boeing e parou. Alvin Johnston empurrou as oito manetes de para a máxima potência e soltou os travões. Às 11:09 as rodas deixavam o chão.

Os 8 motores do B-52 debitam um total de 61 ton. de impulso           Foto:John Rohrer/USAF

A edição de 17 de abril de 1952 da revista "Boeing News" descrevia a descolagem deste modo: "Era aquilo mesmo. O tremendo barulho dos motores aumentou mais e mais, à medida que o avião ganhava velocidade. Percorreu a pista com velocidade enganadora, desfilando à frente de outros bombardeiros que fizeram história aqui: os menores B-47s, B-50s os B-29s e um velho mas orgulhoso B-17, quase duas décadas de bombardeiros históricos. A imensa multidão que se juntou para ver a descolagem, soltou-se num aplauso espontâneo."

Um vetusto B-17 da II Guerra Mundial e um B-52 operacional       Foto: Michael Kaplan/USAF

Uma das pessoas mais felizes de ver o YB-52 elevar-se no céu era o presidente da Boeing Bill Allen. Normalmente reservado, na companhia de outros executivos e oficiais da USAF, acenava como uma cheerleader. "Dá-lhe rapaz, dá-lhe" gritava.

Johnston e Townsend mantiveram-se à volta de Seattle durante 40 minutos, enquanto testavam o trem de aterragem, flaps e ailerons. Depois subiram aos 25.000 pés e encaminharam-se para a Base Aérea de Larson em Moses Lake, estado de Washington.

Chegando pelo meio-dia, o YB-52 sobrevoou a zona de Moses Lake durante as 2 horas seguintes, enquanto os pilotos continuaram a realizar a bateria de testes. Johnston transmitiu por radio que a performance do avião era tal como prevista pelos engenheiros.

Às 14:00 o YB-52 aterrou na pista de 3330 m da Base Aérea de Larson. O voo durou 2 horas e 51 minutos. Na época foi o mais longo e bem-sucedido primeiro voo da história da Boeing.  O co-piloto Tonwsend sabia que o B-52 tinha sido bem construído. Mas nunca imaginou que ainda estaria a voar 60 anos depois. "Nenhum de nós sequer imaginou que o avião ficaria ao serviço durante tanto tempo", referiu Townsend com 81 anos numa entrevista em 2002. "Três gerações de pilotos já voaram no B-52 e até ser retirado devem voar ainda mais duas gerações. Se me dissessem isso na altura (NR: do primeiro voo) eu diria que alguém não estava a bater bem da cabeça."

Alguns dos B-52 operacionais em 2012                            Foto:Cory Todd/USAF

Com as modernizações previstas para 2013-2015 nas unidades atualmente ao serviço, está previsto a frota B-52 voar pelo menos até 2040, pelo que a previsão de Townsend em 2002 terá com certeza de ser corrigida!

Quase 4 décadas separam o primeiro voo do B-52 e do B-2                              Foto:USAF


Fonte: Boeing

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