segunda-feira, 2 de abril de 2012

FALKLANDS/MALVINAS - GUERRA NOS MARES DO SUL (M626-29PM/2012)

Um IA-58 Pucara argentino danificado durante a guerra agoniza como alvo numa carreira de tiro após o final do conflito


Há 30 anos, o mundo acordou espantado com as notícias da invasão de um pequeno arquipélago no extremo Atlântico Sul: as Falklands.
Durante os dois meses e meio seguintes, Reino Unido e Argentina mediriam forças na luta pela soberania de duas pequenas porções de terra. Inóspitas, ventosas e quase inférteis, mas disputadas ao longo dos séculos por vários países, por várias razões.

Apesar da existência de vestígios da presença pretérita de ameríndios no território, apenas no século XVIII as ilhas foram colonizadas, quase simultaneamente por franceses e britânicos (e começavam já aqui os problemas, incluindo o nome do arquipélago). As Malouines, como lhes chamaram os franceses e de onde deriva o nome Malvinas ainda hoje utilizado pelos argentinos, terão sido primeiro avistadas pela frota de Fernão de Magalhães em 1520, aparecendo assinaladas nalgumas cartas náuticas desde então e confirmada a sua existência oficialmente pelos holandeses já no fim do século XVI.
Se numa primeira fase não despertaram grande interesse, em finais do século XVIII começaram a ser utilizadas como refúgio de navios nos impiedosos mares e tempestades da região, bem como de base de apoio a caçadores de baleias e focas. A soberania passaria de britânicos para espanhóis até serem desocupadas pelos últimos, com a independência da Argentina em 1810.
Abandonado durante uma década, o arquipélago seria reclamado pelo novo país num processo pouco ortodoxo envolvendo um mercenário norte-americano, atos de pirataria e uma tentativa de estabelecimento de monopólio da caça às focas.
Os britânicos, insatisfeitos com o "estado de coisas", enviaram uma Força-Tarefa e ocuparam o território definitivamente para a Coroa Britânica em 1833.

Desde então, a Argentina não cessou de reivindicar os direitos sobre as Malvinas, tendo as suas pretensões sido renovadas durante os movimentos anti-colonialistas dos anos 60 e 70 do século XX.
Se numa Argentina com um regime autoritário militar, cada vez mais se pretendia a reapropriação das ilhas nos finais da década de 70, do Império Britânico chegavam finalmente em 1982 sinais que pareciam permitir o desiderato: incluído num plano de redução de forças do Governo de Margareth Thatcher para a Marinha Britânica, está a retirada de militares das Falklands, o que é entendido pelos argentinos como um sinal do desinteresse britânico pelas ilhas, e os instiga a passar à ação.
Convictos que não haverá reação a uma ocupação a 12.000 km de distância, até porque haviam experimentado em várias ocasiões pequenos atos provocatórios sem consequências de maior, as Forças Argentinas ocuparam as Malvinas a 2 de abril de 1982, através da Operação Rosario.

Mas a fácil ocupação não foi mais do que o prolongamento do engano em que haviam caído com a interpretação do alegado desinteresse britânico.
É que no Reino Unido, ninguém estava preparado para chamar Malvinas às Falklands. Apesar da intenção de retirar forças militares das ilhas, mantinha-se o interesse estratégico da proximidade com a Antártida e de controlo do tráfego marítimo no extremo Austral do continente americano.
Pior que tudo, o orgulho britânico tinha sido ferido.
A resposta seria dada na forma da Operação Corporate, planeada durante 3 semanas após o ataque argentino."O Império Contra-Ataca" sequela do filme Star Wars então recentemente exibida no cinema, foi o título da revista americana Newsweek, quando a Força-Tarefa britânica partiu rumo aos mares do Sul.

Em próximas crónicas, vamos descrever alguns episódios marcantes daquela que pode ser considerada a última verdadeira guerra aeronaval da história mundial.


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