Poucas coisas no nosso país se aprontam, anualmente, como inevitáveis. Uma dessas coisas são os incêndios florestais (IF)!
Desde sempre que a introdução de meios aéreos na luta contra eles se envolveu em polémicas, misturando o poder político, interesses, inabilidades várias, erros de análise e avaliação, sempre com evidentes prejuízos para o Estado e obviamente para as florestas.
Com as alterações climáticas, a chamada "época de incêndios" deixou de estar balizada por um calendário e, como se constata este ano, não chegou a acabar ou, se se quiser, prolongou-se pelo outono e inverno fora, está na primavera e teme-se o cenário no verão.
Certo certo é que a problemática do combate aéreo aos incêndios tem sido pasto para muitas manobras, avanços e recuos e não raras vezes tem incendiado os organismos que tutelam esta situação e que gerem muitos e apetecíveis milhões de euros. E aí está o cerne das polémicas.
O afastamento dos meios militares, nomeadamente os C-130 (com 2 kits MAFFS - Modular Airborne Fire Fighting System) e os helis AL-III que estavam sempre prontos para operações de menor escala mas de importância relevante, abriu as portas a entidades exteriores e claro, nenhum processo que envolva muito dinheiro é pacífico. A instituição militar, sempre mais parcimoniosa com os dinheiros públicos, deixou de estar envolvida, pelo que o apetite e o quase habitual descontrole exteriores à instituição militar, trataram de tornar esta matéria combustível para uma espécie de "fogo paralelo", alimentado inicialmente a escudos e depois e presentemente, a euros.
Todos os anos o governo alugava meios aéreos a diversas empresas e organismos e todos os anos as polémicas com os gastos se renovavam, sendo certo que toda a gente concorria na ideia de ter de se colocar um ponto final na sazonalidade frásica desta discussão.
As coisas eram tanto mais absurdas na medida em que esses meios aéreos eram "desativados" com o dito "fim da época de fogos", situação que se foi alterando na medida em que o clima provou que o caráter estanque das (antigas?) estações do ano se diluiu e, portanto, há que ter os meios aéreos prontos 365 dias por ano e não só para o combate aos IF.
Todos os anos o governo alugava meios aéreos a diversas empresas e organismos e todos os anos as polémicas com os gastos se renovavam, sendo certo que toda a gente concorria na ideia de ter de se colocar um ponto final na sazonalidade frásica desta discussão.
As coisas eram tanto mais absurdas na medida em que esses meios aéreos eram "desativados" com o dito "fim da época de fogos", situação que se foi alterando na medida em que o clima provou que o caráter estanque das (antigas?) estações do ano se diluiu e, portanto, há que ter os meios aéreos prontos 365 dias por ano e não só para o combate aos IF.
A dada altura, também os desativados e históricos helicópteros SA-330 Puma da Força Aérea Portuguesa foram introduzidos na equação, dizendo-se que poderiam ser usados no combate aos fogos. Para não variar, a proposta não foi pacífica e, até ver, os Puma permanecem parados e sem pretendentes. O que se fez, então, foi a compra dos helis Kamov Ka32A11BC e dos Eurocopter AS-350B3 Ecureuil, em mais uma decisão que foi tudo menos consensual.
Todas as decisões são passiveis de escrutínio e crítica e esta decisão não foi exceção. A juntar a toda a polémica, somam-se os muito elevados custos com a manutenção destas aeronaves, sobretudo dos Kamov, situação que onera muitos milhões de euros anuais ao Estado, num contrato que pode ser, no mínimo, discutível.
Lamentavelmente nesta equação, a variável mais fraca é o combate aos IF, situação que não se compadece com estas errâncias, mandos e desmandos dos poderes.
Enquanto as coisas não se redefinem, decorrentes do futuro (incerto) da própria EMA - Empresa de Meios Aéreos, que o atual governo diz querer extinguir - os IF continuam o seu caminho, fazendo com que os derrotados sejam sempre os mesmos: florestas e património ambiental, as populações afetadas e, pelo que se vê, o próprio Estado que pretende, face à "crise", fazer uma espécie de "quadratura do círculo", isto é, gastar menos dinheiro e ter mais meios para fazer frente aos IF.
No fim de tudo isto, o que se apresenta como sendo certo e em qualquer circunstância, é que se trata de uma saga em que se continuarão a gastar muitos milhões de euros, ao sabor de definições e redefinições e de interesses instalados que, diga-se sem receios, existem e não tem sido, como deviam ser, pura e simplesmente banidos.
No fim de tudo isto, o que se apresenta como sendo certo e em qualquer circunstância, é que se trata de uma saga em que se continuarão a gastar muitos milhões de euros, ao sabor de definições e redefinições e de interesses instalados que, diga-se sem receios, existem e não tem sido, como deviam ser, pura e simplesmente banidos.
Imagens de helicópteros Kamov KA-32, obtidas na passada 5ª feira, dia 29 de Março, durante o combate a um incêndio florestal na zona de Penela - Coimbra.
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