Vinte Spitfires da RAF "quase novos" poderão
brevemente voltar a voar, no seguimento de um acordo conseguido com o governo
de Myanmar (Ex-Birmânia).
Os peritos acreditam ter descoberto o local onde foram
enterrados cerca de uma vintena dos famosos caças da II Guerra Mundial,
dispersos por vários campos de voo por todo o país. O Primeiro-Ministro David
Cameron aparentemente assegurou um acordo que permitirá trazê-los de volta para
a Grã-Bretanha.
Os Spitfires birmaneses modelo Mk IX aqui ilustrados não serão os que alegadamente estão há quase 70 anos soterrados no solo da antiga colónia britânica (modelo Mk II). Foto: Anónimo |
A campanha para expulsar os japoneses da Birmânia foi a mais
longa e sangrenta campanha britânica da guerra, começando logo após a invasão
nos finais de 1941.
Os Spitfires apoiaram as forças especiais Chindit no terreno
e provaram dar um enorme contributo para o moral das tropas. Tiveram um papel
fulcral na derrota do inimigo e na cobertura das tropas durante a subsequente
progressão por toda a Birmânia.
Os historiadores afirmam que os Spitfires foram
transportados da Birmânia no Verão de 1945, duas semanas antes do lançamento
das bombas nucleares sobre o Japão, que precipitaram o fim da guerra.
Mas os Spitfires Mk II do lote secreto nunca chegaram a
entrar em ação.
Earl Mountbatten (último Vice-Rei da Índia) emitiu uma ordem
para que fossem escondidos em 1945, evitando cair nas mãos de estrangeiros,
aquando da desmobilização do exército britânico. As aeronaves, vindas
diretamente da linha de montagem, foram enterradas em crateras onde ficaram
entre 1,20m e 1.80m abaixo da superfície do terreno.
Imagem dos Spitfires a serem encaixotados para posterior soterramento Foto: Sean Spencer |
As posições no entanto perder-se-iam, quando a RAF apagou as
localizações dos registos oficiais.
Entusiastas da aviação ajudados por técnicos da Universidade
de Leeds e um veterano da II Guerra Mundial que presenciou os enterros,
acreditam agora ter descoberto as localizações, com a ajuda de radar de
penetração no terreno.
O executivo de Downing Street quer agora desenterrar os
aviões e restaurá-los de modo a restituir-lhes toda a sua glória.
As condições das caixas que continham as aeronaves e as asas
separadamente, são ainda desconhecidas. Os especialistas estão contudo
otimistas quanto à sua conservação.
O mesmo Mk.II da primeira foto apesar de diferente matrícula Foto: Neil Darby/Airliners |
O Spitfire é sem qualquer dúvida o avião mais importante da
história da aviação britânica e estará seguramente também nos lugares da frente
a nível mundial, razão para que haja tanto empenho do próprio Chefe de Governo
do Reino Unido.
Foi construído em maiores quantidades que qualquer outro
aeronave britânica e foi o único caça a ser produzido durante toda a Guerra. No
total foram construídas 20 351 unidades para a RAF durante a II Guerra Mundial, em 24 versões
diferentes, ao custo unitário médio de 12 600 GBP. Destas, apenas entre 35 a 40 se encontram em
condições de voo em todo o mundo.
Os peritos estimam que as unidades encontradas na Birmânia
deverão valer para colecionadores, pelo menos um milhão de libras cada, tal é a
raridade destas preciosidades.
O acordo alcançado entre a antiga potência colonizadora e
colónia, tem contudo sofrido alguns sobressaltos devido às problemáticas relações
diplomáticas entre os dois países. Certo
é, que o espólio por enquanto ainda por revelar em solo Birmanês, já despertou também
o interesse de americanos, israelitas e australianos, havendo mesmo um milionário
disposto a comprar todas as unidades que se consigam encontrar.
Começou a caça ao tesouro...
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