O Breguet 16 Bn-2 "Pátria" em passagem pelo Iraque em 1924 Foto: Joseph Cox |
Se a primeira travessia aérea do Atlântico Sul por Gago
Coutinho e Sacadura Cabral é mais ou menos conhecida, já o mesmo não se pode
dizer da primeira ligação aérea entre a ocidental pátria lusitana e Macau, nos
confins do oriente.
E foi precisamente Pátria o nome escolhido para batizar o
Breguet eleito para tentar um novo feito, escassos dois anos após a proeza de
Coutinho e Cabral, portanto quando decorria o ano de 1924.
O Breguet 16 Bn-2 com
motor Renault de 300 cv que havia servido como bombardeiro noturno durante a I Guerra
Mundial, foi adquirido através de subscrição pública, dado o desinteresse
demonstrado pelo Governo de então, na ajuda aos aviadores. Para a viagem,
várias modificações seriam introduzidas relativamente à configuração com que
foi recebido, nomeadamente a retirada de material bélico para colocação de
depósitos de combustível extra, de modo a aumentar a autonomia do aparelho.
A viagem, com início em Vila Nova de Milfontes a 7 de abril,
levaria Brito Pais e Sarmento Beires (e o mecânico Manuel Gouveia a espaços) a
percorrer um total de 16.380km em 115h e 45min de voo, não sem diversos
percalços que por múltiplas vezes fizeram perigar o desiderato. Condições
atmosférica adversas, tempestades de areia e cartas de navegação incorretas,
levaram a que o Breguet 16 chegasse à Índia no limite das condições de voo. É
então, e perante a coragem demonstrada pelos destemidos aviadores, que o
Governo decide custear uma nova aeronave a adquirir na Índia, um Havilland
Liberty DH9, para que fosse possível
terminar as últimas etapas da viagem, até à então cidade portuguesa no Oriente.
Já a 20 de junho de 1924 (cumprem hoje 88 anos) e partindo da Indochina, o
"Pátria II", como foi batizado o Liberty, sobrevoa Macau mas vê-se
impedido de aterrar devido ao mau tempo, acabando por efetuar uma aterragem de
emergência numa povoação chinesa junto a Hong Kong. Do avião danificado na
aterragem, restam hoje apenas algumas peças no Clube Lusitano de Hong Kong.
Do feito, um monumento em Milfontes assinala o local de
partida da epopeia dos portugueses, desta vez por ar, para o oriente. E Sarmento
Beires registou em livro o relato de viagem, no seu "De Portugal a
Macau".
Algumas poucas fotografias permanecem também, tal como a que
aqui apresentamos e que despoletou o artigo de hoje. Uma raridade pertença do San
Diego Air and Space Museum Archive, incluída na coleção Edwin Newman, e que
regista a passagem do "Pátria" por Hinaidi no Iraque.
Agradecimento: José Herculano Paulo
1 Comentários:
Esta façanha esta descrita num texto e em imagens que recolhi:
http://asasdeferro-suplementos.blogspot.pt/2015/10/primeira-viagem-aerea-portugal-macau.html
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