O F-22 Raptor era considerado inatingível até há pouco mais de um mês atrás Foto: Kevin Gruenwald/USAF |
Os Typhoon alemães reclamaram várias vitórias sobre os Raptor no Red Flag Alaska 2012-2 |
O exercício "Red Flag Alaska" 2012-2, realizado
durante o mês de junho na Base Aérea de Eielson trouxe mais do que simples
treino para os pilotos envolvidos.
Além da estreia dos F-16 polacos no exercício, proporciounou o
primeiro confronto entre Typhoons e Raptors.
E os resultados não se fizeram esperar: Em condições bem
definidas, diferentes das que serviram de conceito para atuação do F-22
(combate a curta distância - dogfight) e mediante a utilização de táticas
adequadas, os Typhoon conseguiram "abater" com canhão aquele que é o
único avião de 5ª geração em uso operacional e considerado o topo de gama sem
rival em termos de superioridade aérea a nível mundial.
O acontecimento não era por isso para passar despercebido e os
elementos do Esquadrão 74 da Luftwaffe, autores da proeza, não fizeram dele segredo;
muito pelo contrário.
Mecânicos japoneses saúdam um Typhoon alemão à saída para mais uma missão Foto: Jim Araos/USAF |
Desde então, de várias procedências têm-se multiplicado
as explicações e dissertações sobre o sucedido.
Se por um lado a USAF alega que o combate ocorreu em
condições inverosímeis num teatro de guerra real, por outro o simples beliscar
da aura de invencibilidade que possuía o F-22, fez tremer o delicado equilíbrio que
mantém programas altamente dispendiosos como o do F-22 ou F35. Pior ainda se
aconteceu através de um caça que custa cerca de sete vezes menos.
Na verdade, pormenores importantes mantidos secretos por
ambas as partes, não permitem uma análise rigorosa do sucedido, a partir do
exterior. Ainda mais difícil, quando os factos conhecidos são submergidos num sem-número de argumentos por parte dos operadores e propaganda dos fabricantes, de ambos os sistemas de armas.
Se conseguirmos filtrar corretamente tudo isto, a
certeza que fica é a de que, se por um lado o F-22 pode abater qualquer alvo
aéreo muito antes de ser detetado (a tecnologia de identificação laser que
consegue identificar aviões stealth não consegue rivalizar com o radar APG-77
do F-22), reunidas as condições apropriadas (não tão inverosímeis como os
defensores do F-22 querem fazer parecer), como enfrentar um número várias vezes
superior de inimigos ou a necessidade de efetuar identificação visual, o que
obrigaria o F-22 a
perder a vantagem proporcionada pelo radar, pode fazê-lo cair no universo dos
comuns mortais.
Também o F-4 Phantom II foi criado com o mesmo conceito de
superioridade aérea, tendo-lhe mesmo sido retirado o canhão interno dos requisitos
de conceção, por ser considerado desnecessário ao perspetivar-se o fim dos
dogfights. A guerra do Vietname e a incapacidade do F-4 para lidar com
situações em que caíam frequentemente, veio provar o erro do conceito e fazer
rever toda a teoria subjacente para aviões subsequentes como os F-14, F-15, F-16 e
F-18.
Passadas algumas décadas, o erro parece voltar a cometer-se
embora de forma algo ambígua, uma vez que se por um lado a USAF continua a
treinar e ministrar cursos de combate aéreo com todas as manobras e táticas
cássicas, como pedras basilares para pilotos de superioridade aérea, por outro
alega "não serem necessárias em condições de combate real".
Por enquanto os defensores do F-22 e respetivo conceito,
continuarão porventura a manter a sobranceria, uma vez que as guerras dos
últimos anos, senão décadas, em
que os EUA estiveram envolvidos, são guerras assimétricas, em
que o inimigo não tem sequer meios ou não os tem em número suficiente para pôr à prova as
reais capacidades do F-22.
A dúvida provavelmente continuará a residir em se as vantagens trazidas
pelo programa Raptor, valem mesmo os 400M USD que custou cada unidade, a partir do momento em que "raptor down" não acontece só por problemas no sistema de oxigénio.
Com as respetivas repercussões ao irmão mais novo F-35, ainda
na corda bamba por razões orçamentais e técnicas.