A compra do Aviocar (M711- 7JM/2012)

Há tempos, a revista Mais Alto nº394, publicou um artigo sobre os primórdios do Aviocar na FAP que muito apreciei pelo aspecto histórico. No entanto, o artigo trazia um erro relativamente às intenções portuguesas iniciais, o que me levou a escrever um pequeno texto sobre a forma como evoluiu a encomenda deste avião e clarificar alguns pontos da história relativos à aquisição desta aeronave. Deixo aqui os meus comentários sobre este tema.

 1- Os estudos iniciais do EMFA para um avião de transporte ligeiro conduziram à selecção de 2 tipos possíveis, o Skyvan e o Aviocar, com preferência pelo Skyvan por ser avião já provado em condições de operação difíceis.

 2- Devido ao embargo de armas contra Portugal, a preferência, no entanto, acabou por recair no Aviocar e a 26 de Dezembro de 1973, deslocou-se a Madrid, uma comissão de técnicos portugueses para discutir a celebração de um acordo para a compra de 28 aviões Aviocar com uma opção extra de mais 12 aparelhos.

3- Foi assinada uma carta de intenção nesse sentido e estipulado o preço de 696.397 mil contos para a compra das 28 aeronaves, com a previsão de entrega de 4 aviões em 1974 e 24 em 1975, como se pode ver pela carta em anexo (SDFA/AHFA).

 4- Depois do 25 de Abril, a encomenda foi reduzida para 24 aviões pelo preço 216.310 mil contos, ficando, no entanto, a aquisição final pelas 20 aeronaves.

 5- Desta forma, a informação veiculada na MA nº 394 de que um lote de 20 aviões foi encomendado no festival de Le Bourget em Junho de 73, não é correcta, pois, nessa altura, a intenção do Governo português era comprar 28 aviões.

6- Além disso, a delegação portuguesa que visitou Le Bourget em Junho de 73, voltou a manifestar interesse pelo Skyvan e também pelo Arava de fabrico isrealita, como se pode ver num comentário vertido num telegrama do embaixador francês em Lisboa, de 15/6/73, não parecendo plausível que tenha sido fechado qualquer acordo relativo ao Aviocar nesse evento.

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