Os interesses dos diferentes países europeus são muito difíceis de conciliar |
O fracasso das negociações para a fusão da britânica
BAE com o consórcio europeu EADS, deixou em aberto um grande ponto de
interrogação sobre o futuro de ambas as companhias.
A
união aparentemente seria favorável às duas partes e criaria a maior
companhia de defesa mundial (em volume de negócios), numa percentagem de
40% para os acionistas da BAE e 60% para a EADS.
A
BAE pretendia com a fusão aumentar a sua participação no mercado civil,
após ter vendido a sua participação de 20% na Airbus em 2006, enquanto a
EADS pretendia aumentar o seu departamento militar.
Do
outro lado do Atlântico, várias são agora as empresas do ramo que olham
para a BAE como uma boa oportunidade para aumentar cota de mercado, bem
como entrar em novos mercados onde a BAE possui vantagem, nomeadamente
no fabrico de submarinos nucleares, veículos e aviões militares e guerra
eletrónica.
Embora os
gestores da BAE se esforcem por afirmar que a tentativa de fusão com a
EADS não é um convite implícito a qualquer outra empresa, agora que as
negociações falharam, a verdade é que a posição da companhia britânica
está fragilizada.
Só nos
EUA, Lockheed Martin, Boeing e General Dynamics foram citadas pelo canal
Bloomberg, como potenciais interessados na BAE. Reservas no entanto já
vieram a lume por parte de alguns atuais clientes da BAE, que não vêem
com bons olhos passar a ser fornecidos por mãos americanas, nomeadamente
a Arábia Saudita que pretende manter os dois países fornecedores de
armamento em separado.
Por
outro lado, a EADS, que é dada como a culpada do fracasso,
alegadamente por pressões alemãs temendo perder influência no consórcio,
terá que continuar a procurar um parceiro, o que na Europa não se
afigura nada fácil dada a escassez de opções, limitadas praticamente à
Finmeccanica ou Thales. A opinião alemã, é de que a solução deverá estar
no mercado extra-europeu.
A
Defesa e indústrias associadas na Europa, parecem não ser mais do que o
espelho da guerra civil económica que vem grassando silenciosamente há
vários anos no Velho Continente. Se pontualmente para responder a
necessidades conjuntas se consegue alguma coisa, a incapacidade para
encontrar consensos duradouros e plataformas de entendimento para
trabalhar em conjunto, é por vezes gritante.
Com as brechas criadas a serem aproveitadas por terceiros, a máxima militar de "dividir para conquistar", não é necessário ser aplicada na Europa.
Já estamos divididos.
Com as brechas criadas a serem aproveitadas por terceiros, a máxima militar de "dividir para conquistar", não é necessário ser aplicada na Europa.
Já estamos divididos.
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