*O Pássaro de Ferro reproduz na íntegra um texto do TenCor Pedro Salvada, divulgado no sítio da Força Aérea, alusivo à melhoria da prontidão e eficiência da frota F-16. Este texto explica com todo o detalhe um tema que o Pássaro de Ferro havia também já aflorado, há três anos quando visitámos a Esquadra 201 - Falcões.
«Os sistemas de armas da Força Aérea têm
características de elevada qualidade, como sejam a velocidade, a
mobilidade, o alcance e a flexibilidade. São propriedades de meios
exclusivos que têm por missão a defesa militar de Portugal, através de
operações aéreas e de defesa do espaço aéreo nacional.
Um desses meios é a aeronave F-16AM MLU Fighting Falcon, operada pela Esquadra 201 "Falcões" e pela Esquadra 301
"Jaguares", que reúne todas essas qualidades e capacidades, essenciais
para a execução de missões de Luta Aérea Defensiva, Operações de Apoio
Aéreo Ofensivo, Luta Aérea Ofensiva, Interdição Aérea e Apoio Aéreo a
Operações Marítimas. É a principal "arma de ataque" da Força Aérea,
responsável pela segurança aérea do país, sendo também o seu
representante máximo no complexo contexto geoestratégico e geopolítico
da atualidade.
Para cumprir a sua Missão em território nacional, bem como para
responder às crescentes exigências das missões NATO, a Força Aérea
implementou um projeto que visa não só o aumento da capacidade de
manutenção e operacionalidade desta aeronave, como também a maximização,
rentabilização de processos de trabalho e redução de custos de
sustentação.
Neste sentido, em outubro de 2007, foram implementadas pela primeira vez
novas metodologias de trabalho na Doca 4 (Base Aérea Nº5, Monte Real),
das quais se destacam as Lean Techniques (quanto mais rápida a reparação
de uma aeronave num determinado processo de trabalho, mais rápido esta
poderá ser colocada no terreno para executar a sua missão), nas áreas de
manutenção periódica do F-16, na cadeia de abastecimento e reparação de material da aeronave. A Base Aérea Nº5 prosseguiu este projeto em janeiro de 2011 com o objetivo de melhorar e otimizar a geração de saídas do F-16, incluindo o treino, planeamento operacional e manutenção na linha da frente.
Para atingir estes objetivos, foi efetuado, no início deste ano, o
mapeamento da cadeia de valor destes processos, tendo sido identificadas
boas oportunidades de melhoria em aspetos relacionados com: a elevada
dispersão das aeronaves; a sazonalidade das saídas; alterações ao
planeamento; duração da preparação das aeronaves pelos CrewChiefs e
Loaders; duração e forma da qualificação de pilotos e mecânicos.
A implementação e execução de novos procedimentos nestes processos
confirmou os objetivos de: redução do tempo efetivo de preparação das
aeronaves em 15%; redução em 50% do tempo total de qualificação de
pilotos e mecânicos, bem, como o número de instrutores; eliminação dos
cancelamentos de saídas; redução do número de alterações de aeronaves
atribuídas para as saídas em 50%.
Foi ainda criada uma situação futura de acordo com os princípios do Lean
Thinking (cultura de produção e melhoria contínua), em que se
identificaram várias melhorias das quais se destacam a necessidade de
criação de uma equipa de reparações rápidas (menos de 6 horas de
reparação), a redefinição da equipa e processo de Launch/EOR, a
centralização do planeamento e controlo da execução das saídas, e
relocalização do equipamento de apoio segundo a otimização do "layout"
da BA5.
Nesta área, o trabalho prosseguiu até maio, altura em que se realizou um
evento "2P - Process Preparation" que teve como objetivos criar um
plano de implementação mais detalhado para o novo processo de geração de
saídas, avaliar o layout futuro da BA5 e detalhar os procedimentos das futuras equipas.
Paralelamente a este evento, foram efetuados trabalhos de melhoria rápida na cadeia de abastecimento e reparação de material do F-16,
para tornar operativas todas as caixas dispensadoras de material no
hangar da manutenção, com vista a estabelecer níveis mínimos de
reaprovisionamento no armazém principal, na linha da frente e armamento.
Este projeto de melhoria da geração de saídas do F-16,
delineado num plano de ação com seis eventos de melhoria rápida
(metodologia de 7 semanas por evento) a executar até ao final do ano,
permite e irá tornar as operações aéreas, de manutenção e de
abastecimento de material, mais eficientes e eficazes, através do
enfoque na criação de valor, eliminação do desperdício, redução de
custos e melhoria contínua.»
Fonte: Força Aérea Portuguesa
Texto:Tenente-Coronel Pedro Salvada
Engenheiro de Aeródromos
2 Comentários:
depois de ler falta o essencial:
- quantos aviões pretende a Esquadra ter sempre prontos? (não especifico para que tipo de missão pois pode ser classificado)
- quantas vezes por ano pretende a Esquadra ter o máximo possível de aviões prontos?
- qual o ciclo (2/3 anos, p.e.) para a Esquadra ter todos os aviões disponíveis?
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Enfim, continuação do bom trabalho e um Bom Ano
Caro AMG!
Como não estamos em tempo guerra,penso que o número de aviões prontos corresponderá às necessidades das duas esquadras e ao número de pilotos disponíveis.
Não há necessidade de ter a frota permanentemente disponível,uma vez que um bom número de aviões acabaria por ficar parado.
A ideia é, penso, ter operacional o número de aparelhos que responda à execução das missões previstas. Os aviões estão disponíveis para as duas esquadras e julgo que a sua manutenção é feita em sistema rotativo, isto é, havendo o número de aviões suficiente para o normal funcionamento das esquadras, é normal que alguns aviões estejam em manutenção e que, depois, venham a substituir os que entretanto tiverem de ser intervencionados.
Espero ter ajudado.
Cumprimentos
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