Nord N-2502 Noratlas à chegada a Henrique de Carvalho Foto: Autor desconhecido |
A certa altura, consoante instruções políticas já depois do 25 de abril, ficou definido que o controlo da Base de Henrique Carvalho seria entregue ao MPLA.
Em consequência, a Base mantendo o nosso pessoal para a desativação, acolheu um grupo de militares daquela força.
Mas, na ocorrência de lutas e perseguições com pessoal de outros Movimentos, um número de cerca de 70 pessoas da FLNA fugiu e refugiou-se na Base.
Mas, na ocorrência de lutas e perseguições com pessoal de outros Movimentos, um número de cerca de 70 pessoas da FLNA fugiu e refugiou-se na Base.
O pessoal da Força Aérea perante o dilema, escondeu-os num pequeno hangar, onde se dizia estarem as bagagens e caixotes do pessoal de regresso à Metrópole, lançando entretanto um apelo aos comandos em Luanda, para resolução rápida do problema. No mínimo que poderia suceder, se esses elementos fossem descobertos pelo MPLA, seria a sua eliminação.
Um Nord teria que ir a Henrique de Carvalho tentar retirar os refugiados.
Mais uma vez me ofereci. Por sinal tinha visto pouco tempo antes o filme “Raide a Entebbe” que narrava algo parecido e me inspirou.
Um Nord teria que ir a Henrique de Carvalho tentar retirar os refugiados.
Mais uma vez me ofereci. Por sinal tinha visto pouco tempo antes o filme “Raide a Entebbe” que narrava algo parecido e me inspirou.
No briefing da missão estudámos a situação e resolvemos atuar sempre na máxima descontração, para não alertar os “MPLAs” e dividirmos as tarefas, a saber:
Eu, convidaria os “MPLAs” para irmos até ao bar e assim mantê-los longe da ação. O radiotelegrafista iria tratar do Plano de Voo, e o 2º Piloto e o Mecânico ficariam a orientar a carga das “bagagens”.
Eu, convidaria os “MPLAs” para irmos até ao bar e assim mantê-los longe da ação. O radiotelegrafista iria tratar do Plano de Voo, e o 2º Piloto e o Mecânico ficariam a orientar a carga das “bagagens”.
Vista aérea do AB4 em Henrique de Carvalho Foto: Autor desconhecido |
Após a aterragem, levámos o avião para perto do referido hangar e aguardámos um pouco, até aparecerem os elementos do “MPLAs”.
Iniciámos a “psico”: “Viva camarada comandante, tudo bem? … Blá-blá, blá-blá... viemos buscar os caixotes do pessoal que está a regressar. Enquanto se trata da carga, convido-os a acompanharem-me até ao bar”. Depois viro-me, para os outros membros da tripulação, e peço: "Depois avisem-nos quando estiver pronto".
Iniciámos a “psico”: “Viva camarada comandante, tudo bem? … Blá-blá, blá-blá... viemos buscar os caixotes do pessoal que está a regressar. Enquanto se trata da carga, convido-os a acompanharem-me até ao bar”. Depois viro-me, para os outros membros da tripulação, e peço: "Depois avisem-nos quando estiver pronto".
E lá levei os “camaradas” comigo.
Daí a algum tempo chegou a informação que estava tudo pronto.
Daí a algum tempo chegou a informação que estava tudo pronto.
Lá regressámos em amena cavaqueira, despedimo-nos junto ao avião e… "até breve".
Descolámos para o Negage para entregar os refugiados (entaipados pelos caixotes como disfarce) na sua área política.Os amigos “MPLAs” nem cheiraram o que na realidade se passou.
Texto: Cap. (Ref) Fernando Moutinho
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