Quatro porta-aviões nucleares da US Navy em Norfolk, Virginia Foto: Ryan Courtade/US Navy |
À primeira vista a declaração é chocante. "Reduzir o número de grupos de porta-aviões de onze para oito ou nove, reduzir os efetivos dos Fuzileiros navais de 182.000 para 150.000 ou 175.000."
Mas as palavras proferidas pelo Secretário da Defesa dos EUA Chuck Hagel a 31 de julho passado, trouxeram à luz do dia algumas das discussões de bastidores, que se vêm desenrolando no Pentágono há já alguns meses. Oficiais Superiores do Departamento de Defesa continuam a sublinhar que as decisões ainda não foram tomadas, mas a natureza "tudo está em cima da mesa" das discussões, começa a ficar cada vez mais clara.
Ou não estará? Para além desta declarações, raramente detalhes concretos têm sido revelados, deixando azo à especulação dos efeitos imediatos e a longo termo, dos cortes no orçamento dos EUA.
Quanto aos cortes na Marinha, estes podem não se restringir aos Grupos de porta-aviões, mas estender-se também às alas aéreas embarcadas, incluindo umas sete esquadras de aeronaves, um cruzador, três ou quatro contratorpedeiros e tripulação. Ganhos substanciais poderão ser conseguidos cortando cerca de 10.000 salários, com a eliminação de cada grupo de porta-aviões.
Reduzindo as alas aéreas pode-se facilitar a aquisição de novos porta-aviões, a manutenção e recapitalização. As frotas de antigos F/A-18 Hornet, maioritariamente de modelo C, pode ser faseadamente reformada, deixando uma frota totalmente de modelos E e F, que já de si pode ser menor do que a existente hoje em dia. A retirada de helicópteros SH-60 mais antigos pode também ser acelerada.
Diminuir a frota de porta-aviões pode ser conseguido de vários modos. Dois ou três navios podem simplesmente ser decomissionados - provavelmente os mais antigos que não sofreram atualizações profundas (os mais antigos da classe Nimitz estarão neste cenário salvos - Nimitz, Eisenhower, Carl Vinson e Roosevelt todos tiveram os reatores nucleares reabastecidos). O Abraham Lincoln iniciou recentemente uma revisão profunda nos estaleiros de Newport News, pelo que deverá estar também fora de questão, uma vez que os trabalhos de três anos estão já maioritariamente pagos. Sendo o Ronald Reagan e George Bush os mais recentes da frota, os candidatos mais prováveis serão por isso o George Washington, com revisão agendada para 2015 e os John Stennis e Harry Truman.
A alternativa de alongar o atual calendário de construção de novos porta-aviões de cinco anos, poderia na verdade aumentar custos em vez de os diminuir, além de causar a falência de alguns fornecedores, atualmente no limite da viabilidade económica.
Desmantelar porta-aviões nucleares tem contudo também custos elevados, estimados em cerca de 1100 M USD por unidade. Mesmo parar os porta-aviões inativos tem custos grandes. Os reatores nucleares não podem ser recolocados a funcionar, depois de parados por muito tempo, devido a alterações nos seus componentes metálicos. Não podem por isso ser completamente selados, tendo que ser mantidos em funcionamento mínimo, numa base naval ativa. A Marinha dos EUA já tem um número significativo de porta-aviões convencionais estacionados nestas condições e os nucleares previsivelmente ficariam ainda mais tempo, antes de serem efetivamente abatidos ao serviço.
A decisão final será assim forçosamente complexa e em nada provavelmente consensual.
Fonte: Defense News
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro
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