O "cogumelo atómico", imagem de marca das detonações nucleares.
Reproduzimos na íntegra um interessante artigo publicado no sítio eletrónico do jornal "Público" e que dá conta de um grave acidente nuclear que foi evitado in extremis, algures há 52 anos, numa altura em que o mundo vivia no limbo de um confronto nuclear, mesmo que antes ainda da "crise dos mísseis de Cuba".
O avião envolvido, um B-52 era, naquela altura uma das armas estratégicas mais temidas e nas suas asas e porões era possível transportar um tremendo arsenal bélico, capaz de arrasar cidades inteiras.
Este quase acidente fez soar as campainhas de alarme dos técnicos norte-americanos, obrigando a reforçar as medidas tendentes a evitar futuras situações semelhantes, resultado de situações imponderáveis.
«Uma bomba nuclear dos Estados Unidos por pouco não
explodiu no estado da Carolina do Norte em 1961. A informação consta de
um documento secreto a que o diário britânico Guardian teve acesso e que indica que o dispositivo seria 260 vezes mais poderoso do que o que devastou a cidade japonesa de Hiroxima.
De acordo com as informações avançadas pelo Guardian,
a bomba seguia a bordo de um avião B-52 que se desintegrou no ar a 23
de Janeiro de 1961, quando sobrevoava aquele estado norte-americano. No
aparelho seguiram duas bombas de hidrogénio Mark 39. Uma caiu no campo e
outra na zona de Goldsboro. Nenhuma chegou a explodir, mas a segunda
iniciou o processo de detonação — ainda que se tenha conseguido travar a
tempo com um interruptor que funciona com uma tecnologia de dínamo e
que era o último mecanismo de segurança possível.
A informação vem
a público numa altura em que as autoridades dos Estados Unidos insistem
que o arsenal nuclear do país em momento algum colocou a segurança ou a
vida dos cidadãos em risco, omitindo alguns incidentes como este da
Carolina do Norte.
B-52D largando uma impressionante quantidade de bombas.
O documento foi conseguido pelo jornalista Eric
Schlosser através do chamado "Freedom of Information Act" — uma lei que
visa garantir o direito à liberdade de informação e que permite o
acesso a alguma informação federal do Governo norte-americano. O
incidente aconteceu durante a Guerra Fria entre os Estados Unidos e a
Rússia e apenas um ano antes da crise com Cuba.
O jornal refere
que, se a bomba não tivesse sido travada a tempo, as ondas radioactivas
eram suficientemente potentes para afectarem Washington, Baltimore,
Filadélfia e até mesmo Nova Iorque. Aliás, no documento secreto escrito
oito anos depois por um engenheiro dos laboratórios de Sandia
responsável pela segurança mecânica das armas nucleares, Parker Jones, é
dito que as bombas estavam feitas de forma inadequada e que foi por
mero acaso que não houve um grande acidente.
De quatro mecanismos
para evitar a detonação de uma das bombas, três falharam, segundo o
especialista. “O Governo dos Estados Unidos tentou consistentemente
esconder informação dos cidadãos para evitar as questões que estão a ser
colocadas sobre a nossa política de armamento nuclear”, disse Parker
Jones, citado pelo Guardian. E acrescentou: “Disseram-nos que
não havia possibilidade de estas armas serem detonadas acidentalmente,
mas aqui está uma que esteve perto disso.” O engenheiro frisou que foi
um “simples interruptor de baixa voltagem” que “ficou entre os Estados
Unidos e uma grande catástrofe”.»
Fonte: Jornal Público
Edição e adaptação: Pássaro de Ferro
2 Comentários:
Aconteceu algo parecido a sul da n. Península: estes casos estão decumentados e até há uma entrada na Wikipedia sobre eles.
«documentados», perdão
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