Lockheed SR-71 Blackbird Foto: Lockheed Martin |
Durante os finais dos anos 1950, a Guerra Fria estava em grande e os EUA planeavam ativamente a construção de uma aeronave top-secret, que pudesse substituir o U-2. O que se seguiria, era um avião que nunca se tornaria obsoleto, até aos dias de hoje: o Blackbird.
O SR-71 e o U-2 Foto: Lockheed Martin |
Secretismo e encobrimentos
Transporte do SR-71 Foto: Lockheed Martin |
Quando o pedido de um avião de reconhecimento estratégico foi entregue pela CIA, os gabinete Skunk Works da Lockheed foi o primeiro a responder, com um design soberbamente radical. A proposta era de uma plataforma que pudesse chegar a velocidades extremas de 3,5 mach, a altitudes quase espaciais, tendo uma assinatura radar especialmente pequena, que tornaria quase impossível aos soviéticos detetarem.
A CIA criou várias empresas de fachada, que foram usadas para adquirir o titânio necessário para a construção dos Blackbird, à... União Soviética! Extremamente irónico, considerando que a grande quantidade de missões do SR-71, consistiram em recolher informação sobre o país que vendeu parte importante dos materiais usados na sua construção.
Estrutura de titânio
Antes do Blackbird, o titânio era usado em tubagens de escape de alta temperatura, ou noutras pequenas peças diretamente relacionadas com o apoio, resfriamento ou modelação de áreas de alta temperatura em aeronaves. O Blackbird porém, foi construído principalmente de titânico (cerca de 85%), sendo o restante materiais compósitos de alta qualidade.
Linha de produção do A-12 Foto: CIA |
Produção em 1960
Porque esta aeronave estava muito à frente do seu tempo, muitas tecnologias tiveram de ser inventadas, especificamente para este projeto - alguns ainda em uso nos dias de hoje.
Um dos maiores problemas que os engenheiros enfrentaram na época, foi trabalhar com o titânio. Kelly Johnson explica: " Nós produzíamos 6000 peças, das quais menos de dez por cento eram boas. O material (titânio) era tão frágil que, se deixássemos cair um peça no chão, ela partir-se-ia "
Brocas comuns ficavam inutilizadas, porque depois de fazer cerca de 17 furos de rebites, a broca estaria completamente destruída. Durante o processo de soldadura, tinha que ser usado um gás de proteção extremamente raro e caro (árgon), para eliminar o oxigénio do metal e assegurar a máxima qualidade das soldaduras.
Primeiro voo do A-12 de que evoluiria o SR-71:
Voar o Blackbird
Foto: Lockheed Martin |
Tripulações voando a altitudes de 80.000 pés (24.000 m) enfrentam dois principais problemas de sobrevivência: a manutenção de consciência em alta altitude e sobreviver a uma possível ejeção de emergência. Os próprios fatos de voo, tinam de ser completamente pressurizados, devido às baixas pressões a grande altitude e falta de oxigénio.
O Major Brian Shul - o autor de O Condutor de Trenó, contou no livro a sua experiência como piloto da SR-71 - disse que soprando a mach 3,5 voava tão rápido, que podia cobrir vários países do Médio Oriente em poucos minutos.
Vista a partir do cockpit de um SR-71 a 73.000 pés Foto: Brian Shul |
Voar a mach 3,5
Foto: Lockheed Martin |
A velocidade máxima, a superfície de avião aquecia até temperaturas de 260° C (500° F). As coisas dentro do cockpit podiam aquecer até 120° C, se o avião não tivesse um sistema de refrigeramento adequado.
Devido à altíssima velocidade de aterragem, os engenheiros foram obrigados a utilizar pára-quedas de travagem, em combinação com os travões das rodas para conseguir parar o avião no solo. Depois da aterragem, era necessário um período de arrefecimento, durante o qual mecânicos e pilotos eram obrigados a esperar que as superfícies da aeronave arrefecessem.
Cockpit do piloto de um SR-71 Foto: Wikipedia |
Missões secretas e equipamentos de espionagem
Foto: Lockheed Martin |
Um total de 3551 saídas para missões foram levados a cabo, para espiar instalações militares, movimentos de tropas e silos nucleares durante a Guerra Fria, sobre a União Soviética. Os equipamentos de espionagem do avião permitiam o levantamento 100.000 milhas quadradas (260.000 km2 ) por hora da superfície da Terra, a partir de uma altitude de 80.000 pés (24.000 m).
Muitas missões foram efetuadas também sobre países em conflito no Oriente Médio, Ásia e grande parte da Europa. O tamanho da aeronave era uma parte fundamental do design, em 1960, não havia equipamentos de informática e todo o equipamento necessário era grande e precisava de espaço suficiente para caber.
Furtividade e prevenção de Ameaças
Foto: Lockheed Martin |
Problemas de design não resolvidos
Fugas de combustível visíveis nas asas de um SR-71 "frio" Foto: NASA |
Sem dúvida, o Blackbird era um avião à frente de seu tempo e devido à falta de tecnologia do início dos anos 60, várias "falhas" (por assim dizer) de design foram deixadas sem solução.
Devido a estas perdas de combustível críticas, o avião tinha que ser reabastecido imediatamente após a descolagem, antes de poder continuar a missão.
Já para dificultar algum incêndio acidental quando no chão, o combustível utilizado JP7 era especial, de difícil ignição ao ar livre.
Reforma antecipada e verdadeira retirada
Frota final de SR-71 Foto: Lockheed Martin |
A frota de SR-71 era tão cara de manter, que a USAF tentou retirar o Blackbird pela primeira vez em 1987 e, finalmente com a sua primeira reforma oficial, em 1989 o programa SR-71 foi fechado.
O projeto Blackbird seria depois finalmente (e permanente) abandonado em 1998 . Dois últimos Blackbirds em condições de voo foram doados à NASA e voaram até 1999 .
Todos com exceção de dois SR-71 (os dados à NASA) estão em museus para que as pessoas os possam visitar.
Fonte: LTWMT, Sled Driver, Wikipedia, SR-71.org
Tradução: Pássaro de Ferro
1 Comentários:
Excelente artigo
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