Noratlas Foto: Autor desconhecido |
Num fim de tarde em Nova Lisboa, para mais uma missão de transporte de refugiados para Luanda, tinha ido à Torre tratar do Plano de Voo, quando ao chegar perto do avião um membro da tripulação diz-me aflito: “meu capitão, tomaram-nos o avião!”
Devido a normas de segurança só devíamos transportar o número de passageiros de acordo com os bancos (de lona) disponíveis. O resto do peso disponível seria para carga.
Como estava a anoitecer, um grupo grande de refugiados – nunca cheguei a saber quantos, nem quis saber – vendo naquele último voo do dia a salvação, pura e simplesmente assaltaram-no e entraram todos, ocupando tudo que era sítio e inclusive a cabina de voo.
Perante a situação, reuni a tripulação. Não os poderíamos tirar à força – não havia como e o desespero daquele gente era evidente.
Havia riscos para os transportar – passageiros a mais e consequentemente, também peso a mais, atendendo, à altitude do aeródromo.
Era um avião sem reatores auxiliares (NR: Noratlas modelo 2501).
Ouvi todos, que unanimemente, me disseram: vamos arriscar…
Perante esta posição disse algo parecido como: “é por uma boa causa" e olhando para o céu, em jeito de prece acrescentei: "alguém lá em cima cuidará de nós”.
Para pôr a medida em prática e como havia gente sentada e de pé (tipo autocarro) subi nas traseiras do avião. Selecionei três homens mais fortes e obrigando-os a darem as mãos, exigi que me prometessem a não deixar ninguém passar dali, caso contrário, desequilibravam o avião e seria o fim. Depois fui até à cabine, perorei com os que lá estavam, prometendo que iríamos todos, mas teriam de sair para permitir que os tripulantes ocupassem os seus lugares. Saíram. Ocupámos os nossos postos, voltaram a entrar, fechámos o avião e toca a pôr em marcha a máquina.
Como estava a anoitecer, um grupo grande de refugiados – nunca cheguei a saber quantos, nem quis saber – vendo naquele último voo do dia a salvação, pura e simplesmente assaltaram-no e entraram todos, ocupando tudo que era sítio e inclusive a cabina de voo.
Perante a situação, reuni a tripulação. Não os poderíamos tirar à força – não havia como e o desespero daquele gente era evidente.
Havia riscos para os transportar – passageiros a mais e consequentemente, também peso a mais, atendendo, à altitude do aeródromo.
Era um avião sem reatores auxiliares (NR: Noratlas modelo 2501).
Ouvi todos, que unanimemente, me disseram: vamos arriscar…
Perante esta posição disse algo parecido como: “é por uma boa causa" e olhando para o céu, em jeito de prece acrescentei: "alguém lá em cima cuidará de nós”.
Para pôr a medida em prática e como havia gente sentada e de pé (tipo autocarro) subi nas traseiras do avião. Selecionei três homens mais fortes e obrigando-os a darem as mãos, exigi que me prometessem a não deixar ninguém passar dali, caso contrário, desequilibravam o avião e seria o fim. Depois fui até à cabine, perorei com os que lá estavam, prometendo que iríamos todos, mas teriam de sair para permitir que os tripulantes ocupassem os seus lugares. Saíram. Ocupámos os nossos postos, voltaram a entrar, fechámos o avião e toca a pôr em marcha a máquina.
De pé na cabine, além dos tripulantes, seguiam sete passageiros.
Descolámos e correu tudo bem. As nossas preces foram atendidas. Descolamos e aterramos em segurança.
Sem dúvida que o Noratlas foi uma máquina excepcional… Deixou-me saudades e belíssimas e compensadoras recordações.
Texto: Cap. (Ref) Fernando Moutinho
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