Fiat G-91 R4, em esquema cinza claro, nas OGMA. Foto Arquivo FAP/Mais Alto.
Um familiar meu combateu na Guiné.
Nas poucas conversas que mantive com ele sobre o assunto, percebi que sempre que via ou ouvia a sobrevoar a nossa aldeia, um jato da Força Aérea, tinha sempre a "esperança" que o dito fosse um Fiat (é assim, apenas, que lhes chama).
Uma vez, por exemplo, lembro de estar junto dele quando sobrevoou a aldeia uma parelha de aviões T-38, algures no meio da década de oitenta, passados já uns bons anos do fim da sua pasagem por aquele território. Como ambos os vimos, ele disse logo que "aquilo são Fiats. São brancos, voam muito rápido e muito baixo!"
Ele disse-o com um ar quase solene e notei nele também alguma inquietação, digamos. Mais adiante explicou-me que sempre que apareciam os Fiats nas ações no meio das matas "sentiamo-nos mais seguros, porque o inimigo tinha-lhe bastante respeito. Para nós era uma forma de nos sentirmos protegidos, porque nunca se sabia o que poderia estar escondido atrás do mato."
Ou seja, o Fiat G-91, que envergou durante vários anos um esquema cinza claro (daí o 'branco'), foi uma espécie de anjo branco que protegia os homens que, no terreno, combateram corpo a corpo, metro a metro, com um inimigo escondido, fruto do fim de um regime e de uma época.
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