Parelha de A-10 "Warthog" Foto:Jim Haseltine/USAF |
O episódio ocorreu a 24 de julho de 2013, quando uma parelha de A-10 Thunderbolt II do 74º EFS da USAF, baseado em Bagram, Afeganistão, prestou apoio aéreo aproximado numa emboscada a uma caravana terrestre.
Os soldados faziam parte de uma patrulha de batedores, cujo veículo da frente capotou, tendo sido emboscados. A situação forçou os soldados a estabelecer uma base para a noite, enquanto retiravam o veículo de uma ravina. Com o nascer do sol, a patrulha começou a ser duramente fustigada por fogo proveniente de uma linha de árvores nas proximidades. Como resultado, três soldados foram feridos e era necessária evacuação médica, pelo que foi solicitado apoio aéreo aproximado.
O problema contudo era que a unidade terrestre não tinha forma de confirmar a localização do inimigo. O máximo que o observador da unidade conseguiu transmitir aos pilotos de A-10 que chegaram pouco depois, foi uma localização aproximada.
"Sobrevoei a zona para proporcionar uma demonstração de força, enquanto o meu asa procurava por sinais de fogo no solo" disse o líder da parelha de A-10. "O nosso objetivo com a demonstração de força, era quebrar o contacto (entre as forças no terreno) e fazê-los saber que tínhamos chegado, mas eles não pararam. Acho que naquele dia o inimigo sabia que ia morrer e por isso intensificaram ainda mais o fogo e aproximaram-se das nossas tropas".
Quando o inimigo não retirou com a passagem dos A-10, os pilotos decidiram largar munição ar-terra, para protejer as forças amigas.
"Mesmo com os nossos equipamentos topo de gama de hoje-em-dia, ainda confiamos em referências visuais" disse o líder da parelha, que cumpria então o primeiro destacamento no Afeganistão, vindo da base de Moody, na Georgia, EUA. "Assim que recebemos uma localização geral da posição do inimigo, fiz uma passagem em que disparei dois foguetes, para marcar a zona com fumo. O meu asa entrou depois, para metralhar o inimigo com rajadas do canhão de 30mm."
De acordo com os pilotos, a ação ainda espicaçou mais o inimigo. Aproximaram-se ainda mais das forças amigas no terreno, na esperança de que isso impedisse os A-10 de os voltar a atacar. As forças americanas estavam então a suportar grande quantidade de fogo, vindo das árvores e dos terrenos elevados em redor.
"Nós continuámos a disparar rajadas de 30mm" disse o asa, também proveniente da base aérea de Moody. "Os maus estavam a aproximar-se e pelos clarões que víamos no terreno, eram muitos. Mas como havia muito fogo disperso por todo o lado, o controlador aéreo avançado não se sentiu seguro para mandar vir helicópteros, para evacuar o pessoal ferido".
Os pilotos referiram que normalmente à primeira ou segunda passagem dos A-10 o inimigo costuma retirar, mas esta força inimiga era grande e estava disposta a lutar. Os pilotos continuaram a disparar rajadas de 30mm, mas o inimigo recusava-se a retirar. A força inimiga estava já tão perto, que permitia o uso de granadas, pelo que o comandante da caravana aprovou aos pilotos o ataque, mesmo com perigo de proximidade. "Danger-close" é a expressão que significa que a necessidade de apoio é tão grande, que para o comandante no terreno é preferível aceitar o risco potencial de ser alvo de "fogo amigo".
"Nós treinamos para isto, mas disparar na situação "danger-close" não é confortável para nós, porque nessa situação as forças amigas também estão em risco" disse o segundo piloto. "Entrámos para uma rajada de baixo ângulo, a 75 pés (22 m) sobre a posição do inimigo, com o canhão de 30mm, cerca de 50 m paralelos às nossas forças no solo, assegurando desse modo que o fogo era feito com precisão e não atingíamos os nossos".
O combate durou por duas horas naquele dia, tempo durante o qual os A-10 efetuaram 15 passagens com canhão, disparando a quase totalidade das 2300 munições, e largaram três bombas de 500 libras (220 kg), sobre as forças inimigas. "As últimas passagens de canhão devem tê-los feito desistir" concordaram os dois pilotos, "porque a seguir o fogo parou".
Pouco depois do combate ter terminado, um MC-12 (de reconhecimento e informação) chegou, começando a scanar a área à procura de forças inimigas que poderiam estar a reagrupar. Muitas vezes quando o apoio aéreo aproximado parte, as forças inimigas atacam de novo, pelo que os A-10 ficaram pela zona, até que todos os soldados estivessem a salvo: "Queríamos certificar-nos de que a zona era segura, porque tínhamos os recuperadores-salvadores da 83ª ERS a chegar, para transportar feridos para o hospital de Bagram" disse o asa. "O médico da nossa Esquadra, tratou um ferido na sala de urgências. Foi um exemplo de uma missão bem sucedida, com contributos de todos na base".
Um HH-60 Pave Hawk de busca e salvamento em combate sobrevoa um A-10 em Bagram Foto:Stephenie Wade/USAF |
Após aterrarem e debriefarem, os pilotos de A-10 deslocaram-se ao hospital para visitar o soldado ferido com mais gravidade.
"Ele estava deitado e ao lado dele estava uma foto da namorada da escola" disse o líder de parelha. "Estávamos contentes de saber que tínhamos contribuído para que ele pudesse regressar a casa vivo".
"Obrigado por acertarem nos maus" disse o soldado.
"Felizmente estávamos apenas a alguns minutos de distância, e todos os nossos escaparam nesse dia" concluiu o piloto.
Proporcionar Apoio Aéreo Aproximado é a principal missão da Esquadra e é a especialidade da aeronave que voam, o A-10 Thunderbolt II, "Warthog" de alcunha.
"Esta foi uma das saídas mais intensas que a nossa esquadra teve desde o início do destacamento no teatro de operações "disse o líder. "Após o Exército afegão ter comunicado que encontraram 18 inimigos mortos, podemos imaginar quantos estariam lá. Isto é o Apoio Aéreo Aproximado e é para isto que treinamos" rematou.
Fonte: USAF
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro
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