O autor da "proeza" então Tenente Martins de Matos |
No final de um destacamento de DO-27 em Nova Lamego (fins de 72 ou início de 73), e no momento de regressar a Bissau, o homem do SPM (Serviço Postal Militar) pergunta-me se posso largar um pequeno saco com correio, num destacamento situado no trajecto para a Base de Bissalanca. Não me lembro do nome... entre Bambadinca e Bafatá, sem pista, sem placa, sem nada... (eventualmente poderá ser Missirá, mas penso que deveria ser um outro destacamento).
Mas que tivesse atenção porque o último piloto a largar o saco tinha sido um grande nabo, tinha calculado mal e este tinha-se perdido no mato, para desespero do pessoal.
Claro que sim, estamos aqui para apoiar a tropa, saco embarcado, viagem sem incidentes até ao respectivo destacamento, contacto estabelecido com o pessoal. "Boas notícias, vão receber mais um saco de correio", saco de fora da janela, passagem pelo lado direito do objectivo, subida do DO-27 quase à vertical para perder velocidade, inversão rápida, queda de asa à esquerda, picada à FIAT G-91, apontar ao centro do destacamento, saco largado, cai em pleno objectivo, recuperação da picada ... a satisfação do dever cumprido!
E não é que os malcriados nem sequer vêm ao rádio, agradecer o esforço deste piloto que, na execução do circuito para a largada, quase tinha posto o cabo mecânico a "deitar a carga ao mar" ?!
Malandros... malcriados... mal-agradecidos…
Aterragem em Bissau pouco depois.
- Meu Tenente, trazemos uns fios de antenas-rádio presos à cauda do avião!
Desculpem lá o incómodo, oxalá o correio tenha valido a pena.
António Martins de Matos
Ten Pilav da BA12
NOTA: As memórias do Gen. Martins de Matos foram publicadas no livro "Voando sobre um ninho de Strelas" disponível através da loja do Pássaro de Ferro
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