Embraer KC-390 que terá componentes fabricados em Portugal |
A OGMA-Indústria Aeronáutica de Portugal, que celebra este ano 95 anos de existência, está a viver uma fase de expansão e de conquista de novos mercados. O novo presidente da empresa de Alverca disse ao PÚBLICO que a companhia investiu 34 milhões de euros na modernização da sua actividade e no projecto de participação no fabrico do novo avião da Embraer e que, ao mesmo tempo, criou mais 180 empregos.
A empresa aeronáutica alverquense é o maior empregador do concelho de Vila Franca de Xira, com cerca de 1600 postos de trabalho, e o presidente da comissão executiva da OGMA, Rodrigo Rosa, acredita que o sucesso do novo avião KC-390 vai, também, criar condições para que a empresa portuguesa continue a crescer.
Depois de alguns anos de dificuldades, a OGMA foi privatizada em 2005 com a venda de 65% do capital ao grupo brasileiro Embraer. O Estado português, através da Empordef, mantém os restantes 35%. Os anos seguintes ainda foram complicados, mas a OGMA iniciou, em 2010, uma fase de crescimento e conseguiu recuperar muitos dos seus grandes clientes internacionais. Também por isso, a empresa conta atingir no final deste ano uma quota de 97% de exportação do seu trabalho quando, em 2009, essa fasquia estava nos 85%.
Em Alverca, é feita a manutenção de aeronaves das forças aéreas dos Estados Unidos da América, Bélgica, Brasil, Camarões, França, Países Baixos, Índia, Marrocos, Paquistão e Tunísia. Ao nível das companhias transportadoras, a OGMA presta igualmente serviços à Lufthansa, à Virgin Australia e à Euro Atlantic, para além das portuguesas TAP e Portugália. No domínio da fabricação, para além das parcerias mais estreitas com a Embraer, trabalha também com a Airbus, com a Boeing, com a Eurocopter e com a Lockeed Martin.
A participação no projecto do KC-390, um novo avião militar de transporte em que a Embraer deposita grandes expectativas, tem sido, nos últimos dois anos, o maior factor de expansão da actividade da OGMA, que teve uma participação importante na investigação e desenvolvimento da aeronave e produz, agora, boa parte das suas componentes, sobretudo ao nível da fuselagem. “Estes projectos todos perfazem um investimento de aproximadamente 45 milhões de dólares (34 milhões de euros no câmbio actual), que vai aumentar, expandir e trazer novas tecnologias, além da participação da OGMA no próprio desenvolvimento da aeronave, no desenvolvimento de engenharia, porque participa com a Embraer desde o desenvolvimento e não apenas na produção”, explica Rodrigo Rosa, que assumiu a presidência da OGMA a 15 de Novembro passado.
“Isso já criou, aproximadamente, 180 postos de trabalho na empresa, sejam engenheiros, na qualidade ou na produção. E estamos numa fase inicial ainda. Com o sucesso da aeronave é lógico que, eventualmente, a produção venha a crescer no futuro. Esperamos crescer, logicamente”, observou o administrador brasileiro da OGMA, que nos últimos anos trabalhou como vice-presidente executivo da empresa.
De acordo com o administrador, a OGMA, depois de anos de alguma dificuldade, tem conseguido encontrar no mercado português engenheiros e pessoal de produção “bastante qualificados” e que necessitam apenas de alguma formação específica. Já no que diz respeito aos fornecedores, nem sempre é possível encontrar os materiais necessários no mercado português. “A OGMA sempre prioriza o fornecimento em Portugal de produtos, de peças, de ferramentas. Infelizmente, algumas especializações hoje não existem em Portugal. Estão a ser desenvolvidas com o mercado, porque isso também precisa de um mercado. Conforme o mercado se vai expandindo, as oportunidades vão aparecendo e mais empresas se interessam por isso”, sublinha Rodrigo Rosa, garantindo que a OGMA está disponível para apoiar eventuais projectos de instalação de fornecedores na área de Alverca.
Os últimos anos, num quadro de crise económica nacional e internacional, têm sido bastante positivos para a OGMA, que alcançou em 2012 o seu recorde de volume de negócios, com 159,3 milhões de euros de vendas. A empresa de Alverca registou algum “travão” no seu crescimento nos anos de 2010 e 2011, mas conseguiu retomar uma fase de expansão em 2012, que se deverá manter em 2013, também com o reforço do projecto de fabrico de componentes para o novo avião militar da Embraer, o KC-390. No que diz respeito aos lucros do exercício, a OGMA conseguiu em 2011 um resultado líquido de 10,8 milhões de euros, que baixou no ano passado para 9,4 milhões.
O Embraer KC-390 é um projecto de aeronave de transporte táctico/logístico e reabastecimento em voo. Foi desenvolvido para atender aos requisitos operacionais da Força Aérea Brasileira, que admite usá-lo em substituição do C-130 Hércules. A Embraer pretende que o KC-390 venha a ser escolhido por forças aéreas de outros países que possuam frotas de cargueiros militares.
Fonte: Público
Sem comentários:
Enviar um comentário