Saab JAS39 Gripen da FA Sueca |
Os líderes da região que reagiram à ocupação russa da Crimeia, expressando os seus medos de serem os próximos, procuram abrigo nas suas alianças.
"Graças as Deus somos membros da NATO" Exclamou a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite na semana passada. Este mês, a Noruega recebe 16.000 soldados para o exercício Cold Response já previamente planeado, junto à fronteira russa, para grande desagrado no país dos Czares. entre os participantes do exercício estão 1600 militares suecos, sob o acordo de cooperação limitado com a Aliança Atlântica.
Não alinhados desde o início do século XIX, o "esplêndido isolamento" sueco sobreviveu a duas guerras mundiais e mesmo às cinco décadas de disputas entre as superpotências, que dominaram o século XX. Mas isso pode mudar contudo, à luz da intervenção da Rússia na Ucrânia. Na semana passada, o ministro das Finanças sueco Anders Borg indicou que o orçamento da Defesa, para o qual havia anunciado recentemente cortes, será aumentado em resposta à crise (da Crimeia). O vice primeiro-ministro Jan Bjorklund também insinuou publicamente a ideia da Suécia se tornar membro da NATO, avisando que a Rússia poderia tentar apoderar-se de Gotland, uma província insular estrategicamente colocada no Mar Báltico, se pretender atacar os antigos repúblicas da União Soviética, Estónia, Letónia e Lituânia. Ainda assim, Sverker Goransson, supremo comandante militare sueco, rejeitou a ideia de Bjorklund de mudar a doutrina de Defesa do país.
Gotland, a maior ilha do Báltico, fica a cerca de 80km da costa sueca e a apenas 200 km de Kalinigrado, o enclave russo na Europa, que possui uma enorme base militar. A posição de Gotland, dar-lhe-ia enorme valor estratégico, no caso de conflito no Mar Báltico. "Os sistemas de mísseis terra-ar e anti-navio podem atingir alvos até 300-400 km. " escreveu Karlis Neretnieks, general sueco reformado, "quem conseguir estabelecer sistemas desses em Gotland, conseguirá tornar muito difícil de operar no Mar Báltico ao seu inimigo(...)"
A Rússia já se apropriou por algum tempo de Gotland, durante as guerras napoleónicas de 1808, mas forças suecas expulsaram-nos apenas um ano depois, fazendo parte da Suécia desde então. Ao contrário da Crimeia, não há grupos étnicos russos em Gotland, mas a ilha ainda continua intimamente ligada aos interesses russos. A companhia russa Gazprom é dona do Nord Stream, uma conduta de gás que passa por Gotland e fornece à Europa 55.000 milhões de m3 de gás natural por ano. O presidente russo Putin, jurou defender a estratégica conduta com a Marinha Russa em 2006 e num incidente reminiscente dos tempos da Guerra Fria, em março de 2013, dois bombardeiros russos e respetivas escoltas, invadiram espaço aéreo sueco, numa simulação de ataque contra a ilha. O alerta aéreo da NATO no Báltico respondeu. O sueco não.
A crise na Crimeia renovou o debate a decorrer nos círculos políticos, acerca das delapidadas defesas do país. Os sucessivos cortes na Defesa por vários Governos do pós-Guerra Fria tornaram-se tão severos, que o comandante supremo das Forças Armadas suecas Goransson estimou em 2013 que o país apenas resistiria uma semana em caso de ataque. A opinião foi secundada por um relatório de um colégio militar, que acrescentava que a ajuda internacional seria necessária porque "os militares não possuem a credibilidade necessária para defender toda a Suécia". Mais tarde, o Secretário-geral da NATO Andres Rasmussen lembrou que a Suécia não pode contar com ajuda militar da NATO, a menos que se torne um membro.
Em resposta, um programa de TV russo emitiu uma paródia, em que o personagem que representa Goransson resmunga ao som da música dos ABBA "Mamma Mia", as fraquezas militares suecas. "É muito assustador! A sério! Deixem-nos aderir à NATO já! Caso contrári oa Rússia conquista-nos na próxima semana!
A ideia de aderir à NATO não é nova e tem ganhado força nos últimos anos. Um inquérito realizado em 2013 concluiu que o apoio popular havia crescido 9 pontos percentuais em apenas dois anos, apesar de ainda não ser maioria.
Para já, a cooperação da Suécia com a NATO tem vindo a aprofundar-se, tendo mesmo caças Gripen atribuídos à Força de Resposta Rápida da Aliança Atlântica durante 2014, e vindo a participar em exercícios NATO desde há vários anos atrás.
Apesar da ameaça russa não parecer imediata, o exemplo da Crimeia pode forçar alguns políticos suecos a reavaliar o nível de ameaça. "É necessário dimensionar a capacidade de fogo de acordo com a ameaça" disse Bjorklund. "Quantas pessoas imaginariam que a Rússia entraria na Crimeia? O mesmo argumento é válido para os estados bálticos".
Fonte: Defense One
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro
0 Comentários:
Enviar um comentário