quinta-feira, 8 de maio de 2014

GENERAIS ABANDONAM CERIMÓNIA DEVIDO AO MINISTRO DA DEFESA (M1576 - 157PM/2014)

Ministro da Defesa José Aguiar-Branco        Foto de arquivo

A presença do ministro da Defesa na cerimónia de lançamento do último livro de Loureiro dos Santos motivou saída em massa de generais.

Mais de uma dezena de oficiais generais abandonou esta quarta-feira as instalações do Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM) como sinal de protesto pela presença do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, no lançamento do último livro do general Loureiro dos Santos, "Reflexões sobre Estratégia VII - Tempos de crise".

Os generais, todos eles na reserva ou na reforma, estavam presentes para a referida cerimónia, ao fim da tarde, mas deixaram a sala quando se aperceberam da chegada do ministro e de que ele poderia intervir, o que não chegou a acontecer.

"Não me prestaria a fazer de plateia, depois de tudo o que ele fez e continua a fazer às Forças Armadas", disse ao Expresso o ex-Chefe de Estado-Maior General do Exército, Pinto Ramalho, um dos que abandonou o recinto do IESM.

FA vistas como "passivos incómodos"

Ao intervir, o general Loureiro dos Santos criticou por sua vez a política dos governos europeus por traçarem os dispositivos militares apenas em função de fatores de "sustentabilidade financeira" e de olharem para as Forças Armadas como "passivos incómodos".

É como "se essa sustentabilidade financeira fosse o vetor fundamental a determinar o aparecimento e desenvolvimento das correntes geopolíticas que atingem (os governos europeus) ou podem atingir, nomeadamente com a utilização da força militar", afirmou.

Numa crítica na qual incluiu notoriamente Portugal, Loureiro dos Santos disse ainda que "os governos europeus em geral olharam para as suas Forças Armadas como passivos incómodos, pouco necessários e dispendiosos, em vez de as verem como ativos essenciais, que são importantes instrumentos de política externa e a qualquer momento podem ter de garantir a segurança dos respetivos países".

Reduções até ao absurdo

Segundo o general, foi em nome da sustentabilidade financeira que os governos "reduziram forças, pararam processos de modernização de equipamentos e de armamentos e tornou-se menor o grau de disponibilidade dos existentes, diminuíram os exercícios e treinos, pouparam nos efetivos, por vezes até ao absurdo, e enfraqueceram as condições materiais e morais dos militares, criando-lhes insegurança quanto ao presente e incerteza em relação ao futuro".

Este "inapropriado comportamento" - referiu ainda - "está a conduzir generalizadamente ao aumento cada vez maior da insatisfação dos militares e, como consequência da sua desmotivação".

Fonte: Expresso

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