Ilyushin Il-76 semelhnate ao abatido hoje em Lugansk - Ucrânia |
A insurreição pró-russa no Leste da Ucrânia teima em resistir e este sábado deu uma prova de força, abatendo um avião de transporte militar que se preparava para aterrar na cidade de Lugansk. Todos os 49 passageiros a bordo, 40 soldados do Exército nacional e 9 tripulantes, morreram no ataque – “cínico e traiçoeiro”, classificou o ministro da Defesa – com mísseis anti-aéreos.
O recém-empossado Presidente ucraniano Petro Poroshenko, que reuniu de urgência com o aparelho da segurança nacional, prometeu retaliar contra os responsáveis pelo ataque. “A Ucrânia precisa de paz, mas os terroristas receberão a resposta adequada. Aqueles que estiverem envolvidos neste cínico acto de terrorismo podem ficar com a certeza de que serão punidos”, prometeu.
Fortemente armados e equipados com tecnologia russa, os rebeldes não se intimidaram nem esmoreceram com a operação anti-terrorismo lançada pelo Governo de Kiev para reafirmar a autoridade do Estado nas províncias do Leste e estancar a tendência separatista alimentada por Moscovo. Em Março, grupos de ucranianos pró-russos instauraram governos autónomos ad-hoc em Donetsk e declararam unilateralmente a independência das respectivas regiões.
O Governo começou por responder timidamente às investidas dos rebeldes, que desde o início de Abril tomaram edifícios governamentais, quartéis da polícia ou estradas e aeroportos das regiões de Donetsk e Lugansk, mas no fim de Maio, após a eleição de Poroshenko, a campanha militar foi intensificada. Nos dois meses que já dura a operação das forças ucranianas contra os separatistas, já foram confirmadas 270 mortes – este sábado foi o dia mais sangrento para as tropas governamentais.
O aparelho abatido, um avião de transporte Ilyushin-76, carregado com tropas e equipamento militar, estava a iniciar a aterragem em Lugansk quando foi atingido por artilharia anti-aérea – as autoridades ucranianas falam em mísseis Stinger. A reportagem da Reuters encontrou os militantes separatistas junto dos escombros da aeronave, nos arredores da cidade. “Os fascistas podem trazer os reforços que quiserem, esta será sempre a nossa resposta: é assim que combatemos”, garantiu um dos rebeldes, que se identificou apenas pelo nome Piotr.
Na semana passada, os separatistas tinham lançado uma série de ataques ao aeroporto internacional de Lugansk, o único ponto estratégico da cidade que ainda se mantém nas mãos das forças ucranianas. No entanto, as batalhas pelo domínio da cidade abriram um flanco em Mariupol, uma cidade portuária de 500 mil habitantes que foi reclamada pelos rebeldes mas que na sexta-feira regressou ao controlo governamental.
O controlo de Mariupol permite às tropas nacionais manter em funcionamento a estrutura portuária por onde a Ucrânia canaliza a sua produção de aço, e também dominar as vias terrestres entre a fronteira com a Rússia e o interior do país. O ministro do Interior, Arsen Avakov disse que o Exército tinha recuperado 120 quilómetros de fronteira que estava nas mãos dos rebeldes: tendo em conta que a linha que separa a Ucrânia da Rússia se estende por 2000 quilómetros, a conquista pode parecer menor, embora possa cortar uma linha de abastecimento das forças separatistas.
Dos Estados Unidos, veio ontem a confirmação de que os tanques usados pelos rebeldes separatistas têm origem russa. “Podemos afirmar com total confiança que os tanques vieram da Rússia. Seguramente Moscovo vai alegar que os tanques foram roubados às forças ucranianas, mas nenhuma das unidades do Exército nacional que dispõe de tanques de guerra tem bases ou opera naquela região”, observou a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. A Rússia não comentou as alegações de Washington.
Fonte: Público
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