Créditos na imagem.
«Não são os factos em si mesmos que impressionam, mas o modo como se apresentam. Estes factos devem produzir por condensação, digamos, uma imagem chocante e que preencha e preocupe o espírito. Conhecer a arte de impressionar a imaginação dos povos é conhecer a arte de os dominar e governar.» Gustave Le Bon
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Por razões de ordem profissional e geográfica, acompanhei o dia de hoje na "NOS Air Race, através da emissão em direto de um dos canais da TVI, no caso a "+TVI". Cumpre-me, antes de mais, referir que a transmissão em si foi um facto positivo, sobretudo porque permitiu que se pudesse assistir a um evento localizado e que, tal como sucedeu comigo que estou a 1000 km de distância, possibilitou que se visse algo de que (pessoalmente) gosto. Os aviões.
É um dado adquirido que vivemos em plena "civilização do espetáculo" (Mario Vargas Llosa) e é esta "regra" que preside a tudo o que se passa e, não poucas vezes, ao que não se passa.
Percebe-se que um evento destes tem tempos mortos, que é preciso "encher". A televisão não se compadece com espaços mortos e tudo vale para prender a audiência que é sinónimo de ganhos, se a tudo isto se juntar a publicidade.
O dinheiro move de facto tudo e portanto, as respostas aos apelos do vil metal são as mais variadas e muitas vezes não nutrem especial respeito pelos principios da ética ou da decência.
Contudo, a cobertura de um acontecimento específico - e então este da aviação é muito específico - não se deveria confundir com espetáculos paralelos de promoção de estrelas do operador televisivo, que cavalgam um evento "social" para se mostrarem, muitas vezes em diálogos e conversas "da treta", sem o menor conteúdo, completamente por fora do que está ali a suceder. Aliás, entendo que estas "tretas", acabam por diminuir os que as emitem, julgando estarem a promover-se.
Perante isto, fica-se com a ideia de que alguém munido com um microfone e um operador de câmara julga dispor de um poder total, livre de qualquer escrutínio porque, não sei, o poder não se questiona, aceita-se!
Será que tem de ser mesmo assim?
Nesta civilização do espetáculo, tudo ou quase tudo é "permitido", até colocar no ar pessoas que - percebe-se pelo que dizem e pelo que não dizem - não pertencem e não sabem desta especificidade do mundo da aviação e surgem como "paraquedistas", apenas com o finto de "aparecerem porque sim".
Se a cobertura televisiva teve bons comentadores, sobretudo aqueles pertencentes à Força Aérea e à Marinha de Guerra, que entendem dos aviões e helicópteros que operam, também teve apontamentos "laterais" absolutamente deprimentes e que acabam por manchar todo um trabalho ao redor dos aviões e da sua causa.
Em conclusão, "aceito" que em nome deste "espetáculo civilizacional" se tente dourar uma pílula que não é administrável a todos, mas sempre ouvi dizer que há limites para o ridículo.
Nota: Esta opinião é pessoal e apenas vincula o seu autor.
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