sexta-feira, 7 de novembro de 2014

USS AMERICA: UM NAVIO COM CRISE DE IDENTIDADE (M1720 - 312PM/2014)

O USS America durante a viagem inaugural     Foto: Ryan Riley/US Navy

No passado mês de outubro, a US Navy preparou uma cerimonia com pompa e circunstância em São Francisco para apresentar o USS America (LHA-6), o quarto navio batizado com esse nome e o primeiro de uma nova classe de navios de assalto anfíbio, que no caso acaba por se assemelhar mais a um porta-aviões.
E apesar da viagem inaugural desde o Luisiana até San Diego ter corrido bem, a classe America continua a ser um programa controverso da Defesa dos EUA, ou não estivesse diretamente ligado a outros dois dos programas mais controversos de todos os tempos: o V-22 Osprey e o F-35 Lightning II.

A classe America, apesar de baseada no último navio da classe Wasp, o USS Makin Island (LHD-8), embora deslocando ligeiramente mais peso, é substancialmente diferente dele, tal como da maior parte dos navios de ataque anfíbio de convés largo das ultimas décadas. 
Enquanto os mais recentes navios do tipo, como a classe Wasp e Tarawa têm tanto de docas flutuantes como de porta-aviões, estando construídos em redor de um hangar massivo que dá acesso também à doca interior, a partir de onde todos os equipamentos, desde pequenas embarcações aos hovercrafts gigantes, operam. A novel classe America foi projectada sem esta característica marcante, estando mais focada nas operações aéreas, especificamente com o F-35B Lightning II e o MV-22B Osprey.

Os especialista têm por isso argumentado, que esta reorientação faz da classe America mais um porta-aviões do que um navio multifunções. Não há dúvida que a ausência da doca central retira muito da capacidade multifunções das classes anteriores, mas a verdade é que o mundo também mudou. Em vez de ser um “canivete suíço” nas operações expedicionárias, o USS America parece centrar as suas funções em lançar ataques dentro de território hostil, através das capacidades verticais dos MV-22 e dos F-35B.  

MV-22 Osprey aterram no USS America       Foto: Huey D. Younger Jr./US Navy

Apesar da classe Wasp poder operar estas duas aeronaves, na classe America a capacidade de ataque anfíbio foi abandonada em detrimento de poder carregar mais aeronaves, munições e combustível. No entanto, esta capacidade parece estar comprometida por um erro de conceção de base que impede a dissipação do calor causado pelas aeronaves, o que poderá ter interferência na taxa de operações que terá capacidade de suportar. O que pode tornar-se inaceitável, dado que o navio ficou diminuído nas suas funções anfíbias, para potenciar as operações aéreas, que por sua vez estão limitadas por um projeto deficiente.
Ao que se sabe o próximo navio da classe America, o USS Tripoli terá já um convés modificado, capaz de tirar partido das capacidades aéreas aumentadas a que se propõe o conceito. O que ironicamente irá comprovar que o USS America é um projeto de mais de 4000M USD, contraditório com os seus próprios objectivos e limitado desde o dia em que foi comissionado.

Velado no meio de todas estas contradições, pode também estar o objetivo  da US Navy passar a utilizar porta-aviões de tamanho médio, quando os super dispendiosos super porta-aviões não sejam absolutamente necessários. Uma possibilidade que só agora se torna de facto efetiva com a operação do mais de uma vintena de F-35, uma aeronave que também ultrapassou as limitações do Harrier.

Será sinal de que a falada redução no número de grupos de porta-aviões nucleares da US Navy pode ser mesmo para seguir em frente? 
Sinais dos tempos.

Fonte: Foxtrot Alpha
Tradução e adaptação: Pássaro de Ferro


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