Ainda o Sikorsky S-97 Raider não voou, a Sikorsky já estuda o design do seu rotor coaxial para aplicação em outras plataformas aéreas.
Segundo Mick Mauer (CEO), entrevistado aquando da Heli-Expo 2015, [http://heliexpo.rotor.org/], disse que a tecnologia utilizada na construcção do Raider, que inicialmente tinha como alvo a competição para a substituição do helicóptero de observação armada, Bell OH-58D Kiowa Warrior do Exército Norte-Americano, poderá tradiuzir-se em melhorias em outros projectos em curso.
Segundo Mick Mauer: “As primeiras aplicações esperadas para o X2 [ver nota do autor] serão muito provávelmente militares. A razão para isso é a necessidade de ter um cliente que faça uma compra que justifique um grande investimento. Algo que é muito mais difícil conseguir, concretizar um negócio deste tipo, através do recurso ao mercado civil”.
O Raider, possui um rotor principal coaxial rígido e uma hélice propulsora na cauda, configura-se num design capaz de descolar, aterrar e de voo estacionário como um helicóptero, e de voar rápido e a grande altitude como um avião de asa fixa. É, essencialmente, da mesma classe de peso e dimensão de um helicóptero médio, como o Sikorsky S-76. Reforça ainda Mick Mauer que: “ O Raider é da dimensão do S-76. Quando se fala na sua capacidade de fazer as missões do S-76, eu digo, ainda não. Mas isso não significa que não venha a fazê-lo.”
O primeiro protótipo do S-97 já se encontra em testes no solo. Até ao momento (3 Março) o primeiro Raider já efectuou 14 arranques de motor, e somou 3.5 horas de teste. O aparelho ainda será sujeito a um total de 50 horas de teste no solo antes de iniciar o teste em voo. Para já, os primeiros testes da operação no solo já levaram o mesmo a atingir 85% da velocidade do rotor.
Não existe nenhum programa do governo dos Estados Unidos para os requisitos do S-97, mas a Sikorsky baseia este projecto com um aparelho destinado a demonstrar esta tecnologia com capacidade de multi-missão. O SB-1 Defiant, é uma versão de maior dimensão do Raider e que a Sikorsky espera possa ser escolhido como substitudo dos helicóptero H-60 Black Hawk e Boeing AH-64 Apache do Exército Norte-Americano.
A Sikorsky está também a perspectivar entrar no concurso para o programa MH-XX para um helicóptero para a Marinha dos Estados Unidos, mas não se sabe se com o mesmo tipo de rotor, possívelmente não. “Não quero pressupor uma solucção técnica. Mas é uma possibilidade.” Respondeu Maurer à questão da utilização do rotor coaxial rígido também em resposta ao programa da Marinha, e acrescenta que: “A dificuldade com o eixo coaxial para a marinha é o arrumar o helicóptero num hangar. Eles querem algo com grande durabilidade. São coisas diferentes os requisitos para o Exército e para o Corpo de Fuzileiros, em termos de mobilidade, operação em climas quentes e em altitude, velocidade, para a Marinha a proposta será sempre muito diferente.” Acrescenta que: “Eu não diria nunca, mas não me parece que seja a solução ideal”.
Texto por: Rui “A-7” Ferreira, em tradução livre/adaptação do artigo de 3 de Março, por Dan Parsons, na Flightglobal.
Nota do Autor - O X-2, referido no texto, foi um projecto experimental, demonstrador de tecnologias, com um rotores principais coaxiais contra-rotativos e propulsão traseira, desenvolvido pela Sikorsky, e que incorpora um design inicialmente da Schweizer, e também muitos outros trabalhos já desenvolvidos nesta área para Sikorsky nas últimas décadas. Aliás, e históricamente falando, os rotores coaxiais não são uma novidade para a Sikorsky ao longo da sua existência, ainda que não o tenham aplicado em nenhum aparelho comercializado tanto no âmbito militar como civil. Os primeiros dois helicópteros de Igor Sikorsky, o S-1 (1909) e o S-2 (1910) são ambos com rotores coaxiais contra-rotativos, como também o foram projectos semelhantes de uma generosa mão cheia de pioneiros nesta área.
O que é curioso é o facto de que estes derivam de uma teoria de um cientista russo, Mikhail Lomonosov, que em Julho de 1754 a comprovou, fazendo voar em modelo à escala uma sua invenção, o “Aerodynamic”. Lomonosov, quando se teorizava sobre a possibilidade de fazer estudos científicos nas camadas superiores da atmosfera recorrendo a máquinas especialmente construídas para a elevação de aparelhos de registo de condições meteorológicas, construiu um aparelho. Trata-se de um aparelho propulsionado através de um sistemas de molas, em que dois conjuntos de pás dispostos horizontalmente rodavam em sentidos contrários, “escavando” o ar no sentido vertical, às camadas mais elevadas de ar. Para o efeito desta demonstração, e dado que o aparelho não dispunha da capacidade de controle direccional, era suspenso por um fio.
E esta, hein?
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