Falar de Le Bourget faz-nos de imediato lembrar o feito aeronáutico de Lindbergh, mas não foi ele o único pioneiro a marcar o lugar, conforme nos recorda a homenagem feita estátua existente frente à antiga aerogare. Inaugurada a 8 de Maio de 1928, esta homenagem liga, numa mesma evocação, os pioneiros François Coli, Charles Nungesser, e Charles Lindbergh.
Antes de falar de Coli, Nungesser e Lindbergh, e fruto do cavalheirismo exacerbado do autor, fazemos uma primeira referência, a uma outra homenagem que existe na aerogare, a Raymonde Larroche, a primeira francesa a receber as suas “asas”.
Raymonde Larroche
Inspirada pelos voos dos irmãos Wright, nomeadamente as demonstrações de voo de Wilbur Wright em Paris, em 1908, aproveita os muitos conhecimentos pessoais que tinha no meio aeronáutico para conseguir pilotar um aeroplano. Através do seu amigo, Charles Voisin, piloto e construtor de aviões, conseguiu a sua instrução de voo e também voar pela primeira vez.
Na realidade o que realizou a 22 de Outubro de 1909, foi um salto, de cerca de 270 metros, aos comandos de um aeroplano Voisin. É finalmente a 8 de Março de 1910, que o Aero Clube de França emite o seu brevet, o número 36 da Federação Aeronáutica Mundial. Nos anos seguintes fez diversas demonstrações de voo em festivais aeronauticos, mas foi afastada do voo durante a 1ªGG.
Finda a guerra retorna ao voo e, em 1919, entre outros feitos, conquistou dois recordes mundiais na categoria de senhoras, um de altitude, 5700 pés (4800 m), e um de distância, 201 milhas (323 km).
Faleceu em 18 de Julho de 1919, durante um ensaio de um avião experimental.
Como primeira mulher brevetada, é lembrada em diversas iniciativas, não só em França, durante a Semana das Mulheres na Aviação Mundial, que ocorre sempre por volta de 8 de Março, data do seu aniversário.
Agora os cavalheiros...
Em Maio de 1919, e à semelhança de outras iniciativas na mesma época, o
industrial nova-iorquino de origem francesa, Raymond Orteig, lança o
desafio para o primeiro voo transatlântico entre Nova-Iorque e Paris,
sem escalas, em qualquer dos sentidos, estabelecendo o denominado
“Orteig Prize” em 25.000 dólares.
Diversos pioneiros se lançaram na
aventura do voo transatlântico, como o caso de dois pioneiros franceses,
Nungesser e Coli, mas, o prémio acabou por ir para um norte-americano.
Charles Nungesser e Francois Coli
Em 8 de Maio de 1927, os pilotos e heróis de guerra, Capitão Charles Nungesser e o navegador Francois Coli, partiram de Le Bourget no seu Levasseur PL.8 “L’Oiseau Blanc” rumo a Nova Iorque. O rumo tomado, em circulo, atravessando o Canal da Mancha, pela costa Sudoeste de Inglaterra e Irlandesa, atravessando o Atlântico na direção da Terra Nova, depois para Sul pela Nova Escócia e Boston, até Nova Iorque. O seu último contacto com terra ocorre na costa irlandesa seguindo-se depois o silêncio... Ainda foram lançadas buscas entre Nova Escócia e Long Island, mas sem sucesso.
O trem de aterragem encontra-se no Musée de l’Air et Espace, em Le Bourget (a descolagem foi efectuada com trem de rodas mas o aparelho iria amarar utilizando a parte inferior da fuselagem, modificada para o efeito).
Charles Lindbergh
Com uma vida muito rica em diversos aspectos, notabilizou-se por diversos feitos, nem todos no campo da aeronáutica, foi poréma a travessia a solo do Atlântico, entre o Rosevelt Field, em Nova Iorque e Le Bourget, em Paris, que o imortalizou.
O voo que teve lugar entre 20 e 21 de Maio de 1927, com uma duração de 33 horas e 30 minutos, em que percorrendo 3600 milhas (5800 km), o seu Ryan “Spirit of St.Louis”, construído para o efeito, que está em exposição no National Air and Space Museum, do Smithsonian Institute, a quem foi doado pelo próprio em Abril de 1928.
Existe alguns metros frente à torre de controle da antiga aerogare de Le Bourget, uma placa comemorativa, indicando o local exacto onde este aterrou.
Rui Ferreira
Entusiasta de Aviação
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