Linha da frente de aviões "Soko Jastreb", algures numa base aérea da antiga Jugoslávia.
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O meu interesse e curiosidade pela aviação vem de longe, como a fama de um célebre Brandy, o Brandy Constantino
Constantino, para mim, sempre foi um homem de idade simpática, de barba e cabelo grisalho, óculos na ponta do nariz e um sobretudo cinzento sobre os ombros, numa figura feita de contraluz e sombra, escondida dentro do seu coche rebocado por dois equídeos castanhos de olhar manso, que guardava em si uma boa dose de medos e respeito pelo seu contorno cinzento, por mais sorriso que largasse ante o perfume do Brandy, já com meia garrafa a destilar glórias no seu sangue, depois de entreter em festim os interstícios do fígado.
e a curiosidade pelos aviões não era exclusiva dos gatos, factos que num qualquer dia, quando folheava uma revista de aviação, daquelas que apenas algumas livrarias tinham – e no caso a Livraria Bertrand do Largo da Portagem, em Coimbra – me fizeram descobrir que a Jugoslávia, na altura ainda a viver do cozinhado do Marechal Tito e portanto antes de tudo aquilo azedar no intenso e indigesto caldo de sangue que a História já carrega com declarado peso, possuía nas suas fileiras aéreas um tal de avião chamado: “Soko Jastreb”.
Um "Soko Galeb" - versão bilugar - manobra em voo.
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Olhando-o, percebe-se que arrojo e audácia não eram características que saltassem à vista e fizessem o seu trabalho de encanto no avião. As suas formas andavam ali ao redor da família Aermacchi MB-326, isto é, uma fuselagem acharutada, umas asas direitas terminadas em modo “tip tank”, um motor e siga para o céu.
Mas toda a cortina de mistério que envolvia esta entidade de nome algo abstruso – Soko Jastreb, como já era o seu antecessor Soko Galeb, a versão de treino bilugar, só se tornava interessante na medida em que a Jusgolávia estava para lá da mítica cortina de ferro, a dita que desfocava tudo o que a ultrapassasse para o “lado de cá”. Lidávamos com fotos pouco definidas, obtidas de ângulos em que se percebe que a fuga era uma prioridade para o fotógrafo ou, pelo menos, o desejo da não revelação do segredo e seus tremendos artefactos, quando as fotos eram "oficiais".
Mas toda a cortina de mistério que envolvia esta entidade de nome algo abstruso – Soko Jastreb, como já era o seu antecessor Soko Galeb, a versão de treino bilugar, só se tornava interessante na medida em que a Jusgolávia estava para lá da mítica cortina de ferro, a dita que desfocava tudo o que a ultrapassasse para o “lado de cá”. Lidávamos com fotos pouco definidas, obtidas de ângulos em que se percebe que a fuga era uma prioridade para o fotógrafo ou, pelo menos, o desejo da não revelação do segredo e seus tremendos artefactos, quando as fotos eram "oficiais".
Um Soko Jastreb, versão monolugar, capaz de transportar armamento ligeiro e equipada, como se vê, com 3 metralhadores de 12,7mm no nariz do avião.
Mas o que importa nesta crónica é mais o imaginário sensível e pronunciável da designação “Soko Jastreb” ou “Soko Galeb”, tão ousadas, digamos, relativamente ao léxico de aeronaves ocidentais e outras do "lado de lá" que preenchiam os espaços do nosso interesse pelos aviões.
Assim em traços gerais, a irmandade “Soko” consistia numa aeronave a jato, de treino e ataque ligeiro, capaz de voar a pouco mais de 800 km/h, com uma razão de subida a situar-se nos 21 m/s, teto máximo de operação a 12 mil metros e com uma raio de ação de pouco mais de 1500 km.
Passado este tempo e descansado que está o conhecimento sobre a aeronave, percebe-se que o tempo faz sempre o seu caminho e os relógios, só saltam se os atirarmos ao chão, cientes do seu fim próximo.
Tal como os aviões.
Texto: ©AL/Pássaro de Ferro
2 Comentários:
Belo texto Luís! Que forma de escrever sublime. Ainda bem que o Pássaro de Ferro voltou para os nossos ares.
Grande Abraço!
Obrigado, Junio!
É pouco, mas tento que seja (sempre) bom!
Abraço.
AL
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