Voo rasante de um Su-24 russo a um vaso de guerra norte-americano.
Basta fazer correr as páginas das redes sociais e de informação - com as cautelas que se recomendam na voragem por vezes pouco cerebral dos dias atuais - para perceber que nos últimos tempos tem aumentado o número de incidentes entre aeronaves dos dois "blocos", se é que (ainda?) se pode dizer isso.
Se aqui há alguns anos, não muitos, os incidentes se reportavam a aparições de aeronaves russas em zonas demasiado "próximas" de nós (ocidentais) e que foram amplamente noticiadas até aqui em Portugal, agora a "fenomenologia" verifica-se com o protagonismo intrusivo alternado, ora russos a rasar navios americanos, ora aviões americanos demasiado próximos de lugares catalogados e por isso, intercetados à escola Top Gun, por caças russos, em estilo provocador ou então provando à cinefilia ianque que também do lado de lá da antiga cortina de ferro, pilotos artistas há.
A tensão sempre existiu, é sabido, mas tem-se adensado, fazendo com que uma espécie de nova "guerra fria" seja lembrada quase diariamente. Ou então são as redes noticiosas e sociais, que funcionam ao segundo e que tem horror ao vazio, que estão a fazer a excitação que se nota por baixo do tecido do tempo.
E claro, tudo isto se passa nas barbas da Europa, essa distraída com as suas estruturas económicas, a Comissão Europeia a decidir sobre os destinos comuns, descurando a sua própria defesa, os governos de orelhas a arder pelo (in)cumprimento cego dos défices, a salvar bancos afogando milhões de euros e limpando a cara dos respetivos e incompetentes caciques, etc., enquanto o mundo pula e avança e grupos radicais nos rebentam bombas aos pés.
Para provar que a História se repete, é preciso vir o arauto Obama do lado de lá da banheira atlântica, explicar à bonacheira Europa que é preciso olhar mais para a defesa e, por muito que doa, destinar-lhe mais alguns trocos, em vez de tentar salvar quem anda a cavar a sua própria cova e a dos paisanos incautos.
É fácil dizer que tudo o que é gasto em armas é mal gasto, que há fome, que há miséria - fora e dentro da Europa - mas o que é facto é que o mundo - realmente - é um local perigoso, não raras vezes com má frequência e, portanto, a defesa de valores e princípios que foram conquistados com anterior sangue, suor e lágrimas, tem de ser feita, na pior das hipóteses com... sangue, suor e lágrimas...
As coisas, tendo mudado, sim, não mudaram contudo defenitiva e radicalmente a natureza humana e por causa disso, muita sabedoria de séculos não se risca por decreto em meia dúzia de anos, por mais conforto económico que pareça existir.
"Se queres a paz, prepara-te para a guerra!"
Texto: António Luís/Pássaro de Ferro