O engenho apanhado nas redes do pesqueiro "Mal Salgado" Foto:Marinha Portuguesa |
Uma embarcação pesqueira da Nazaré trouxe esta segunda-feira uma surpresa nas redes. Uma bomba militar.
Apesar de se estar a atravessar o período carnavalesco, a bomba não era a brincar, motivo pelo qual o porto da Nazaré foi isolado num raio de 300m.
O engenho encontrava-se em "elevado estado de corrosão", razão para cuidados redobrados, de modo a não despoletar inadvertidamente a sua carga explosiva.
Segundo o capitão do porto da Nazaré, Lourenço Gorricho, tratar-se-ia de "uma bomba semelhante às usadas pela aviação", tipo Mk.82, contendo 202 Kg de explosivo H6, equivalente a 600 Kg de TNT.
Bombas Mk.82 Snakeye de queda retardada com sistema aberto accionado na queda (esq.) e fechado (dir) |
Observando o engenho com atenção, parece de facto tratar-se de uma Snakeye Mk.82, devido à forma da parte posterior, onde engataria o sistema de retardamento de queda. Não deverá trata-se de uma bomba da II Guerra Mundial, como chegou a ser ventilado.
Estas bombas servem principalmente para bombardeamento a baixa altitude e foram extensivamente utilizadas principalmente pelos A-7P em Portugal, nesse tipo de missão. Embora conste ainda do arsenal do F-16, caiu algo em desuso devido à preferência por munições e tácticas alternativas para o mesmo tipo de objectivos marítimos.
A sua procedência e idade não são certas contudo, devido à ausência de qualquer marcação que a identificasse positivamente, embora o estado de corrosão sugira poder ser de facto da época do A-7P Corsair II, ou até do Fiat G.91 e Alpha Jet, que igualmente utilizaram o mesmo tipo de bomba.
Outra possibilidade ainda, a não colocar de lado, é o P-3, que possui na sua panóplia quer as Snakeye Mk.82, quer a mina Mk.36, que não é mais do que uma Mk.82 modificada.
Mergulhadores da Marinha Portuguesa nos trabalhos preparatórios da detonação controlada Foto:Marinha Portuguesa |
Segundo informação da Marinha Portuguesa, após a comunicação da embarcação de pesca "Mar Salgado", esta manhã com as autoridades, informando que tinha a bordo um engenho explosivo, foi imediatamente activada, pela autoridade marítima local, a Polícia Marítima que se dirigiu para a área e estabeleceu o perímetro de segurança no porto.
A equipa de mergulhadores da Marinha analisou primeiro à distância, as imagens recolhidas do engenho, de 1,50 a 1,60 mts de comprimento, que pela tipologia aparentava ser uma Mk.82, suspeitando-se por isso do referido poder explosivo equivalente a 600 Kg de TNT.
Entretanto chegada ao local, a equipa de mergulhadores reavaliou a situação e elaborou o plano de acção, que passaria por sair para fora do porto da Nazaré - para uma área com um perímetro de segurança de mil metros, garantidos pela Polícia Marítima, estando também o Instituto de Socorros a Náufragos no local - afundar o engenho explosivo a 20 metros de profundidade e depois proceder à contra-detonação, garantido desta forma a segurança para pessoas e embarcações. De realçar a colaboração do Mestre do arrastão que devido ao peso da bomba prestou-se em transportar para o local onde foi afundada e contra-detonada pelos mergulhadores da Marinha.
A equipa de mergulhadores destacados para a Nazaré, pertencem ao Destacamento de Mergulhadores Sapadores (DMS) Nº1 cujas áreas de actuação são essencialmente:
•Reconhecer e inactivar engenhos explosivos convencionais ou improvisados, na área de responsabilidade da Marinha e em áreas de conflito;
•Realizar acções de vistoria a cais de desembarque e obras-vivas de navios;
•Realizar o reconhecimento táctico de costa;
•Efectuar limpeza de obstáculos ou engenhos explosivos em canais de acesso, praias e locais de desembarque;
•Realizar acções ofensivas e defensivas de sabotagem submarina;
•Colaborar com as entidades responsáveis na repressão de actividades ilícitas;
•Apoiar os serviços de Protecção Civil em situações de catástrofe, calamidade ou acidente;
•Participar em exercícios nacionais e internacionais.