|
Célula de F-16 em testes de resistência estrutural nas instalações da Lockheed Martin Foto: LMCO |
No mesmo dia em que
em Portugal se fala das opções que se colocam à Defesa Nacional, para a substituição do sistema de armas F-16,
a Lockheed Martin (fabricante do modelo) divulga em comunicado de imprensa, a intenção da Força Aérea dos EUA (USAF) em ampliar o ciclo de vida da sua frota F-16, das 8000 horas de voo actuais, para as 12.000.
A dar razão ao documento de 2016 da Lei de Programação Militar referido no DN, que aponta a aquisição de caças de 5ª Geração como demasiado onerosa, relativamente ao "potencial de exploração ainda existente [na frota F-16 nacional]", está agora esta decisão da USAF, em ampliar a vida útil da sua frota de cerca de 300 células de F-16 em 50% da vida útil e até ao ano-horizonte de 2048.
Segundo pode ler-se no comunicado da Lockheed Martin (LMCO), "este feito [extensão de vida das células F-16 em 50%] é o resultado de sete anos de testes, desenvolvimento, projecto, análise e parceria entre a USAF e a Lockheed Martin". Segundo Susan Ouzts, vice-presidente da LMCO para o programa F-16, o Service Life Extention Program (SLEP) no qual são realizados os reforços estruturais, que permitem aumentar as horas de voo das células, em conjunto com os programas de modernização de equipamento electrónico como o F-16V, demonstram que "o [F-16] mantém-se uma opção de 4ª Geração altamente capaz e acessível para a USAF e clientes internacionais", ao mesmo tempo que as frotas de combate vão incorporando o F-35 Lightning II.
Ainda relativamente ao artigo de hoje do DN, na verdade o caso português é distinto dos seus congéneres europeus que operam o F-16A/B MLU. Bélgica, Dinamarca, Noruega e Países Baixos, todos têm frotas bastante mais desgastadas que a nacional, em virtude de terem iniciado a sua operação quase uma década e meia antes. Depois, com excepção da Bélgica (que ainda não se decidiu pelo F-35) estes estão empenhados no desenvolvimento do F-35 desde o início, tendo por isso interesses económicos a acautelar, relativos ao envolvimento da sua indústria no programa. Não é, mais uma vez, o caso português.
Depois, há ainda a incógnita, sobre o "prazo de validade" da supremacia do F-35, sobre a qual
falámos no artigo publicado na revista Take-Off Sirius de Fevereiro transacto.
A própria LMCO, que numa primeira fase desinvestiu no F-16, de modo a tornar mais apetecível o F-35, acabou por vir a apresentar novas alternativas para um mercado que, ou não pode, ou não quer comprar o F-35 e onde a concorrência (principalmente o Gripen da Saab, mas também F-18 da Boeing, Rafale da Dassault, Typhoon da Eurofighter) estava a conseguir entrar. Seja através dos kits de modificação F-16V para as células existentes, ou de aeronaves novas no padrão Bloco 70/72, a LMCO promete colocar os sistemas do F-16 totalmente compatíveis com os caças de 5ª Geração e com radar ao mesmo nível.
Apenas a furtividade (stealth) fica de fora. O que a médio prazo poderá até ser irrelevante, se alguns avanços na tecnologia anti-stealth se concretizarem.
Por tudo isto e algo mais, é extremamente provável que o sucessor do F-16 em Portugal seja.... o F-16.