Um dos actuais cinco C-130H Hercules da frota da FAP |
A partir do artigo publicado pelo jornal online "Observador" no dia 19/04/2017, sobre a execução da Lei de Programação Militar no ano de 2016, é possível ficar a saber o ponto de situação relativamente a duas das frotas da Força Aérea Portuguesa (FAP): C-130 e Alouette III.
A frota de aviões de transporte C-130H Hercules está identificada já há vários anos como necessitando de modernizações urgentes, nomeadamente ao nível do sistema de comunicações e navegação, que lhe permitam circular no espaço aéreo europeu sem restrições. Segundo o artigo do Observador, citando fonte do Ministério da Defesa (MDN), o programa sofreu um atraso de cerca de seis meses devido às negociações com os EUA, uma vez que “trata-se de um contrato Estado a Estado, através do mecanismo Foreign Military Sales (FMS)”. Os atrasos terão estado relacionados com a “mudança de gestor de projceto FMS nos EUA e da complexidade das negociações entre os diferentes intervenientes, nomeadamente com a OGMA [NR: que deverá executar os trabalhos]. Ainda segundo a mesma fonte do MDN, o contrato deverá ser assinado dentro dos "próximos meses de Maio e Junho".
De notar que, devido ao acidente com perda total da célula n/c 16804 em Julho de 2016 e ao 16802 estar imobilizado na Base Aérea nº 6 há já longo tempo, com danos estruturais profundos, da frota de seis aeronaves, apenas quatro serão submetidos aos trabalhos de modernização.
Os últimos SE-3160 Alouette III operacionais na FAP |
Já relativamente à frota de helicópteros SE-3160 Alouette III, cuja autorização para aquisição de substituto foi emitida recentemente, segundo o mesmo artigo citando o MDN “a necessidade de dotar o helicóptero ligeiro de valências de duplo uso, designadamente no que respeita à sua participação no dispositivo de combate a incêndios florestais como se pretende, obrigou a redefinir os requisitos do projecto”. Essa capacidade “implicou algum atraso no lançamento do procedimento; contudo, está a decorrer já neste momento a fase de consulta a fornecedores e o atraso não comprometerá a substituição do Allouette III no prazo previsto”.
Sobre a frota Alpha Jet, de treino avançado de pilotos de caça e com desactivação prevista para 1 de Fevereiro de 2018, parece não haver ainda desenvolvimentos.
5 Comentários:
A falta de uma politica realmente voltada para "irmanar" Brasil e Portugal é evidente nessa necessidade da FAP, os C-130 e os helicópteros poderiam e podem ter seus substitutos fornecidos pelo Brasil por exemplo. Oras, se o BNDES financiou CUBA poderia muito bem financiar essas aquisições pela FAB também.
Prezado Galvam, as parcerias entre Portugal e a FAB/indústria brasileira têm sido cada vez mais constantes e incentivadas nos últimos anos. A modernização dos C-130 é uma solução temporária que tem em vista manter a frota em condições operacionais até uma solução definitiva, que tudo indica venha a ser o KC-390.
Quanto aos helicópteros, apesar de teoricamente poderem também ser fornecidos pela indústria brasileira, existem "contas em aberto" com a indústria europeia, que podem fazer inclinar a escolha para este lado do Atlântico.
Cumprimentos.
Em abono da verdade, há coisas que escapam ao elementar raciocínio. Questão de contas ou de estratégia nacional ? Este país é pequeno na dimensão (geográfica e económica), mas grande na ambição. Por vezes, faz-me lembrar que muitos dos que alcançam o "mando", parece que pretendem recuar à grandeza dos Descobrimentos (500 anos antes). Sendo como somos no mundo de hoje, penso que seria mais prudente manter, conservar e valorizar tudo o que temos. Lembrando um comentário anterior, agora que temos entre nós uma das três maiores empresas mundiais de aeronáutica (Embraer) seria de bom tom uma sólida parceria no melhoramento das nossas aeronaves - principalmente militares. Não sou dirigente de nada, nem militar. Mas tenho opinião como cidadão.
Paulo Mata realmente foi muito esclarecedor. E retificando eu citei FAB mas quis dizer FAP! Leio agora estarrecido no blog:http://www.aereo.jor.br/2017/04/26/bulgaria-seleciona-o-caca-saab-gripen/, que a oferta portuguesa a Bulgária foi preterida por causa de um conto-de-vigário, um verdadeiro estelionato, que os suecos já fizeram com o Brasil! Venderam aos coitados um avião que não existe e pelo jeito tão cedo não voará ou será fabricado! Veja que o Kc-390 começou a ser construído recentemente e já tem três protótipos! Dois voando pelo mundo todo, um em apronto final e já vai fazer o primeiro voo, e um quarto exemplar definitivo já com de 60% construído aguardando asas e motores que será entregue a FAB em Janeiro de 2018! Seria melhor o Brasil trocar esses F-16's portugueses por KC-390's se quisermos ter um vetor de defesa aéreo decente no Brasil!
Caro Herberto, não há nada no programa de reequipamento de que se fala aqui, que seja minimamente megalómano, trata-se tudo de garantir os mínimos.
Os Alouette vão deixar de ser certificados pelo próprio fabricante, pelo que a sua substituição é inevitável. A compra aprovada de 5 helis para os substituir, será até eventualmente curta, devido às funções no combate a incêndios, agora pretendidas para a mesma frota. As "contas abertas" com material europeu de que falava, podem ser a participação portuguesa no NH90 (no qual se investiu dinheiro e desistiu do projecto) e que podem agora servir de "crédito" para novos helicópteros, inviabilizando por isso a compra a outros fabricantes.
Já a frota C-130 está com 40 anos (excepto uma célula que tem 25) e apresenta limitações consideráveis em vários aspectos. A modernização tem em vista garantir a sua operacionalidade até ser feita a escolha da aeronave que a possa substituir em definitivo. Tudo indica que venha a ser o KC-390 (até pela participação nacional no projecto) mas desde que os requisitos técnicos estabelecidos pela FAP sejam garantidos.
Cumprimentos.
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