Formação mista de Gripen e F-16 |
Não se trata de uma luta nos céus, mas sim na "secretaria".
F-16 e Gripen vêm-se confrontando nos últimos concursos para aquisição de caças, em vários países à volta do globo.
Acresce que, com a gradual obsolescência das frotas de caças de origem soviética, agravada pelo resfriar das relações com a Rússia, devido à anexação da Crimeia em 2014, vários países do antigo Bloco Leste europeu, vêm solicitando soluções no mercado para substituir os seus MiGs.
E se, tal como escrevemos antes, numa primeira fase o F-16 terá perdido algum terreno para o caça de origem sueca, muito devido ao desinvestimento da Lockheed Martin na plataforma de armas F-16 em favor do novel F-35, o gigante estadunidense do armamento corrigiu mais tarde a mão e começou a apresentar versões modernizadas do F-16, como uma solução mais económica, direccionada aos países que não estejam interessados ou não possam "embarcar no comboio" do F-35.
Os últimos exemplos da rivalidade que referimos, são a Croácia e a Eslováquia.
MiG-21bisD da FA Croata Foto: Tomislav Haraminčić/Wikimedia |
O primeiro país, saído do desmembramento da antiga Jugoslávia, opera uma dúzia de MiG-21, que apesar de recentemente terem sofrido algumas modernizações realizadas na Ucrânia, destinadas principalmente à compatiblização com os sistemas de navegação/comunicação da NATO, têm estado envolvidos em polémica. É que cinco dos doze MiG-21 modernizados que foram incorporados na Arma Aérea do país do Adriático, estavam armazenados em Odessa, alegadamente pertencentes a uma encomenda cancelada pelo Iemen. Uma investigação contudo está a ser conduzida para determinar ao certo de que células se trata, dado que os números de série terão sido adulterados, sendo na verdade os cinco MiG-21 ex-búlgaros.
Por todas esta razão e as já enunciadas, o Governo de Zagreb está por isso interessado em renovar a frota de caças do país, tendo realizado em Julho passado, um pedido de propostas à Suécia, EUA, Coreia do Sul, Grécia e Israel.
Destes cinco países, surpreendentemente a Coreia do Sul não avançou com o seu KAI AT-50, resumindo-se as propostas abertas na semana transacta, a EUA, Israel e Grécia com F-16 em segunda mão e a Suécia com o Gripen. Segundo o ministro da Defesa croata, uma decisão será tomada dentro dos dois próximos meses, tendo em conta "para além das características e capacidades das aeronaves, (...) três parâmetros: contrato intergovernamental, preço e pacote de cooperação económico-financeiro".
MiG-29 eslovaco |
Embora reconhecendo que retardar a decisão prolongará a dependência de material russo, o ministro da Defesa de Bratislava, Peter Gadjos justificou o adiamento com a necessidade de equilibrar os gastos da Defesa entre Força Aérea e Exército, igualmente necessitado de renovar equipamento. A opinião local é contudo, que o Gripen terá ascendente sobre o F-16, uma vez que os vizinhos República Checa e Hungria já utilizam o modelo, propiciando por isso a uma uniformização de frotas na região.
Em "banho-maria" está ainda a decisão da Bulgária em adquirir oito unidades de um novo modelo que substitua os seus MiG-29, num processo que já esteve decidido em favor do caça sueco, mas que seria revertido pelo novo Governo de Sófia, alegando que o anterior Governo interino que tomou a decisão, não tinha competências para o fazer. De recordar que Portugal é um dos países que apresentou proposta neste concurso, contemplando F-16 vindos dos EUA em segunda mão, a modernizar em solo luso. Concorreu ainda a Itália com Eurofighter Typhoon igualmente em segunda mão.
Fontes não-oficiais dizem esperar-se uma decisão final até ao fim do corrente ano de 2017.
Num outro segmento de marcado, o das empresas particulares que fornecem serviços de treino de combate aéreo, o F-16 estará em fase de aquisição por duas conhecidas empresas do ramo (Discovery Air Defence e TacAir), de modo a proporcionar ameaças credíveis para os caças de 5ª Geração.
A Saab entretanto, pretende intrometer-se neste nicho de mercado com uma versão adaptada do Gripen C (com algumas melhorias da versão E), conforme revelou o seu chefe de Vendas e Marketing Richard Smith, na feira de equipamentos de Defesa DSEI em Londres, em Setembro passado. Apesar de se falar já no interesse da ASDOT (britânica) e AdAir (americana) no Gripen Aggressor, não está claro se esta solução pretende aproveitar células provenientes do mercado de segunda-mão (a Suécia irá trocar a totalidade da sua frota de Gripen C/D por novos E/F nos próximos anos), ou se estará limitada a células novas construídas de raiz nesta nova configuração.
A Grécia foi um dos países a apresentar proposta à Croácia para a venda de F-16 Bloco 30. Em fundo a cauda de um Gripen checo |
F-16 e Gripen têm por isso muitos duelos pela frente, apesar de estarem normalmente do "mesmo lado das trincheiras".
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