C-130 da FAP em 1994 em demonstração do kit MAFFS de combate a incêndios |
Durante o debate do Orçamento de Estado de 2018 o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, informou que além da aquisição dos aviões de transporte KC-390 (com capacidade complementar para o combate a incêndios com calda retardante e água), está em estudo a possibilidade de manter a voar a actual frota C-130 - que está previsto ser substituída pelos KC-390 nas principais funções que desempenha actualmente na FAP - para ser usada no combate a incêndios.
O titular da pasta da Defesa adiantou que foi remetido o pedido "price and availability" à Força Aérea dos EUA, após concluídas as especificações técnicas, para a "modernização de cinco dos seis C-130" [NR: Um C-130 perdeu-se em acidente em Julho de 2016], de modo a prolongar o seu potencial de vida para além de 2025. A informação sobre o processo de MLU (mid-life upgrade) estará já em condições de poder ser submetida a decisão. Esta decisão terá em conta não apenas a intenção de usar as aeronaves para o combate a incêndios, mas também a expectativa da futura frota KC-390 estar operacional apenas em 2021.
Ainda a respeito do Orçamento de Estado para o sector da Defesa, o secretário de Estado da Defesa esclareceu que não está previsto a FAP realizar operações de combate directo a incêndios para 2018, dado que "é preciso ter consciência de que a capacidade de operação não se monta de um ano para o outro" e portanto para 2018 " a capacidade de operação não terá tradução orçamental".
Marcos Perestrelo admitiu contudo estar em avaliação "o tipo de operação que a Força Aérea poderá fazer na gestão centralizada e nas operações de comando e controlo" já para o próximo ano. Este tipo de participação já poderá implicar reforço de verbas "que terão de ser avaliadas a tempo de ter tradução orçamental" para 2018.
Relativamente aos helicópteros ligeiros de combate a incêndios pertencentes ao Estado (três AS350 Ecureuil), informou que a operação dos mesmos está contratada a privados até ao final da época de incêndios de 2018.
Não foi no entanto mencionado o destino da frota de Kamov Ka-32, também pertencente do Estado, concessionada a privados até 2019, em condições de operacionalidade limitada a três helicópteros, estando dois parados à espera de reparação e um acidentado sem possibilidade de recuperação.
A operação deste tipo de helicóptero pesado tem estado envolta em polémicas de vária ordem desde que foi adquirida em 2006, mormente no que respeita aos custos e problemas da manutenção.
A Força Aérea terá recusado em 2016 assumir a operação desta frota, sem o necessário reforço de meios humanos e materiais correspondente.
Oito helicópteros SA-330 Puma retirados do serviço operacional na FAP em 2010, estão também parados desde então, à espera de novo dono. Várias vezes têm sido falados como passíveis de ser reaproveitados para o combate a incêndios - pelo menos quatro a seis células em melhores condições - mas nunca uma decisão seria tomada no sentido de os reaproveitar para esse fim.
Em processo de aquisição estão cinco a sete helicópteros ligeiros para a FAP, que estão descritos virem a ter como missão secundária o combate a incêndios. A avaliação das propostas apresentadas pela Airbus Helicopters e Leonardo estava prevista terminar a 31 de Outubro. Contudo, face aos trágicos acontecimentos do mesmo mês e à evidência das vantagens do Estado possuir meios próprios de combate durante todo o ano, chegou a ser ventilada a hipótese deste concurso ser alterado, de modo a contemplar mais unidades. Oficialmente contudo, nada foi assumido oficialmente acerca do tema.
De fora do debate, ficaram ainda (e mais uma vez) meios anfíbios pesados, vulgarmente conhecidos como Canadair, consensualmente os mais eficientes e adaptados às características do nosso país. Normalmente duas a quatro unidades são alugadas para a época de incêndios, ficando a depender de países terceiros, sempre que é necessário reforço, que quase sempre ocorre tarde e com os gastos obviamente inerentes.
Finalmente, e apesar de ser irrealista começar em 2018 a empenhar a Força Aérea no combate directo a incêndio, ficou por estabelecer um prazo para a efectivação dessa promessa e tratar também a problemática dos meios humanos necessários para esse fim.
É certo que tempo poderá ainda ser curto, desde o anúncio da intenção de tornar a Força Aérea na principal entidade gestora dos meios aéreos de combate a incêndios, para ter elaborado um plano consistente, que defina todos os pontos em aberto, que permita ter uma estrutura eficaz, operacional e sustentável, no combate aos incêndios.
Mas espera-se que não suceda como em todas as promessas dos sucessivos Governos nas últimas décadas.
A gravidade das tragédias deste ano e a consciência de todos nós assim o exigem.
5 Comentários:
Que tal um esquadrão de aeronaves agrícolas EMBRAER/NEIVA Mod.203? Custam cerca de R$ 1.600.000,00 cada uma, voam com etanol inclusive! https://youtu.be/QIbkpHTB8t8
P.S. O Iêmen usa aeronave semelhante como caça anti-guerrilha!http://www.cavok.com.br/blog/iemen-lanca-seus-at-802-em-ataques-aereos/
Esse tipo de aeronaves já foi utilizado em Portugal mas depois quase abandonado, por se ter verificado ser pouco eficiente nas características do território português. Nomeadamente a dificuldade de ter pistas próximas do local de incêndio, com sistema de abastecimento de água eficiente, levaram à sua substituição gradual pelo "Fireboss", versão anfíbia do mesmo tipo de aeronave.
O Etanol não é utilizado como combustível em Portugal. Cumprimentos
Havendo o aproveitamento dos C-130 H da FAP que, requer a utilização dos Kits MAFFS, (há época 2 Kits), estes já não certificados por não ter havido a continuidade da sua manutenção, qual ou quais os sistemas que poderão vir a ser adquiridos para que as aeronaves em questão possam efectuar tais missões?
Júlio Pereira
Os dois kits MAFFS que foram utilizados pela FAP nos anos 80 e 90 foram vendidos como sucata algures nos primeiros anos da década de 2000. Teriam que ser adquiridos novos kits. Os actuais MAFFS II são totalmente compatíveis com os modelos H e J.
Primeira vez k aqui comento algo uma achega para o ministro da defesa c 130 allouettes ou ate mesmo os puma certamente numa primeira fase ou fase embrionaria ao combate aos incendios ate que cheguem os kc 390 e os novos helicopteros deixo aqui alguns conselhos ...ja que contencao e ordem antes do combate existe prevencao....ou seja capacitar nossas forcas armadas para este flagelo e o primeiro passo..temos mao de obra temos meios temos condicoes nao temos e investimento pois recorre se aos privados...
Os bombeiros teem de ter mais meios ..melhor formacao...temos de responsabilizar os propriatarios de grandes areas de floresta que maioria esta ao abandono...nao teem equipas de prevencao ....nao investem em equipas de ronda movel...ai o estado devia de dar icentivos....apoiar ...relativamente as forcas armadas ....teem meios a disposicao...colocar no campo fazer patrulhas principalmente na epoca alta...a forca aerea aqui atraves de seus meios poderiam fazer a diferenca ....cooperacao cooperacao e o k se pede...sr ministro....ha e mao dura ...
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