F-16 portugueses (esq) e romenos (dir) na base aérea de Monte Real |
No seguimento da notícia que aqui divulgámos na passada segunda-feira 16 de Julho, dando conta do interesse romeno em adquirir mais F-16 portugueses, ficou a dúvida sobre a proveniência das células a alienar.
Em resposta à Agência Lusa, o Ministério da Defesa confirmou esta quinta-feira a venda à Roménia, tendo adiantado que as aeronaves sairão do "inventário nacional", sendo posteriormente repostas por outras adquiridas aos EUA: "Tal como no programa anterior, as aeronaves a alienar fazem parte do inventário nacional, sendo repostas por aeronaves adquiridas aos EUA que são sujeitas a um programa de atualização, `Mid-Life Upgrade´, conduzido pela Força Aérea Portuguesa e pela Indústria de Defesa Nacional".
Em resposta ao pedido de informação realizado pela Roménia, o ministro da Defesa Azeredo Lopes deu despacho favorável ao processo, tendo a Força Aérea Portuguesa respondido poder ceder "até cinco aeronaves adicionais" [às 12 já alienadas].
O negócio necessita contudo ainda da anuência dos EUA, de onde são oriundos os F-16, mas dado o anterior processo de venda, bem como a parceria também estabelecida com Portugal para similar venda à Bulgária, será de crer não existirem impedimentos desse quadrante. Apesar da Roménia ter feito saber pretender as aeronaves com a maior brevidade possível, a calendarização da venda está, ainda assim, dependente destes aspectos burocráticos a resolver.
Ao contrário do que sucedeu com a primeira encomenda para a Roménia, em que nove aeronaves estavam no mercado como excedentes, a frota em uso na Força Aérea Portuguesa está actualmente reduzida ao número considerado ideal para as necessidades nacionais (30 células). Na verdade está ainda abaixo desse número, dado que as três células adquiridas aos EUA para completar as três dezenas definidas, não foram ainda entregues à FAP pela OGMA, onde se encontram em processo de modernização.
Entre compromissos da NATO (NRF e patrulhamento aéreo de países aliados), patrulhamento aéreo do espaço aéreo nacional e treino de pilotos, o número de aviões disponíveis é por isso exíguo. Se retirarmos ainda os aviões em manutenção e o baixo número de mecânicos de material aéreo para lhes fazer face, este número é ainda menor. Qualquer alienação pode implicar por isso, uma redução da capacidade operacional da Arma Aérea nacional.
Apesar do comunicado do Ministério da Defesa referir que os aviões de reposição serão sujeitos ao programa Mid Life Upgrade (MLU), será também de questionar esta lógica, de continuar um programa que está em final de vida, quando existe já o padrão V, que torna as aeronaves compatíveis com caças de última geração e a par com a tecnologia "state of the art" dos aliados.
Esperamos para ver se há capacidade política para transformar numa oportunidade de modernização, aquilo que à partida parece ser apenas mais uma delapidação da capacidade de defesa nacional.
Nunca mais o vemos.
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