Foto dos destroços do Mirage F.1ED abatido hoje 7/5/2019 |
A notícia já não é nova, mas teve hoje novos desenvolvimentos, com o abate de um piloto alegadamente de nacionalidade portuguesa, na Líbia.
Já em Junho de 2016 pereceu na Líbia um piloto de nacionalidade portuguesa, a bordo de um Mirage F.1ED, ao serviço do GNA (Government of National Accord - Governo de Acordo Nacional), abatido por fogo "amigo" ou devido a avaria na aeronave.
Este indivíduo, de confirmada nacionalidade portuguesa, nunca terá sido piloto militar em Portugal, tendo recebido treino para voar o Mirage F.1 na Academia em Misrata, na Líbia, apesar do seu background ser em aviões a hélice de recreio e combate a incêndios.
Segundo Arnaud Delalande, reputado analista de assuntos militares do Médio Oriente e Norte de África, múltiplos pilotos e mecânicos de várias nacionalidades frequentaram a Academia em Misrata, com vista a operarem os poucos aviões de combate do GNA.
For those who are interested by the story of the recruitment of foreign airmen for the Misrata Air Academy, read my insight published 2 years ago for @MiddleEastEye https://t.co/CdQxnrC1Rc— Arnaud Delalande (@Arn_Del) 7 de maio de 2019
Hoje, 7 de Maio de 2019, novamente um Mirage F.1 foi abatido, desta vez por forças do Exército Nacional Líbio (LNA) sobre al-Hirah a Sul de Tripoli, tendo o piloto conseguido ejectar-se com sucesso.
O local do despenhamento do Mirage F.1 do GNA |
O equipamento da cadeira ejectável e pára-quedas já num veículo do LNA |
Vídeos veiculados na rede social Twitter mostram o piloto (chamamos a atenção para o facto das ligações terem imagens eventualmente chocantes), escassos momentos depois de tocar o solo, rodeado por elementos do LNA, que o transportaram e interrogaram em inglês acerca da sua nacionalidade, ao que respondeu ser portuguesa.
Após receber assistência médica prestada pelo LNA, terá apresentado documentação comprovativa da identidade portuguesa, sendo o nome contudo, aparentemente de origem anglo-saxónica.
O individuo comprovadamente não tem ou - tanto quanto se sabe - sequer teve, qualquer ligação com as Forças Armadas Portuguesas e mesmo a autenticidade da sua cidadania portuguesa é questionada.
O fardamento não é também coerente com os fardamentos conhecidos em uso pelos pilotos do GNA, a que alega pertencer.
Dado que o LNA também opera Mirage F.1 (pelo menos o de matrícula 402 e talvez também o 515), da ex-Força Aérea Líbia, poderá dar-se o caso de se tratar de mais um incidente de abate por "fogo amigo", mas desta vez do LNA aos próprios aviões, dado que comprovadamente operavam pelo menos dois Mirage F.1AD na altura.
O piloto já depois de receber assistência médica |
O LNA reclamou ainda o abate de outro Mirage F.1 no passado dia 23 de Abril de 2019, tendo já na altura levantado algumas dúvidas se de facto pertenceria ao GNA ou se os destroços seriam de um avião próprio, com número de cauda 402. O porta-voz do LNA apresentou então um vídeo comprovativo de que o Mirage de matrícula 402 se encontrava ainda operacional, alegando que o avião abatido seria o 403, ao serviço do GNA. Não foram contudo mostradas imagens do piloto do avião abatido, apesar de terem revelado o seu nome, correspondente ao piloto instrutor principal de Mirage F.1 do GNA, de nacionalidade equatoriana.
Wreckage of #GNA air force Mirage F1 fighter jets which was downed by #LNA air defenses in #AlJafra #Libya pic.twitter.com/lyQj0VL7Pz— Mohamed Mansour 🇪🇬 (@Mansourtalk) 23 de abril de 2019
Em 2016 o GNA apenas possuía dois Mirage F.1ED operacionais (n/c 502 e 508), os mesmos que tinham regressado de Malta, para onde desertaram durante a guerra em 2011, por os pilotos se recusarem a bombardear alvos civis.
Há informações, de que entretanto, um número reduzido de Mirage F.1 armazenados, também pertencentes à ex-Força Aérea Líbia, teria sido colocado em condições operacionais (talvez o 403 e 407), ao serviço do GNA.
Com todas estas informações e contra-informações é muito difícil, de momento, saber exactamente quantos aviões cada uma das partes terá no activo, bem como quais foram abatidos por quem.
A identidade do piloto capturado a 7/5/2019 continua também a ser um mistério, bem como qual das facções estaria a servir quando foi abatido. A forma como foi invulgarmente bem tratado pelos alegados inimigos (foi inclusivamente divulgada uma foto do piloto a descansar após ter sido socorrido), parecem sugerir algum tipo de encenação.
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