O sensor FLIR vigilância do C295M da FAP debaixo do nariz da aeronave |
Apesar de não ter meios de asas rotativas disponíveis para poder reforçar a missão na República Centro Africana, Portugal irá aumentar o contingente na missão das Nações Unidas no Mali (MINUSMA), com 70 militares e um avião C295M, a partir de Maio, e até Outubro de 2020.
A revelação foi feita pelo ministro da Defesa João Gomes Cravinho na sexta-feira, 17 de Janeiro, em Paris, onde esteve numa conferência com a sua homóloga francesa Florence Parly, com quem se encontrou depois, em reunião bilateral.
"A partir de maio e até outubro teremos mais cerca de 70 portugueses da Força Aérea, que estarão lá [no Mali] com a aeronave C295, que é muito competente para a recolha de informações, equipada de muitos sensores que permite desenvolver uma visão integrada e completa num espaço imenso" referiu o governante, complementando ainda que esse contingente poderá ser aumentado em 2021, para depois prosseguir: "É absolutamente fundamental estarmos presentes no Sahel. Não podemos deixar que a degradação da situação securitária no Sahel continue, porque o resultado terá um impacto na Europa. (...) Seria uma irresponsabilidade virarmos costas. (...) É uma área em que tenho colaborado com a minha colega francesa e espanhola, na tentativa de sensibilizar os outros países europeus, quantos às necessidades de fazer face aos desafios no Sahel" rematou.
Portugal tem actualmente 19 militares no Mali, 17 integrados na missão de Treino da União Europeia e dois na missão integrada das Nações Unidas, de estabilização do país.
A Força Aérea Portuguesa dispõe de uma frota de doze C295M em três versões diferentes: PG01, 02 e 03. Sendo a versão PG01 a básica de transporte (aeronaves 16701 a 07), a aeronave a destacar no Mali deverá ser do modelo PG02 (n/c 16708 a 10) ou PG03 (16711 e 12), uma vez que se trata dos modelos com capacidades ampliadas em termos de sensores de vigilância. Todas as versões contudo, possuem, ou podem ser equipadas com meios de defesa electrónica adicionais, para fazer face às ameaças que poderão encontrar durante o destacamento.
O Mali e os países do Sahel estão numa situação de deterioração da segurança preocupante para comunidade internacional. Segundo a ONU, mais de 4000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 no Burkina Fasso, Mali e Níger, onde os jihadistas têm intensificado as acções. O número de pessoas deslocadas aumentou 10 vezes, aproximando-se já de um milhão. Esta instabilidade na região, aliada à situação na Líbia, ameaça aumentar o número de migrantes, que tentam entrar ilegalmente na União Europeia através do Mediterrâneo, com todas as consequências sociais e humanitárias que o fenómeno acarreta. Portugal tem participado aliás assiduamente, tanto com meios aéreos (C295M e P-3C Cup+) como marítimos, também na vigilância do Mediterrâneo, contra o tráfico humano e outras operações ilegais.
Apesar de no passado dia 13, o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado o envio de mais 220 soldados para o Sahel, para fortalecer a força militar francesa na Operação Barkhane, os EUA no sentido inverso, admitiram reduzir a sua presença militar em África, o que pode colocar em risco a situação, na luta contra os grupos jihadistas.
A Esquadra 502, que opera o C295M na Força Aérea Portuguesa, já anteriormente esteve destacada no Mali, tal como o Pássaro de Ferro então deu conta, em artigo publicado na revista Sirius.
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