quarta-feira, 1 de abril de 2020

PORTA-AVIÕES USS THEODORE ROOSEVELT TOMADO PELA COVID-19 [M2113 – 31/2020]

Porta-aviões USS Theodore Roosevelt em Guam        Foto: US Navy/Deleon Guerrero

O comandante do porta-aviões da US Navy USS Theodore Roosevelt solicitou àquele ramo das Forças Armadas dos EUA para intensificar a resposta ao surto de COVID-19 que atingiu o navio, e garantir isolamento individualizado para a tripulação, à medida que os casos a bordo continuam a multiplicar-se, de acordo com um novo relatório divulgado.

Enquanto a maioria da tripulação do Roosevelt permanece em locais exíguos a bordo do porta-aviões, uma pequena percentagem de marinheiros está a ser mudada para locais de quarentena em Guam, onde se encontra atracado, para limitar a propagação do vírus. Os esforços actuais para combater a COVID-19 são no entanto ainda inadequados, de acordo com o comandante do Roosevelt, Capitão-de-mar-e-guerra Brett Crozier.

Crozier argumentou que os locais de quarentena do grupo apenas podem atrasar a disseminação da COVID-19, numa carta enviada no dia 30 de Março, à qual o jornal San Francisco Chronicle teve acesso. Da mesma forma, apontou que os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) e o Centro de Saúde Pública da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais desaconselham a quarentena de grupo e, em vez disso, sugerem quarentena individual.

Capitão-de-mar-e-guerra Brett Crozier na tomada de posse do comando do USS Roosevelt   Foto: US Navy/Sean Lynch

"Os marinheiros não precisam de morrer", escreveu Crozier na carta. "Se não agirmos agora, não conseguiremos cuidar adequadamente do nosso activo mais leal - os nossos marinheiros." Crozier disse que a situação seria diferente em tempo de conflito, porque "em combate, estamos dispostos a assumir certos riscos, que não são aceitáveis ​​em tempos de paz. (...) No entanto, não estamos em guerra e, portanto, não podemos permitir que um único marinheiro pereça como resultado dessa pandemia, desnecessariamente", escreveu Crozier. "Agora é necessária uma acção decisiva para cumprir as orientações do CDC e da Marinha e evitar resultados trágicos."

O USS Theodore Roosevelt é um dos dois porta-aviões da US Navy no Pacífico      Foto: US Navy/Austin Clayton
A Marinha informou pela primeira vez a 24 de Março que três marinheiros a bordo do USS Theodore Roosevelt haviam testado positivo a COVID-19, tal como o Pássaro de Ferro oportunamente noticiou. Entretanto, no dia 30 de Março era admitido que haveria 40 marinheiros com teste positivo ao vírus da COVID-19, embora esse número pudesse ser muito maior. Segundo um oficial anónimo do Roosevelt, poderia chegar já aos 200 marinheiros infectados.

De acordo com Crozier, há duas opções a seguir: admitir que o navio continuará com casos de COVID-19 e "ir para o combate doentes", ou seguir estritamente as directrizes do CDC para eliminar o surto de COVID-19 do gigantesco navio.

Segundo a proposta de Crozier, aproximadamente 10% da tripulação de Roosevelt permaneceria a bordo para operar o reactor [nuclear] e desinfectar o navio, entre outras tarefas permanentes e essenciais. O resto ficaria isolado, fora do navio.

USS Theodore Roosevelt ao largo de Guam - imagem de arquivo    Foto: US Navy/Kaylianna Genier

Remover a maioria do pessoal de um porta-aviões nuclear dos EUA e isolá-lo por duas semanas pode parecer uma medida extraordinária. (...) É um risco necessário ”, escreveu Crozier. “Manter mais de 4000 homens e mulheres a bordo do Theodore Roosevelt é um risco desnecessário e quebra a fé dos marinheiros, confiados a nossos cuidados.

O Secretário interino da US Navy, Thomas Modley disse que a Marinha "não discorda" de Crozier e observou que a Marinha está a trabalhar para retirar os marinheiros do Roosevelt há dias. Mas o espaço limitado em Guam cria alguns desafios, segundo disse: "O problema é que Guam não tem camas suficientes de momento, pelo que temos que conversar com o Governo local, para ver se podemos conseguir algum espaço de hotel, ou criar algumas instalações do tipo tenda", disse Modly em entrevista à CNN esta terça-feira, 31 de Março.

Da mesma forma, Modly enfatizou o quão detalhado é o processo para garantir que o porta-aviões é desinfectado correctamente: “A chave é garantir que temos um conjunto de tripulantes capazes de gerir todas as funções críticas do navio, garantir que estão saudáveis, colocá-los no navio, desinfectar o navio e retirar todos os outros tripulantes". Disse Modly. “E é esse processo que estamos a realizar. É muito metódico. Estamos a acelerá-lo à medida que avançamos.

Porta-aviões USS Ronald Reagan na baía de Tóquio - imagem de arquivo     Foto: US Navy/Nathan Burke

A Fox News informou na sexta-feira 27 de Março, que o outro porta-aviões da US Navy no Pacífico, o USS Ronald Reagan - actualmente em Tóquio - também registou dois casos de COVID-19, o que dependendo da gravidade do surto neste navio, poderá degenerar numa situação em que os EUA fiquem sem nenhum porta-aviões operacional, numa região do mundo que vem acumulando tensões crescentes, nomeadamente nos mares da China.




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