Porta-aviões USS Theodore Roosevelt em Guam Foto: US Navy/Deleon Guerrero |
O comandante do porta-aviões da US Navy USS Theodore Roosevelt solicitou àquele ramo das Forças Armadas dos EUA para intensificar a resposta ao surto de COVID-19 que atingiu o navio, e garantir isolamento individualizado para a tripulação, à medida que os casos a bordo continuam a multiplicar-se, de acordo com um novo relatório divulgado.
Enquanto a maioria da tripulação do Roosevelt permanece em locais exíguos a bordo do porta-aviões, uma pequena percentagem de marinheiros está a ser mudada para locais de quarentena em Guam, onde se encontra atracado, para limitar a propagação do vírus. Os esforços actuais para combater a COVID-19 são no entanto ainda inadequados, de acordo com o comandante do Roosevelt, Capitão-de-mar-e-guerra Brett Crozier.
Crozier argumentou que os locais de quarentena do grupo apenas podem atrasar a disseminação da COVID-19, numa carta enviada no dia 30 de Março, à qual o jornal San Francisco Chronicle teve acesso. Da mesma forma, apontou que os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) e o Centro de Saúde Pública da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais desaconselham a quarentena de grupo e, em vez disso, sugerem quarentena individual.
Capitão-de-mar-e-guerra Brett Crozier na tomada de posse do comando do USS Roosevelt Foto: US Navy/Sean Lynch |
"Os marinheiros não precisam de morrer", escreveu Crozier na carta. "Se não agirmos agora, não conseguiremos cuidar adequadamente do nosso activo mais leal - os nossos marinheiros." Crozier disse que a situação seria diferente em tempo de conflito, porque "em combate, estamos dispostos a assumir certos riscos, que não são aceitáveis em tempos de paz. (...) No entanto, não estamos em guerra e, portanto, não podemos permitir que um único marinheiro pereça como resultado dessa pandemia, desnecessariamente", escreveu Crozier. "Agora é necessária uma acção decisiva para cumprir as orientações do CDC e da Marinha e evitar resultados trágicos."
O USS Theodore Roosevelt é um dos dois porta-aviões da US Navy no Pacífico Foto: US Navy/Austin Clayton |
De acordo com Crozier, há duas opções a seguir: admitir que o navio continuará com casos de COVID-19 e "ir para o combate doentes", ou seguir estritamente as directrizes do CDC para eliminar o surto de COVID-19 do gigantesco navio.
Segundo a proposta de Crozier, aproximadamente 10% da tripulação de Roosevelt permaneceria a bordo para operar o reactor [nuclear] e desinfectar o navio, entre outras tarefas permanentes e essenciais. O resto ficaria isolado, fora do navio.
USS Theodore Roosevelt ao largo de Guam - imagem de arquivo Foto: US Navy/Kaylianna Genier |
“Remover a maioria do pessoal de um porta-aviões nuclear dos EUA e isolá-lo por duas semanas pode parecer uma medida extraordinária. (...) É um risco necessário ”, escreveu Crozier. “Manter mais de 4000 homens e mulheres a bordo do Theodore Roosevelt é um risco desnecessário e quebra a fé dos marinheiros, confiados a nossos cuidados.”
O Secretário interino da US Navy, Thomas Modley disse que a Marinha "não discorda" de Crozier e observou que a Marinha está a trabalhar para retirar os marinheiros do Roosevelt há dias. Mas o espaço limitado em Guam cria alguns desafios, segundo disse: "O problema é que Guam não tem camas suficientes de momento, pelo que temos que conversar com o Governo local, para ver se podemos conseguir algum espaço de hotel, ou criar algumas instalações do tipo tenda", disse Modly em entrevista à CNN esta terça-feira, 31 de Março.
Da mesma forma, Modly enfatizou o quão detalhado é o processo para garantir que o porta-aviões é desinfectado correctamente: “A chave é garantir que temos um conjunto de tripulantes capazes de gerir todas as funções críticas do navio, garantir que estão saudáveis, colocá-los no navio, desinfectar o navio e retirar todos os outros tripulantes". Disse Modly. “E é esse processo que estamos a realizar. É muito metódico. Estamos a acelerá-lo à medida que avançamos. ”
Porta-aviões USS Ronald Reagan na baía de Tóquio - imagem de arquivo Foto: US Navy/Nathan Burke |
A Fox News informou na sexta-feira 27 de Março, que o outro porta-aviões da US Navy no Pacífico, o USS Ronald Reagan - actualmente em Tóquio - também registou dois casos de COVID-19, o que dependendo da gravidade do surto neste navio, poderá degenerar numa situação em que os EUA fiquem sem nenhum porta-aviões operacional, numa região do mundo que vem acumulando tensões crescentes, nomeadamente nos mares da China.
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